30/09/2017

VALÉRIO


LEIAM OS SALMOS
Valério Mesquita*
Não sou pastor nem vigário, mas leiam os Salmos. No livro dos Salmos, basicamente, os gêneros vão desde os hinos de louvor, de lamentos, de ação de graças, de confiança, sapiências, até aqueles de estilo poético. Não é  à  toa  que  o  próprio Martinho Lutero classificou-os como “uma pequena Bíblia e resumo do Antigo Testamento”. E Jesus Cristo, após a sua ressurreição, falou aos seus discípulos que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Outro ponto alto da importância dos Salmos está expresso na revelação dos teólogos e estudiosos das Sagradas Escrituras de que “a vinda de Cristo, o seu sofrimento e a sua glória” se acham neles explícitos tanto quanto em todo o Antigo Testamento. É só ler para crer.
O nome Salmos significa Cânticos que podem ser vocais ou instrumentais. Não estou catequizando ou doutrinando. Assevero que posso laborar em equívoco ante a erudição dos teólogos católicos e/ou evangélicos. A abordagem do tema é meramente formal, entusiástica, por me deter encandeado e seduzido pela beleza literária da poesia hebraica de saudação e glória ao Senhor. Evidente que outras passagens de extremo encantamento e excelsa espiritualidade são notórias no Novo Testamento, nos Evangelhos até nas Epístolas, passando pelos Atos dos Apóstolos. Nenhum livro profano do mundo, em todos os tempos, exprimiu tanta sublimação e beleza estética do que a Bíblia. Não me repreendam os mestres da doutrina cristã porque olvidei os livros do Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Samuel I e II, Reis I e II, Jó, Provérbios, Eclesiastes e os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, só para citar estes, porque todos são grandes.
 A Bíblia é o repertório de tudo o que depois se escreveu em todas as literaturas do mundo, até hoje. Alguém poderá aduzir que tudo nela foi ditado pelo Espírito Santo, daí a sua extraordinária coerência e monumental fidelidade como legado de Deus à humanidade. Apenas, este pobre texto, que não é ensaio e nem muito menos crítica (quem sou eu!), mas um desejo, também, dirigido a todos para que se harmonizem com os desígnios de Deus. Em Efésios 2.8 e 9: “A salvação é pela graça através da fé”. Se Paulo assim se expressou quando o mundo era menor e menos habitado, tal assertiva é válida para os nossos dias de superpopulação, de milhares de problemas, pecados, mortes, destruições, porque o ser humano é o mesmo, apesar de bilhões terem se animalizados. “Todas as nações estarão representadas no céu” (Apocalipse 5.9; 7.9; 21.2226). Quem vai julgar, a meu ver (sublinhe-se), o conflito religioso palestino não será a ONU, pois é subserviente e ineficaz, – mas, sim, o próprio Deus Trino.
Volto-me para os Salmos. Ao seu deleite, a formidável energia cósmica que eles encerram. Retorno à visão e antevisão dos seus testemunhos, dos seus alumbramentos e de sua santidade. Davi foi o poeta maior, além de rei e pecador, rogando a Deus para apagar as suas transgressões, “segundo a multidão das tuas misericórdias” (Salmo 51). Não consigo enaltecer e destacar Davi na vitória sobre Golias, mas na humildade e perdão revelados após haver possuído Bate-Seba. Inúmeras foram os salmistas mas Davi foi o maior deles. E o Salmo 103 resume quase todos ao abordar perdão, saúde, temor, redenção, restauração, satisfação e justiça. Quando canta “Bendize, ò minha alma, ao Senhor...”, o salmista eleva a sua pequenez às alturas da imensa grandeza do Senhor dos Exércitos. Por fim, salmo bíblico é cultura literária, oração, remédio para muitas curas do corpo e da alma. Quem quiser viver lerá.


(*) Escritor

29/09/2017

Padre JOÃO MEDEIROS



TEMPOS DE DISTOPIA
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO
A filosofia e a sociologia concebem distopia como o oposto de utopia, o túmulo da esperança. Em meados do século XX, alimentávamos o sonho de mudar os costumes e a sociedade de nosso país. Éramos voltados para a utopia. Corria em nossas veias o ufanismo nacional com seus valores e ideais. Pensávamos e desejávamos um futuro próspero. O Brasil focalizou em especial um adjetivo: novo. O cinema, novo; a bossa, nova; o projeto de desenvolvimento liderado por Celso Furtado, igualmente fértil e novo.
Vivemos agora tempos distópicos, ou seja, de descrédito, apatia, indiferença, depressão individual e social. O autor do Eclesiastes padeceu desse mesmo sentimento de desânimo: “Todas as palavras estão gastas... O que foi é o que será; o que se fez é o que se fará. Nada de novo sob o sol!” (Ecl 1, 8-9). Da mesma forma, nossa pátria hoje se ressente de incredulidade, está pobre de espiritualidade e distante de Deus.
O monge cisterciense Thomas Merton, inspirado em John Donne, dizia que “Homem algum é uma ilha”. No reino animal, somos as criaturas que mais necessitam de proteção e cuidados, por isso buscamos o próximo. Levamos cerca de duas décadas para atingir a maioridade. A natureza humana convida-nos à solidariedade. No entanto, a desesperança leva-nos a ficar isolados em nossos medos e inseguranças. Sabemos o que não queremos e manifestamos o nosso desagrado, a nossa frustração e indignação. No entanto, sentimo-nos impotentes e poucas vezes podemos propor algo factível. São tempos distópicos, de desalento.
A crise é igualmente civilizatória. O mundo está dominado pelo dinheiro e pela violência. Empresas, às vezes, têm mais poder e força do que Estados e governos. Tudo é pensado em função da acumulação do capital e infelizmente a natureza é massacrada ao extremo. Sua preservação é considerada entrave ao progresso. Inverteu-se a axiologia: o ser humano existe em função desses projetos e não eles em função do homem.
O respeito está em agonia. No entanto, a espiritualidade sobrevive. Ela é a essência de nossa subjetividade, altar no qual erigimos nossos deuses. Há quem a empregue como sustentáculo de seu egoísmo e eleja o interesse egocêntrico como bem supremo. Mas, há, sim, quem a nutre em fontes altruístas, como Cristo, Buda, Gandhi e outros tantos líderes. Nossas opções dependem de nossa espiritualidade.
A mercantilização dos bens da vida e das relações humanas, a política, desprovida de sensibilidade e interesses sociais, propiciam fortemente o surgimento de religiões sem teologia, igrejas sem liturgia, fiéis sem caridade. Emerge um transcendentalismo, que atribui todos os males à luta entre o Bem e o Mal. Declina-se da responsabilidade de buscar as causas dos danos na vida humana e social. Há que se resignar à “vontade de Deus” e orar para que o milagre aconteça, afirmam os mais crentes e fervorosos.
Está se disseminando a sensação de que o Brasil acabou ou está falido. Predomina o sentimento de descrença. É a distopia reinando. Silenciamos. As igrejas, portadoras da Palavra de Deus, carecem de ânimo e de esperança, a qual é uma virtude teologal.  Revoltamo-nos com os gastos excessivos dos poderes da nação, com o estrago incomensurável da corrupção e o cinismo dos infratores, além da politicagem de interesses escusos. De resto, ficamos apopléticos e impotentes. Assim, aceitamos passivamente a perda da liberdade e da segurança, a queda dos princípios pelos interesses, do público pelo privado, do Bem pelos bens. Civilização distópica.

A esperança evapora-se. A Bíblia é rica em períodos de desalento, como o que ora atravessamos. A saída não depende apenas de nossa vontade, partido ou igreja. Ela necessita da união de todo o povo brasileiro, embasada em uma maneira honesta e digna de pensar e agir. Por isso, Jesus não teve pressa para que o Reino de Deus acontecesse logo. Adotou a única atitude que torna efetiva a esperança proposta: organizou um pequeno grupo e plantou as sementes de um novo projeto civilizatório. Este se alicerça no amor, na compaixão e na partilha. Não esqueçamos: “Se eu tiver de andar nas trevas, não temerei” (Sl 23/22, 4), pois Deus está comigo. “Coragem, eu venci o mundo”, ensinara o Mestre (Jo 16, 33).

27/09/2017

28 DE SETEMBRO (H O J E)



MENSAGEM IMPORTANTE PARA OS PESQUISADORES DO IHGRN



MENSAGEM DE GUSTAVO SOBRAL (Assessor Especial da Presidência do IHGRN):

Segue informativo sobre documentos do acervo que se encontram disponíveis para consulta e pesquisa online, resultado do trabalho do laboratório de digitalização da UFRN, para se concordar, ser veiculado no blog do IHGRN. Foi escrito como um informe de divulgação com orientações.


DOCUMENTOS DO IHGRN PARA CONSULTA NO REPOSITÓRIO LABIM/UFRN

Laboratório de Imagens -Digitalização de Documentos Históricos (LABIM/UFRN), voltado para a digitalização de documentos, e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) disponibilizam para consulta, no repositório online do laboratório, material do acervo do IHGRN para pesquisa e consulta no seguinte endereço:

O trabalho continua em andamento e acreditamos que dentro em breve disponibilizaremos uma diversidade maior de material. Atualmente, constam os seguintes documentos:

CORRESPONDÊNCIAS DO GOVERNO MUNICIPAL E AS CÂMARAS MUNICIPAIS
LIVRO DE REGISTRO DO SENADO DA CÂMARA
Livro de registro de cartas e provisões do Senado da Câmara de Natal 1659-1754
REVISTAS DO IHGRN 1903-1951
TERMOS DE VEREAÇÕES 1672-1823

Solicitamos aos leitores e pesquisadores e historiadores que, caso venham a se utilizar deste acervo, resguardem o direito das fontes e respeito à lei dos direitos autorais. Contribua para disseminação e uso responsável desta documentação, prezando pela citação das fontes de pesquisa e referência as instituições mantenedora e proprietária do acervo e ao laboratório responsável pela digitalização e acesso franco e público ao material.

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Direção de Biblioteca, Arquivo e Museu 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de História
Laboratório de Imagens -Digitalização de Documentos Históricos.

25/09/2017



O mais completo retratoda crônica da cidade
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Newton NavarroBerilo Wanderley e Augusto Severo Neto foram cronistas da cidade, Sanderson Negreiros e Vicente Serejo nos louvam com a sua inspiração diária. Neste volume, o melhor da crônica destes cinco cronistas da cidade

2017, Livro, O boi careta e a morte do cavalo baio. 1ed. ed.  Natal: Edufrn, 2016. Coorganização com o poeta Paulo de Tarso Correia de Melo. Publicação do livro de contos inédito de Newton Navarro. Preparação dos originais e posfácio por Gustavo Sobral. 
O livro reúne sete contos inéditos do autor. O primeiro deles, “O boi Careta”, está datado de 1949, anterior, portanto, a qualquer um livro de Navarro. A temática é o mar e o sertão. Segundo Paulo de Tarso, "é indiscutível a autenticidade dos textos considerando a estilística, a temática e a sua gênese". Acompanha o ensaio de Gustavo Sobral sobre a obra completa de Navarro.        



Newton Navarro é uma saudade. Deixou uma obra plástica e literária quando partiu em 1991.
GUSTAVO SOBRAL e o poeta PAULO DE TARSO CORREIA DE MELO apresentam agora contos inéditos do autor, nunca publicados, esquecidos há mais de 50 anos...