29/11/2014

H O J E

O PRESIDENTE DA UBE/RN - ROBERTO LIMA DE SOUZA - CONVIDA PARA A NOITE DE AUTÓGRAFOS DA CONFREIRA JANIA MARIA SOUZA. A REALIZAR-SE EM 29-11-2014, NA LIVRARIA NOBEL DA AV. SALGADO FILHO, ÀS 19 HORAS.


 
JANIA SOUZA

28/11/2014

CAARN CONVIDA - DIA 28 NOVEMBRO


26/11/2014

A injeção miraculosa

Elísio Augusto de Medeiros e Silva (in memoriam)

As barbearias do sertão, lá pelos anos de 1920, tinham as suas características próprias. Essa a que me refiro tinha duas portas antigas, de madeira, com ferrolho e cadeado, as paredes internas caiadas de branco e a fachada azul com o nome: “Barbeiro”.
Dentro, descia do teto um chicote de luz ligado à pera de acender e apagar. A cadeira de braços importada, de encosto reclinável, era forrada de chita estampadinha e ficava em frente ao espelho grande e à bancada de madeira com gavetas.
Em cima da bancada: tesouras, pentes, navalhas “Solinger” alemãs, loção, pedra-ume, pincel, toalhinhas de morim, toalha grande para o cliente que ia cortar o cabelo e o amolador de navalhas. Sempre disponíveis ao barbeiro a cumbuca de alumínio e o frasco de sabonete para fazer espuma.
Na parte de trás, cadeiras para a freguesia esperar a sua vez, um lavatório na parede com depósito de água em cima da torneira, uma bacia para aparar a água e a toalha de algodão branco.
Uma das características inerentes a todo barbeiro era a de tirar prosa com o freguês. Nas barbearias, as notícias corriam orais e velozes entre os frequentadores que ali iam regularmente. Foi numa dessas antigas barbearias que escutei o fato que vou transcrever a vocês.
Essa curiosa história aconteceu em Serra Negra no século passado, final da década de 1920 e início de 1930. Naqueles tempos no sertão nordestino era comum a cura por prática de charlatanismo.
Um paraibano de nome José Fábio tinha uma farmácia em Guarabira, e nos anos do Estado Novo foi morar em Mossoró. Não demorou muito, e a Saúde Pública do Estado caiu em cima dos seus processos, e ele, simplesmente, desapareceu da Cidade.
Então, inesperadamente, ele surgiu em Serra Negra, vindo de Brejo da Bananeira, onde já era dado à prática de fornecer receitas e consultas ao povo.
Ao chegar em Serra Negra, passou a aplicar umas injeções de um líquido a que atribuía poderosa eficácia no tratamento de quase todas as enfermidades.
A notícia foi circulando entre o povo, e o movimento na Cidade aumentava a cada dia. De manhã, quando abria as portas, já estava a casa cheia de pessoas que viajavam em busca da prometida cura. Vieram pessoas ricas, parentes de médicos, de padres e de autoridades, de muito longe.
A figura estranha do curandeiro atraía multidões fanatizadas para a cidadezinha do Seridó, que, nessa época, era apenas um velho arruado, nas terras fronteiriças da Paraíba.
A injeção não custava nada, era gratuita, mas, o paciente, antes de entrar, para ser atendido, entregava à sua secretária a importância de R$ 50 mil réis, a título de “contribuição”. Alguns, inclusive, doavam mais, a título de donativo.
No centro da sala, em cima de uma mesa forrada de tecido de algodão branco, um vidro transparente, do que se usava em antigos boticários, ocupado até a metade com um líquido claro e pegajoso, do qual não se sabia a origem, nem por que processo tinha sido obtido. Na verdade, era “cuspe”.
Assim, ele ia fazendo as suas aplicações miraculosas, e a fila de incautos crescendo, junto com as curas que se iam processando, em meio a inúmeras versões contadas: paraplégicos jogam fora as muletas, cegos passam a ver, e outros, que tinham chegado em redes ou padiolas, saem andando felizes. Dizem que até doido saía curado.

Porém, o fanatismo tem vida curta, e, certo dia, um homem rico e importante da região morreu, depois de tomar a injeção. Então, José Fábio, o curador miraculoso, encerrou as suas atividades e desapareceu, para nunca mais ser visto.

25/11/2014

Joaquim Rodrigues Ferreira, lá do Alto do Rodrigues

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Em alguns testamentos e inventários, mais antigos, já faltam algumas folhas. O testamento de Joaquim Rodrigues, escrito de próprio punho, por exemplo, começa na página 4, e lá está escrito: ...for aberta a sucessão, serão herdeiros da referida terça os meus filhos, que existirem do segundo leito. Peço e espero que meus filhos do primeiro casamento não verão nesta disposição manifestação de menos amor e amizade às suas pessoas por minha parte.

Declaro que quero ser sepultado no cemitério do lugar em que falecer e que meu enterro deverá ser simples e sem pompa, correndo as despesas, por este feito, por conta de minha terça. Nomeio meus testamenteiros a minha mulher Ricardina Rodrigues Cavalcanti, Bacharel João Alves de Oliveira e Salustiano Francisco Cacho, na ordem que estão indicados: a todos e a cada um dos quais rogo, queiram aceitar esta minha incumbência.

Este é meu testamento e a última vontade para ser cumprida depois de minha morte e por ele revogo qualquer outro que por ventura exista. Recife, dez de março de mil oitocentos e noventa e nove. Joaquim Rodrigues Ferreira.

Esse testamento foi levado ao cartório do tabelião Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão, rua Dr. Feitosa, Recife, sendo testemunhas: Henrique Bernardes de Oliveira, José Carlos de Sá, Joaquim dos Anjos Nogueira, João Batista de Sá e Julião Barbosa de Souza, moradores em Recife.
No dia 24 de março de 1804, na cidade de Macau, em casa de residência do testador Joaquim Rodrigues Ferreira, a viúva Dona Ricardina, entregou ao Juiz João Teixeira de Souza, o testamento do seu marido, que faleceu, em seu sitio denominado Alto do Rodrigues, no dia anterior, às duas horas e vinte minutos da tarde, pouco mais ou menos.

Dona Ricardina apresentou, como filhos do coronel Joaquim Rodrigues Ferreira, os nomes que seguem. Do casamento com D. Generosa (Bela) Rodrigues da Silveira: Dona Olympia Rodrigues de Souza, 45 anos, casada com o tenente-coronel Joaquim Ildefonso Virgulino de Souza, residente em Macau; Odorico Rodrigues Ferreira, com 40 anos, casado (com Amélia Rodrigues Ferreira), morador e residente na Pendência; Anna Rodrigues Ferreira, de 35 anos, casada com Manoel Teixeira de Carvalho Filho, residente em Macau.

Do casamento com a inventariante, Dona Ricardina, listou os seguintes filhos: Rosa Rodrigues Cacho, com 27 anos, casada com Antonio de Castro Cacho, residente em Macau; Ricardo Rodrigues Ferreira, com 24 anos, casado, residente na cidade de Recife; Álvaro Rodrigues Ferreira, com 23 anos, solteiro, residente em Macau; Rodrigo Rodrigues Ferreira, com 22 anos, solteiro, residente em Macau; Laura Rodrigues de Oliveira, 20 anos, casada com José Fernandes de Oliveira, residente em Macau; Irineu Rodrigues Ferreira, com 19 anos, solteiro, residente em Macau; Delmiro Rodrigues Ferreira, 14 anos, residente em Macau; Marfisa Rodrigues Ferreira, com 13 anos, residente em Macau; João Rodrigues Ferreira, 11 anos, residente em Macau; Francisco Rodrigues Ferreira, 9 anos, residente em Macau.

No inventário aparecem vária terras que foram compradas pelo testador, em diversos municípios. A fim de reconstituir os nomes dessas localidades e seus donos, listamos aqui esses bens de raiz do falecido: Sítio denominado “Alto do Rodrigues” no município de Macau, compreendendo uma posse das sobras das terras do antigo Sítio “Sacco”, comprada a Rufino Álvares Clavassino Costa; noventa e seis braças de terras, no lugar denominado Ponciana, do município de Macau, comprada a João Albano Cabral e sua mulher (Justina Maria da Conceição); mais seis braças e meia de terras, no mesmo lugar Ponciana, a margem do Rio Assú, extremando-se com a terra de Theodoro Alves Guimarães, compradas aos herdeiros de Francisco de Sales Urbano; 22 braças de terras, em Macau, a margem direita do Rio Assú, comprada a Dona Josefa Ferreira Monteiro; nessa mesma Tabatinga, 12 braças de terras compradas a Dona Anna Rosa Fernandes de Jesus; nessa mesma Tabatinga, 14 braças de terras, compradas a Manoel Joaquim de Lima; 30 braças de terras, nessa mesma Tabatinga, compradas a Jerônimo Fernandes Gomes; meia braça de terras, na Tabatinga, comprada a Manoel Luiz Ferreira das Neves; 43 e 1/2 braças de terras no lugar denominado Buraco do Estevam, compradas a José Francisco dos Anjos; uma parte de terras em Gaspar Lopes, município de Angicos, comprada a Francisco Quilidônio da Costa Machado; duas partes de terras, no lugar denominado de Serra Aguda, município de Angicos, compradas a Francisco Xavier da Cunha Vasconcelos; 400 braças de terras, com fundos de 4 500 braças, no lugar denominado Baixa do Pau Branco, comprada a Francisco da Rocha Freire Cabeleira; uma posse da data de terras Curralinho, em Angicos, atualmente denominada Santa Rosa, comprada a Francisco Xavier de Souza e sua mulher; Uma parte de terra, no lugar denominado São Julião, comprada a Julião Barbosa de Souza e sua mulher.

Joaquim Rodrigues Ferreira era filho do português Manoel Rodrigues Ferreira e da assuense Izabel Martins Ferreira, que foram moradores na Ilha de Manoel Gonçalves.
Herdeiros de Joaquim Rodrigues Ferreira

24/11/2014