25/12/2017

NATAL COMPLETA 418 ANOS



25/12/2017  Parabéns Natal, pelos seus 418 anos! Fundada em 25 de dezembro de 1599 - NATAL, a Cidade do Sol e do sal; Terra dos Santos Reis; Esquina do Continente; Capital Espacial do Brasil; Trampolim da Vitória ou simplesmente Natal: das dunas, do rio, do mar. A capital do Rio Grande do Norte também tem como símbolo a sugestiva estrela de Belém, formato da Fortaleza dos Reis Magos, que “protege” a cidade, banhada pelas águas do Potengi e do Atlântico, e emoldurada de dunas por todos os lados.







FRATERNIDADE
 
Que me ajude o meu sangue árabe
Que me ajude o meu sangue judaico
Que me ajude o meu sangue europeu
Que me ajude o meu sangue africano
Que me ajude o meu sangue asiático
e aborígine
 
Que me ajudem todos os meus sangues
a construir a fraternidade universal
 
                                   (Horácio Paiva)

22/12/2017

VM

O TEMPO E O SENSO

Valério Mesquita*

Nos dias de hoje, o ânimo de viver nos torna inconstante e nos empurra para buscas ávidas de expressão, imaginação e criatividade. O próprio Luís da Câmara Cascudo, no passado, apesar de um ser simples, foi uma figura numerosa, pois escreveu sobre tudo e sobre todos. Conheço muitos escritores conterrâneos que detêm idêntica curiosidade inesgotável e volubilidade inventiva contagiadas pelas idéias, gostos e poder aliciante do charme da escrita cascudiana. E nesse particular, todos foram largamente influenciados pelo desejo insofreável de ressurreição do tempo morto, pela inestimável compreensão da alma coletiva das gerações passadas que se encontram como que cristalizadas em todos nós.
São as nossas afinidades eletivas fincadas na íntima, nostálgica página evocativa que romantiza a realidade ou, às vezes, a fantasia. Daí, não me encantar tanto com os procedimentos rotulados de culturais pela mídia eletrônica e certos gestores públicos. Não é a compulsão de recapturar o antigo só por ser antigo. O que desejamos, penso, é respirar o oxigênio cultural que foi dotado de um poder de radiação imanente, que se manteve vivo, apesar do efeito paulatino, paradoxal e destrutivo de uma “cultura de aparências”, fóssil e fútil, atualmente em alto astral! O crítico Paulo Prado chegou a afirmar no seu livro “Retrato do Brasil” que a proliferação desse contraditório “representava a astenia da raça, o vício de nossas origens mestiças”. Nada mais verdadeiro e impiedoso.
A cultura se transformou num circo mambembe de vaidades ressentidas, perdida nas suas cismas e inseguranças, desde o tempo em que o Ministério da Cultura tornou-se serpentário de figuras exóticas e estereotipadas. No Rio Grande do Norte, por exemplo, já passa do tempo do governador reunir os órgãos de cultura do estado: Academia Norte-Riograndense de Letras, Conselho de Cultura, Instituto Histórico e mais ensaístas, poetas, historiadores, sociólogos e críticos literários para ouvir sugestões dessa atividade tão pluralista e significativa da sociedade, porém, totalmente esquecida e somente lembrada para eventos passageiros. No ensejo, por exemplo, do governo contrair um vultuoso empréstimo internacional, as entidades culturais não foram ouvidas para discutir e identificar os seus problemas estruturais.
É com profunda lástima que vemos as edificações, casarões e monumentos que representam o vasto painel da dramática criação de uma sociedade civil de cem e de duzentos anos passados se encontrarem em estado de deterioração. Lembremo-nos que o “passado não passa”. A beleza plástica dos casarões, o teor emotivo e sentimental que retrata a abordagem lírica de épocas imemoriais, em qualquer país civilizado, nunca foram substituídos por folguedos e fanfarras. A preservação do patrimônio histórico e artístico do Rio Grande do Norte precisa de maior atenção e acuidade perceptiva dos governos. Como na Trindade Santa, o passado, o presente e o futuro se entrelaçam na mesma realidade temporal. São três tempos distintos numa só integridade temporal; amalgamados de idéias e inteiriços. Que esse cabedal seja intenção e deliberação permanentes dos órgãos de cultura do estado. Vamos aguardar.


(*) Escritor

21/12/2017

ÚLTIMOS MOMENTOS DO IHGRN NO FINAL DE 2017

ÚLTIMA REUNIÃO DA DIRETORIA - DIA 19


VISITA DA REITORA ÂNGELA MARIA CRUZ, DA UFRN - DIA 21







DIA 22

Encerramento das atividades no IHGRN. Reunimos a Diretoria e os funcionários e entregamos o Prêmio do Funcionário do Ano ao sr. Manoel Bezerra da Silva. Por se tratar da Casa da Memória não podíamos deixar de exibir a "memória do wisque nacional". Estaremos de volta no dia 8 de janeiro de 2018. Tenham todos um bom Natal e um 2018 cheio de realizações.


I H G R N - COMUNICADO DE ADIAMENTO DE FESTIVIDADE



ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, Presidente do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, divulgou o seguinte comunicado aos seus associados, amigos e convidados, pedido de todos a devida compreensão:

Caros confrades, amigos e convidados. Em virtude da preocupante situação de falta de segurança que passa os cidadãos de nossa cidade, a Diretoria do IHGRN resolve adiar, por tempo indeterminado, a solenidade prevista para amanhã (quinta feira) 21 de dezembro de 2017. Oportunamente comunicarmos o dia que a solenidade será realizada.

"LEMBRANDO SANDERSON NEGREIROS"


Ivan Lira de Carvalho
  Conheci Sanderson quando ingressei na graduação em Direito na UFRN, na mesma turma de Ângela, sua esposa, que já era formada e estava fazendo o segundo curso. Ele era Chefe da Casa Civil do governo Tarcísio Maia.
 Acompanhava a mulher nas nossas confraternizações, que eram bem frequentes - e não só natalinas, como atualmente. Aí os nossos papos amiudavam, sobre cultura geral e “causos” que ele amealhou na vida acadêmica e nos cargos públicos que exerceu.
Tirava onda consigo, ao recordar que chamou o “vade mecum” de “quo vadis” nos primeiros tempos de faculdade. Misturou o bolor dos fóruns com a Sétima Arte, pela qual tinha maior predileção.
 Dizia-me da admiração profunda pelo irmão padre, Emerson, que foi vigário de Santa Cruz por muitos anos e para onde rumava em férias o seminarista Sanderson, balançado entre as virtudes sacerdotais e o apego à literatura laica. Findou vencendo o extra-muros do vetusto prédio curial da Av. Campos Sales. Consolidou-se a opção com a entrega de todo amor armazenado no coração-sentimento à doce Ângela, anjo da sua vida dali em diante. Em nova esquina da vida o destino nos marcou um encontro: pouco tempo depois de formados - um ano e meio, com precisão - eu e Ângela fomos aprovados em concurso e ingressamos na magistratura do Estado do Rio Grande do Norte.
Eu fui presidir a Comarca de Augusto Severo, miolo do Médio Oeste; ela foi judicar em Touros, linda praia onde os alísios curvam o continente. A cada jantar, a cada almoço, a cada solenidade, a cada celebração que a vida funcional nos proporcionava, eu sempre arranjava um jeito de sentar-me à mesa do poeta, para entre taças de vinho e garfadas generosas (ele era bom nessas duas ferramentas...), abastecer-me de saber e de bondade.
Certa feita dedicou uma noitada a explicar-me as virtudes da doutrina espírita e o sentido da eternidade; do real valor da expressão “plano” no contexto kardecista. O aluno aqui, indo com mais frequência à taça do que ao garfo, perdeu as conclusões da aula, à medida que a sobriedade esfumou-se como o perfume da bebida.
 Mas juntei pedacinhos daqueles ensinamentos e montei, à minha maneira, a compreensão das vidas repetidas. Noutras jornadas expunha o seu desejo de estruturar em páginas uma novela que tinha prontinha na mente, ambientada no sertão cearense, cercanias de Pereiro, onde as pessoas deixavam um casarão histórico fechado e partiam para outras plagas e quando retornavam, anos adiante, encontravam tudo intacto - paredes, portas, teto, mobiliário, utensílios -, mas que se desmanchavam ao simples toque dos dedos, reduzindo-se a pó.
As quadras se passavam e a cada encontro eu lhe cobrava a obra, obtendo a resposta gargalhada “ainda não”. Há poucos anos um abril chegou com a triste notícia da morte de Ângela. De logo vaticinei que em breve partiria Sanderson, independentemente do seu estado de saúde. E assim aconteceu. Não li, mas acredito que no registro do seu óbito, no espaço destinado à “causa mortis”, o oficial lançou a palavra “saudade”."