03/08/2017

POSSE




 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE
– A MAIS ANTIGA INSTITUIÇÃO CULTURAL DO ESTADO –
Rua da Conceição, 622 / 623, Centro – CEP: 59025-270 – Natal/RN
CNPJ.: 08.274.078.0001-06  -  Fone: (0xx84) 3232-9728
E-mail: ihgrn1902@gmail.com
 
 
 




EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Natal,  02 de  agosto de 2017


Caro Confrade,

Tem este a finalidade de informar que este Instituto contou com o patrocínio da COSERN – Grupo Neoenergia, com o apoio da Lei Câmara Cascudo – Fundação José Augusto, possibilitando a publicação regular de 04 (quatro) edições anuais da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. No mês de janeiro deste exercício solicitamos a continuidade do patrocínio, fazendo encaminhar o respectivo  projeto ao Edital COSERN/2017, devidamente aprovado pela Lei Câmara Cascudo.
Entretanto, somente agora a COSERN divulgou o resultado do Edital       com a  informação relativa aos projetos aprovados do qual não fizemos parte, o que infelizmente nos impede de realizar a regular publicação da consagrada Revista da Casa da Memória do Rio Grande do Norte.
Desnecessário acrescentar que a nossa revista é uma fonte inesgotável de divulgação deste Instituto, não devendo, por isso, sofrer solução de continuidade. Em razão disso, a Diretoria decidiu editar a Revista contando com a colaboração e contribuição dos ilustres sócios sempre presentes nos momentos mais difíceis de sua existência.
Sendo assim, rogamos ao estimado confrade uma contribuição financeira no valor mínimo de R$ 200,00 (duzentos reais), ou a maior a critério do contribuinte, para que possamos publicar o primeiro número relativo a este ano. Para esse objetivo solicitamos confirmar a sua colaboração através do Email: ihgrn.diretoria@uol.com.br ou pelos telefones (84) 3232-9728  /  9.8818-2102, para  falar com Ormuz, Joventina ou Gustavo.


Atenciosamente,
a Diretoria


28/07/2017

TÚNEL DO TEMPO

Valério Mesquita*

Negativo. Não é o Big Brother Brasil, horrível e superficial. Nem coisas do Banco do Brasil ou do Banco do Nordeste. Quero me referir ao mais notável trio da política do Rio Grande do Norte, das décadas de cinqüenta a setenta. Do tempo em que não existia marqueteiro, mas feiticeiro. O voto milagroso era do milagreiro. Conquistado mas, também, fabricado, produzido, trabalhado no mapismo, nos porões e no estrabismo do presidente da secção eleitoral. O trio B-B-B era soturno, noturno, taciturno, no segundo turno da apuração dos votos. Nasceram no mesmo ventre: O Partido Social Democrático, o velho PSD de Theodorico e Jessé. O partido majoritário, marca registrada de uma fase de eleições duvidosas mas de políticos verdadeiros.
Antes de revela-los, direi mais: o exercício do voto daquele tempo era superior ao processo da atual eleição norte-americana e, quiçá, ao virtual da urna eletrônica dos nossos dias. O triunvirato era Bessa, Bosco e Besouro. Prenomes simples: José, João e Assis. Três reis magos das boas novas, da brejeira anunciada em prol do sujeito oculto do sufrágio eleitoral. José Bessa, alto e simplório, escondia-se por trás de aparente timidez. Olhos miúdos mas penetrantes como se adivinhasse o dia de amanhã. O Grande Hotel do “majó” Theodorico era o quartel general. Ali, cedeu o cetro e a coroa ao jornalista João Bosco Fernandes, de fisionomia tensa e intensa, como se estivesse saindo permanentemente de noites indormidas. Era gordinho e, em pé, abria os braços costumeiramente para ouvir e envolver o problema do partido. E Assis Besouro, único sobrevivente dessa tríade, olheiro e vidente da política, foi estafeta de Jessé Freire e exorcista de capitulações impossíveis.
O curioso de tudo isso, é que escreveram em jornais. Expuseram suas idéias. Jornal do Comércio (da Ribeira, do PSD), Jornal de Natal, entre outros, foram veículos de seus pensamentos. Eram letrados, instruídos e não meros cabos eleitorais. Profetas das urnas e simuladores de resultados. Um trabalho, uma devoção e uma ação gratulatória. Hoje, bostalizaram a atividade política, da capital ao interior. A qualidade nostradâmica dos três expoentes da prédica eleitoral, da capacidade de orientar o líder maior, vaticinar, prognosticar, predizer sobre a eleição, o eleitor, o município e o chefe político – ela sumiu do mapa do Rio Grande do Norte.  Porque eles agiam mais por convicção do que por conveniência.
Viviam para desarmar presságios e administrar as circunstâncias da política. Para eles a atividade era encarada como um fascínio. Tinham o senso da sobrevivência.  Os três somados possuíam a força da mídia deles propriamente. Quando os antigos costumes políticos sucumbiram e a legislação eleitoral mudou, ficaram, todavia, nas paragens onde atuaram, em etapas diversas, passagens esparsas de vidas, que hoje relembro para aqueles que respiram o mesmo ar, pisam o mesmo chão e participam da mesma natureza. Registro a trajetória, rapidamente, da existência de José Bessa, João Bosco e Assis Besouro, como quem fotografa um instante de um universo perdido de sonhos, travessuras e ilusões. Uma canção ligeira em louvor de figuras simples mas sábias (e sabidas) – atualmente - sombras, nada mais. A todos: saudações pessedistas!!
 (*) Escritor.


21/07/2017

NO DIA 21.07.2017


PÁGINA  PARA  MEDITAÇÃO  


As almas quando se amam
Nem a morte as intimida,
Regressam a berço novo
E encontram-se noutra vida.

(Antonio de Castro/Chico Xavier)

Obsessão de quem ama
Ninguém consegue entendê-la,
Parece vaso de lama
Encarcerando uma estrela.

(Auta de Souza/Chico Xavier)

Conservar dedicações?
Todos estamos no mundo...
O poço cede água limpa
A quem não lhe agite o fundo.

(Chiquito de Moraes/Chico Xavier)

***

PAZ!

INÁCIO MAGALHÃES DE SENA




NOTÍCIA QUE SURPREENDEU SEUS AMIGOS - INÁCIO, O NOSSO QUERIDO "BISCO DE TAIPU" FOI HOSPITALIZADO NO HOSPITAL DO CORAÇÃO COM COMPLICAÇÕES CARDÍACAS.
ESTIVEMOS COM INÁCIO NA SEGUNDA FEIRA PASSADA E FIZEMOS ALGUMAS CENAS DE FILMAGEM, COM ASSUNTOS COMPLETAMENTE ALEATÓRIOS. DOIS DIAS DEPOIS ELE SOFREU UM AVC QUANDO ESTAVA NO BANCO SANTANDER. LEVADO ÀS PRESSAS GRAÇAS À ATENÇÃO DOS AMIGOS, PARTICULARMENTE, DE VICENTE SEREJO  E ABIMAEL SILVA, FOI IMEDIATAMENTE INTERNADO E ESTÁ SENDO MEDICADO.
AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS NÃO SÃO BOAS - ELE TEM COMPROMETIMENTO RENAL E ESTÁ COM INFECÇÃO URINÁRIA.
TODOS TORCEMOS PELA SUA RECUPERAÇÃO, POIS INÁCIO É UMA FIGURA RARA NA VIDA INTELECTUAL POTIGUAR.
HOMEM SIMPLES, SOLIDÁRIO E DE GRANDE CULTURA.
REZEMOS TODOS PELA SUA RECUPERAÇÃO.
RECENTEMENTE VEM SENDO PROJETADO PELA MÍDIA CINEMATOGRÁFICA E SUAS ENTREVISTAS ESTÃO SENDO DIVULGADAS PELO YOU TUBE.
INÁCIO É SÓCIO HONORÁRIO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, CIDADÃO NATALENSE E FIGURA OBRIGATÓRIA EM TODOS OS ENCONTROS LITERÁRIOS.
FORÇA!!!!!




GRANDE PERDA







21/07/17  PAULO BEZERRA (1933-2017)
É com imenso pesar que o IHGRN comunica o falecimento do sócio, o médico e escritor Paulo Bezerra, uma perda para a cultura do Rio Grande do Norte. Autor das “Cartas do sertão do Seridó”, o doutor Paulo, médico radiologista, fundador do Instituto de Radiologia de Natal, era parte integrante de uma geração de médicos e humanistas. Fazendeiro, proprietário da secular Fazenda Pinturas, da qual muito se orgulhava, guardava um vasto acervo museológico das coisas do seu sertão. Também conhecido por Paulo Balá e Paulo de Balá, como muitas vezes assinava, era um bravo cultuador e promotor das tradições sertanejas do Seridó. Natural de Acari, deixa-nos o exemplo honrado do valor que o homem deve conceder à sua terra e à sua gente. Seu exemplo é perene como as cercas de pedra do seu sertão.
Diretoria do IHGRN



Ass.Gustavo Sobral

20/07/2017



RELEMBRANDO BOB MOTTA

Valério Mesquita*

Morreu Bob Mota, o poeta do povo. Foi autor consagrado que dispensa ladainhas. Publicou mais de quinze cordéis e manteve coluna semanal “Cantinho do Zé Povo” em jornais de Natal e de outros municípios. O irrequieto Roberto Coutinho da Motta foi acolhido no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte como notável pesquisador das raízes da nossa cultura popular e por tanto brasileira, pela demonstração da exuberância da fala do povo, da sua capacidade de fabular que nasce da mitologia do cotidiano.
Seu livro “Preservando o Matutês” teve uma segunda edição devido ao sucesso alcançado pelo primeiro volume que o tornou mais conhecido e respeitado nos meios culturais e de comunicação. Inclusive, participou das duas últimas edições do FESERP – Festival Sertanejo da Poesia – Prêmio Augusto dos Anjos, em Aparecida, Paraíba, classificando-se com os poemas matutos: “A Queima de Espinho” e “Meu Chapéu de Couro”, em oitavo e sexto lugar, entre 195 e 208 participantes respectivamente. Ganhou o título de cidadão da Câmara Municipal de Boa Vista/PB.
Mais ainda, com honra para o Rio Grande do Norte, ele integrou a equipe do humorista Tom Cavalcante, como redator free lancer, de 1999 a 2000, colaborando com piadas, causos, poemas matutos e paródias de sua autoria.
O segundo volume é enriquecido com mais oito cordéis sobre fatos ocorridos no dia a dia do Brasil e do mundo, como fiel observador do panorama visto de cima da ponte Newton Navarro. Vale dizer, que o autor resgatou com lucidez e seriedade um patrimônio espantosamente rico de nossas raízes prestes a ser esquecido. Os verbetes acrescidos e anotados com riqueza de detalhes, fixam para sempre o autor como um estudiosos inigualável da linguagem popular pura e genuína, como as águas inaugurais dos velhos tempos do nordeste brasileiro. Os olhos do autor, ao longo de sua vida estiveram sempre fixos na direção do relâmpago do sertão do Cariri resistindo, pesquisando e defendendo a poética maneira de ser da gente, confirmando a perene identidade de suas raízes.
Ninguém, mais que o nosso Bob, merece o título de HERÓI DO SERTÃO, não por andar na caatinga feito justiceiro armado, mas por haver recolhido, junto ao povo, um linguajar – o “matutês – resultante de contingências históricas, sociais, econômicas e, principalmente, culturais”.
Bob Motta conduziu a sua obra como fruto de uma pesquisa enriquecida pela verve e bom humor tanto potiguar quanto do Cariri paraibano, tal e qual um ato de amor e de coragem.
Amor às raízes de sua região, o Nordeste, à fala arguta da gente simples do sertão, à riqueza vocabular de homens humildes que muitas vezes, sem saber, utilizam expressões verbais extraídas do português camoniano do século XVI.
Teve a coragem de registrar – quando a atenção do grande público é conduzida para a problemática urbana ou cosmopolita – a presença atuante e preponderante de uma realidade rural que se impunha pela riqueza do imaginoso e poético.
Em todas as suas obras, é constante a imagem do sertão e dos sertanejos, das figuras tradicionais, folclóricas, e acima de tudo, pela exuberância fala do povo, da sua capacidade de fabular.
O poeta viveu de 1958 a 1981, ao lado de seu pai, o saudoso empresário João Francisco da Motta, “Seu Motta”, no sertão do Cariri paraibano. Em 1981, com o seu falecimento, Bob ainda ficou por lá até 1991. Sua sensibilidade, sua capacidade de glosar e “gozar” são alimentadas pela seiva inesgotável de humor nordestino que parece fundamentar-se na aspereza e na ternura da geografia, das plantas, das macambiras, dos xiques-xiques e das amorosas. E pontualmente do verde escuro das serras que se tornam azuis na neblina do amanhecer e se avermelham no incêndio do crepúsculo.
Nesse cenário o autor edificou sua existência e sua literatura. Sempre, em seu ouvido secreto cantará a voz do matuto narrando  “causos” no alpendre, diante da noite imensa, ritmado pela sanfona do forró de pé de serra. Não faltarão as imprecações jocosas durante o jogo de sueca, as sonoras flatulências sertanejas sublinhando as sentenças seculares.
Bob Motta, herói de letras, sílabas, palavras, com talento, deixou um legado, um acervo robusto de linguagem popular, como sua perene identidade com a gente nordestina.

(*) Escritor.