20/01/2021

 


A nova invasão dos bárbaros

Tomislav R. Femenick – Historiador, mestre em economia com extensão em sociologia

 

No decurso do século XVIII, dois acontecimentos marcaram para sempre a história da democracia. O primeiro foi a independência dos Estados Unidos, não pela independência em si, mas pelo ideário que a norteou. Exemplo é o preâmbulo da Constituição norte-americana, datada de 1787, que diz que seu objetivo é “formar uma União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a tranquilidade interna”. Isso já é suficiente para comprovar sua importância. Entretanto, há outro aspecto: ela dá relevância ao poder legislativo, já no seu artigo primeiro.

O segundo fato foi a Revolução Francesa, de 1789, no que pese os seus aspectos de barbárie, notadamente os guilhotinamentos em massa, que mataram, inclusive, alguns revolucionários. Os objetivos iniciais da revolta eram acabar com os privilégios; da aristocracia, dos senhores feudais e da alta cúpula religiosa. Todavia houve um desvirtuamento, levado a efeito por grupos radicais e por uma intensa luta intramuros pelo poder. Terminou prevalecendo o legado de seu lema: “liberdade, igualdade e fraternidade”, em uma sociedade de cidadãos livres. Há uma infinidade de estudos e livros sobre a Revolução Francesa, todos terminando por nos levar à situação de respeito às regras da boa política, na terra das luzes.

Já nos Estados Unidos a coisa não foi bem assim. Embora a 14ª emenda (1868) da Constituição afirmasse que todos os cidadãos eram iguais perante a lei, e a 15ª (1870), que o direito de voto “não poderá ser negado [...] por motivo de raça, cor ou de prévio estado de servidão”, para que esses direitos fossem exercidos, foi preciso uma guerra, a Guerra da Secessão, de 1861-1865, e muitas outras lutas e mortes, inclusive a de Martin Luther King. O fato é que a sociedade americana é complexa e de difícil compreensão.

Dentre muitos, dois grandes pensadores se debruçaram sobre a formação e funcionamento daquele que hoje é o mais importante país do mundo, quer pelas suas forças econômica e bélica ou (meio que incompreensível) por ser o esteio da democracia. O primeiro foi o francês Alexis de Tocqueville, em seu magnifico “A Democracia Americana”, de 1832. O segundo foi o alemão Max Weber, em seu profundo estudo “A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, de 1904/1920. Entre outros aspectos, ambas as obras pesquisam o sistema produtivo. O primeiro, baseado na escravidão e sua resistência; o segundo, na força operária e suas organizações sindicais. Em ambos há, também, uma abordagem subliminar, se não direta, sobre as instituições política. Entretanto, o que esses pensadores europeus visaram com seus estudos foi encontrar a base da sociedade norte-americana, as pessoas. E encontraram a persistência, a tenacidade e o destemor, não importando se o ponto de partida, as ideias que tenham dado origem às ações, sejam certas ou erradas.

Exemplos há muitos. Abolida a escravidão, permaneceu um sistema de segregação contra os negros. Os linchamentos de negros aconteceram até meados do século passado. O remédio contra greves era a polícia, o que aconteceu com a greve do dia 1º de maio de 1886 em Chicago, que terminou com inúmeras mortes (dos trabalhadores, é claro). Não foi senão um estado de violência mental que gerou o assassinato, de quatro presidentes – Abraham Lincoln (1865), James Garfield (1881), William McKinley (1901) e John Kennedy (1963). Em 1981, Ronald Reagan teve o pulmão perfurado por uma bala, mas sobreviveu.

 Agora ocorre um fato mais tresloucado: o próprio presidente incitando o povo a invadir o Capitólio, o prédio do parlamento, numa nova invasão bárbara. Nem um pensamento louco demais imaginaria isso. Mas Donald Trump pensou.

O impressionante é que os Estados Unidos, durante todo o tempo de sua existência, sempre foram considerados o sustentáculo da democracia no mundo. Enfrentou a Alemanha Nazista e foi peça fundamental para a vitória dos aliados; financiou e participou da recuperação do Japão e das nações europeias afetadas pela guerra; enfrentou, também, a URSS durante a guerra fria; hoje se contrapõe à China comunista.

 

Tribuna do Norte. Natal, 20 jan. 2021.


16/01/2021

 DIA 15 DE JANEIRO DE 2021

GOVERNADORA FÁTIMA BEZERRA E O VICE-GOVERNADOR ANTENOR ROBERTO INAUGURAM MELHORAMENTOS NA PRAÇA PADRE JOÃO MARIA, JUNTAMENTE COM O PRESIDENTE ORMUZ BARBALHO SIMONETTI E ARMANDO HOLANDA, DO IHGRN.



POSTERIORMENTE FAZEM VISITA AO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE PARA COMUNICAR LIBERAÇÃO DE RECURSOS PARA EMPREENDIMENTO DO IHGRN COM RECURSOS DO ESTADO E OUTROS OBTIDOS PELO SENADOR JEAN PAUL PRATES



Dirigentes do Governo: Governadora e Vice, Crispiniano Neto da FJA e Dirigentes do IHGRN
Ormuz Barbalho Simonetti, Carlos de Miranda Gomes e Armando Holanda





Dirigentes das citadas Instituições e o Senador Jean Paul Prates


Dirigentes e várias autoridades como o Representante da Caixa Econômica, parceira dos empreendimentos.




 DEUS AUSENTE 


Valério Mesquita

O “Silêncio de Deus” é a obra do professor, advogado e pesquisador Francisco de Assis Câmara, que li recentemente. O tema traduz inquietante narrativa sobre a manifesta permissão de Deus para os desastres e holocaustos que vitimam, ao longo do tempo, milhões de seres humanos. E baliza o funesto aniquilamento da espécie desde as cruzadas, a inquisição, a barbárie das mortes por inanição e violência política, no continente africano, até o sacrifício de populações pelos continentes destacando, com ênfase, o extermínio dos judeus na Segunda Guerra Mundial. 

O trabalho de Assis, escrito ao mesmo tempo em verso e prosa revela, perfeita sintonia e domínio sobre a temática teológica, oferecendo original simultaneidade de estilos literários. Coisa rara nos dias de hoje. Preservou nessa dimensão mágica da linguagem a profunda frustração, o medo e ao mesmo tempo a esperança cristã que não perde a fé no reino de Deus. A retórica sobre as dúvidas, a fuga, o silêncio e a indiferença do Altíssimo ante as pavorosas catástrofes estão fincadas na pergunta do Vaticano: “Onde estava Deus naqueles dias?”.

Deus testemunhou a muitos profetas os seus desígnios, a sua justiça, através de atos e milagres. Jesus Cristo, no Novo Testamento, redimensiona o Espírito do Pai com nova roupagem de amor e de perdão. Enfim, a boa nova cristã. Mas, é no discurso do papa Bento XVI, durante a sua visita ao campo de concentração de Auschwitz-Bikenau, em 28 de maio de 2006, que se desenvolve toda a ansiedade do autor, na busca de “perscrutar o segredo de Deus” e por que foi tolerante ao permitir o triunfo do Maligno.

Em resumo, o sumo pontífice não poupou o seu silêncio quando procurou diferenciar a própria condição de líder espiritual com a de homem diante da angústia insuportável: “Quantas perguntas surgem neste lugar! Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar esse excesso de destruição, esse triunfo do Mal?” E citando o Salmo 44, o papa repetiu o versículo: “Desperta, Senhor por que dormes?” E corrigiu, mais adiante, a sua capacidade de se indignar, a exemplo de Jesus Cristo na cruz quando soltou o grito dilacerador até hoje: “Senhor, por que me abandonastes?”. E acrescentou Bento XVI: “Nós não podemos perscrutar o segredo de Deus, pois vemos apenas fragmentos e enganamo-nos pretendendo eleger-nos juízes de Deus e da história”.

Após haver concluído a minha reflexão sobre tudo, consultei a maior e a melhor fonte: a Bíblia Sagrada, não obstante o autor citar dezenas de filósofos, luminares do pensamento humano desde a Antiguidade até os nossos dias. Aprendi que é a leitura que faz o crente. Nela reside não apenas a palavra de Deus e dos profetas, mas se pode dela fazer uso literário, histórico, biográfico, além de permanente energia de inspiração para milhares de escritores, seguidores e leitores desde os primórdios do tempo. Fui achar no Deuteronômio, o quinto livro do maior de todos os profetas, Moisés (o que falava com Deus), no capítulo 29, 29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”.

Em Isaias, capítulo 43, 11 e 13, respectivamente: “Eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador”, “Ainda antes que houvesse dia, eu sou, e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” O Salmo 115, 2 e 3: “Por que dirão as nações: Onde está o seu Deus?”. “Mas o nosso Deus está nos céus; faz tudo o que lhe apraz”. Estavam na Bíblia as humanas perplexidades, tudo na base do somente Deus é quem sabe. Ele sempre esteve no comando.
Por último, vale a pena reler Mateus, capítulo 27, 24 e 25: “... Pilatos lavou as mãos perante o povo, dizendo: ‘Estou inocente do sangue deste justo...’ E o povo todo respondeu: ‘Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos’”. Seria um carma? Não posso responder.

(*) Escritor

11/01/2021

 



Augusto Severo de Albuquerque Maranhão


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Augusto Severo de Albuquerque Maranhão
Nascimento11 de janeiro de 1864
Macaíba
Morte12 de maio de 1902 (38 anos)
Paris
Nacionalidadebrasileira
Ocupaçãopolítico
jornalista
inventor
aeronauta

Augusto Severo de Albuquerque Maranhão (Macaíba11 de janeiro de 1864 — Paris12 de maio de 1902) foi um político e inventor brasileiro.

Biografia

Augusto Severo de Albuquerque Maranhão foi o oitavo dos quatorze filhos de Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão (1827-1896) e Feliciana Maria da Silva de Albuquerque Maranhão (1832-1893). Realizou seus estudos primários em Macaíba (RN), e os secundários no Colégio Abílio César Borges, em Salvador. Em 1880, viajou para o Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, e iniciou seus estudos de engenharia na Escola Politécnica.

Os primeiros projetos aeronáuticos

Motivado pelos trabalhos em aerostação do inventor paraense Júlio César Ribeiro de Souza, que apresentou um projeto de dirigível ao Instituto Politécnico Brasileiro em 1881, Severo passou a se interessar pelo voo, realizando observação de aves planadoras e construindo pequenos modelos de pipas, uma das quais denominou Albatroz. Em 1882, passou a lecionar matemática no Ginásio Norte Riograndense, de propriedade de seu irmão Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, acumulando a função de vice-diretor.[1] No ano seguinte o ginásio fechou e Severo dedicou-se ao comércio, primeiro como guarda-livros da empresa Guararapes e mais tarde, seguindo os conselhos do irmão Adelino, associou-se à firma A. Maranhão & Cia. Importadora e Exportadora até 1892. Em 1888, casou-se com a pernambucana Maria Amélia Teixeira de Araújo (1861-1896), com quem teve cinco filhos. No ano seguinte, passou a escrever artigos para o jornal A República, antimonárquico, do irmão Pedro Velho, e projetou um dirigível que incorporava ideias revolucionárias, o Potyguarania, o qual, porém, nunca chegou a ser construído.

Política

Em 1892 Augusto Severo abandonou de vez a carreira comercial para dedicar-se à política, onde lhe estava reservado o mais honroso papel. Eleito deputado ao Congresso constituinte que organizou o Estado, teve, em 1893, de preencher a vaga aberta na Câmara dos Deputados Federais pela eleição do Dr. Pedro Velho para o cargo de governador do Estado do Rio Grande do Norte. A passagem de Augusto Severo pelo parlamento brasileiro ficou assinalada por projetos que viraram leis no país, por trabalhos nas comissões de orçamento, de tarifas e de marinha, sobretudo nesta, onde revelou tais conhecimentos náuticos que chegava muitas vezes a ser apontado para o cargo de ministro da marinha, com o aplauso dessa força. Defendeu projetos relativos ao saneamento público, de assistência à infância e de proteção aos operários dos arsenais.[2]

O dirigível Bartholomeu de Gusmão

Em outubro de 1892, ouvida a opinião favorável de abalizados professores da Escola Politécnica, concedeu o Governo um auxílio pecuniário para que Augusto Severo de Albuquerque Maranhão pudesse mandar fazer na Europa um aeróstato dirigível de sua invenção que incorporava as ideias que havia desenvolvido anteriormente. A esse aeróstato deu o nome de Bartholomeu de Gusmão, em homenagem ao inventor luso-brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão, que apresentou em 1709, diante da corte portuguesa, um pequeno balão de ar quente batizado Passarola. O dirigível Bartolomeu de Gusmão introduzia um conceito novo. Era um aparelho semirrígido, em que o grupo propulsor estava integrado ao invólucro através de uma complexa estrutura trapeizodal em treliça. O invólucro foi encomendado à Casa Lachambre, a principal firma de Paris especializada na construção de balões e, de propriedade de Henri Lachambre. Numa carta escrita da França e datada de 5 de dezembro de 1892, Maranhão explicou os princípios da aeronave:

Estabeleceu como princípio a ciência que a navegação aérea dependia da possibilidade de se obter a justaposição dos centros de tração e resistência. Com efeito, produz esta justaposição uma diminuição considerável de resistência e faz desaparecerem as rotações perturbadoras do movimento do aeróstato, rotações que se dão quando a força propulsiva não se acha colocada sobre a resultante das resistências desenvolvidas. Ora, foi essa justaposição que consegui obter no meu aeróstato. As características do meu invento, denominado 'Sistema Potiguarânia', são estas:
1ª. Os meios empregados para fazer coincidir a força de propulsão com a resultante das resistências, pela combinação de um aeróstato, de forma ovoide, e de uma carcaça sólida, de metal ou de qualquer outra matéria, cuja haste superior se vá apoiar no fundo de um bolso, feito em todo o comprimento do aeróstato, e que sustenta, de um lado a hélice, e posto no prolongamento da referida haste, e do outro a barquinha e os demais órgãos.
2ª. A disposição especial do leme, também sustentado pela carcaça sólida, e formado de duas asas que, na ocasião da subida do aeróstato, ficam verticalmente para não dificultarem a ascensão. Estou inteiramente convencido de que governarei o meu Bartholomeu Dias [sic] com uma velocidade de 15 a 20 m/s, podendo aumentá-la até 50 m/s. O meu sistema já está privilegiado em França. Conto chegar ao Rio em fevereiro para fazer aí a primeira experiência pública do meu invento.[3]

O balão, de cerca de 2.000 m3, medindo 60 m de comprimento, chegou ao Brasil em março de 1893]. A estrutura em treliça, inicialmente projetada para ser executada em alumínio, foi construída no campo de tiro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, assim como a montagem de uma usina para a produção de hidrogênio. A falta do material previsto para construção da estrutura fez com que Severo alterasse o projeto, construindo a parte rígida do aparelho em bambu. Tratava-se de uma estrutura complexa que deveria suportar o motor elétrico com as baterias e os tripulantes e, além disso, apresentar resistência suficiente para aguentar os esforços durante o voo.

Só em 1894 o Bartholomeu de Gusmão realizou as primeiras ascensões ainda como balão cativo e mostrou-se estável e equilibrado, demonstrando que a concepção proposta por Severo era adequada para o voo. A introdução de uma estrutura semirrígida integrada ao balão permitia que a hélice propulsora ficasse alinhada ao eixo longitudinal do invólucro, evitando assim que o aparelho apresentasse uma tendência de levantar a frente quando o motor fosse acionado. O problema, conhecido como tangagem, comprometia o equilíbrio e reduzia substancialmente a velocidade. Mas antes de o dirigível ser testado livre das amarras, uma tempestade destruiu o hangar e a aeronave.

Novos inventos

Em 19 de abril de 1896, no Rio de Janeiro, Augusto Severo pediu patente para um “turbo-motor com expansões múltiplas e continuadas”, concedida no dia seguinte, às 12h40min (n 2.940). Em 20 de outubro desse ano sua mulher faleceu, após o que Augusto Severo iniciou um relacionamento amoroso com Natália de Siqueira Cossini, de origem italiana, com a qual teria dois filhos. Em 27 de julho de 1899, no Rio de Janeiro, Severo patenteou um novo balão dirigível, o Paz (posteriormente o nome foi latinizado para "Pax"), e em 23 de julho de 1901, uma "máquina a vapor rotativa e reversível", com a qual os navios poderiam atingir velocidades maiores.

O dirigível Pax

Ver artigo principal: Pax (dirigível)
Dirigível Pax.

Em fins de 1901, Severo licenciou-se da Câmara para viajar para a França e aí se dedicar à construção de um novo semirrígido, o Pax, inflado a hidrogênio. Ele queria concorrer ao Prêmio Deutsch, que premiaria com 100.000 francos aquele que fizesse um voo comprovadamente dirigido. O novo aparelho não tinha leme de direção e usava ao todo sete hélices: uma na popa, outra na proa, outra na barquinha e quatro laterais. Severo pretendia usar motores elétricos, mas a falta de recursos e de tempo fez com que ele optasse por dois motores a petróleo tipo Buchet, um com 24 cv e o outro com 16 cv. O invólucro tinha a capacidade de 2.500m3, com 30 m de comprimento e 12 no maior diâmetro. Os ensaios foram realizados nos dias 4 e 7 de maio de 1902, com sucesso.

Morte

Restos do Pax na Avenida du Maine (12 de Maio de 1902).

No dia 12 de maio de 1902, tendo como mecânico de bordo o francês Georges Saché, o Pax decolou às 5h30, saindo da estação de Vaugirard, Paris. Elevou-se rapidamente, atingindo cerca de 400 m. Cerca de dez minutos após o início do voo, o Pax explodiu violentamente, projetando os dois tripulantes para o solo. Severo e Saché morreram na queda. Os restos do dirigível caíram na Avenida du Maine. A catástrofe do Pax teve um impacto enorme. Natália, que assistiu à queda, não se recuperou e, após retornar ao Brasil, suicidou-se com um tiro no coração em 23 de junho de 1908, aos 30 anos de idade.[4] A configuração proposta por Severo, de um dirigível semirrígido, foi revolucionária e influenciou o desenvolvimento dos dirigíveis nas décadas seguintes.

Homenagens

Em 12 maio de 1902, duas ruas em Paris, próximas ao local do acidente, foram nomeadas Rue Severo e Rue Georges Saché, em homenagem aos aeronautas acidentados. Naquele mesmo ano, o cineasta Georges Méliès dirigiu o curta-metragem La Catastrophe du ballon "Le Pax" sobre o acidente.[5]

Uma placa de mármore no nº 81 da Avenue du Maine, em Paris, celebra hoje o local do acidente de Augusto Severo.[6]

aeroporto de Parnamirim (Rio Grande do Norte), foi batizado como Aeroporto Internacional Augusto Severo em sua homenagem.

Existe, desde 1904, uma praça que leva o seu nome, A Praça Augusto Severo está localizada no bairro da Ribeira em Natal.

Em 1903, o Deputado Luís Pereira Tito Jácome mudou o nome do município de Campo Grande para Augusto Severo, o nome Augusto Severo permaneceu até 1991 quando o município voltou ao seu nome original.

Desde 1909 existe a Escola Estadual Augusto Severo na cidade do Natal, no bairro de Petrópolis. A escola foi pioneira no Ensino de Surdos no Rio Grande do Norte.

Em 1913 a praça Augusto Severo ganhou uma estátua de bronze de Augusto Severo, que foi inaugurada no dia de sua morte.

Em Natal perto da praça que leva o seu nome existiu o Grupo Escolar Augusto Severo,[7] inaugurado em 1908. Entre 1956 e 1974, este espaço também funcionou a Faculdade de Direito de Natal. Hoje em reforma o prédio irá se torna o Centro dos Direitos Humanos e o Museu do Advogado do RN

Em 1936 foi homenageado com a Honra de ser o Patrono da cadeira número 4 da Academia Norte-Riograndense de Letras .

Referências


Wikipedia

07/01/2021

 ONDE ESTÃO OS DISCOS VOADORES?


Valério Mesquita*

O oculto está à nossa volta. O mistério circunda as nossas vidas. Quando Jesus virá novamente? Quero trazer sempre à memória aquilo que me dá esperança. Por isso, creio no invisível para não me suicidar no palpável. O visível encerra vícios redibitórios. Mas, também, sem ser ufólogo, preocupo-me com os extraterrestres que sobrevoaram o mundo tantas vezes e hoje, em que galáxia se escondem? Desde o início do século vinte, ocorrências de objetos voadores não identificados foram manchetes de jornais em todo o mundo. Avistados por milhares de pessoas, fotografados, filmados, televisionados e até restos de naves foram recolhidas para exame, sem explicações satisfatórias até agora.

Observador atento dos canais de televisão nacionais e internacionais e dos jornais, nunca mais tomei conhecimento de nenhuma aparição luminosa nos céus que me devolvesse a curiosidade cientifica ou a percepção da existência de seres interplanetários, como aprendi na meninice com Flash Gordon. Outros, impressionados, chegaram a indagar: “Seriam os deuses astronautas?” A terra, pelos seus governos, preocupou-se bastante, por décadas, com os recados dos céus. 

Mas, surpreendente e inimaginável é o fato dos discos voadores não aparecerem mais no firmamento. Não há mais registros, nem aqui, nem alhures, como dizia o esotérico e saudoso Marlindo Pompeu.

O sentimento atávico do homem pelo sobrenatural não é apenas bíblico. Remonta às civilizações pagãs que procuravam ler e decifrar o que se achava escrito nas mais remotas estrelas. Os astrólogos, os poetas, os feiticeiros, todos, usaram as sombras, os símbolos e os fantasmas do espaço infinito como veículos cambiantes de suas crenças. E como eram líricas as circunvoluções dos discos a ponto de me induzir a voar com os marcianos (planeta Marte), de onde achávamos provenientes. A chegada do homem à lua, vaga, vazia e vadia, muito me decepcionou. Tornou-se um celeste santuário mórbido, seduzido e abandonado.

Onde estão os objetos voadores não identificados? Por que não se comenta mais sobre eles? Não posso crer que tudo foi uma farsa. Ilusão, obra inventiva do homem. Que doce e sedutor enigma não vestiu os dias e as noites do mundo no século vinte! Resta-me indagar sobre o silêncio, a invisibilidade, o desaparecimento e o mistério que ficou de tudo isso. Persiste algo oculto por acontecer? Continuamos sozinhos no universo? O ser humano não pode viver sem mistério, sem verdade de fé inacessível à razão. E viva a ufologia!



 

imagem da internet

Uma visita à Casa de Pedra do Pium

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes,

Membro do IHGRN/ANRL/AML/ALEJURN

Aproveitando o veraneio em Cotovelo fizemos uma visita a um local histórico de Pium – A Casa de Pedra construída pelos franceses para depósito de pau Brasil em 1570, depois incorporada ao acervo do francês João Lostão Navarro que a transformou em depósito de mercadorias, conforme Carta de Data nº15, de 1º de março de 1601, concedida por João Rodrigues Colaço, acrescentada a outras sesmarias que o mesmo já possuía, onde teve morada de 1603 a 1645. Essa construção recebeu outras denominações como Porto de Búzios, Casa Forte de Pirangi e Casa da Praia do Porto Corado (ao tempo da Companhia das Índias Ocidentais – invasão dos holandeses).

Esse monumento arquitetônico, com cerca de 338m2 tem enorme importância histórica por ter sido das mais antigas construções em alvenaria do Brasil, utilizada como armazém e forte, onde Lostão dava proteção aos cristãos perseguidos por Jacob Rabi, em decorrência do que foi preso na Fortaleza dos Reis Magos e de lá levado para Uruaçu onde foi trucidado juntamente com outros cristãos católicos, sendo declarado mártir da Igreja, sendo meu parente por parte de mãe, segundo pesquisa em meu poder.

De lamentar o absurdo descaso do Município de Nísia Floresta por essa construção secular da engenharia brasileira, pois o acesso é um risco - verdadeira aventura pela sua irregularidade e dimensão do acesso que comporta somente uma viatura – verdadeiro caminho só para animais.

É preciso que os órgãos de turismo acrescentem a Casa de Pedra de Pium em uma de suas atrações turística da região, fazendo um caminho que permita fácil acesso e atraia a população e visitantes para tão belo lugar, de onde se avista os limites marítimos entre a curca de Pirangi à de Ponta Negra – rota dos holandeses.

Este meu comentário não significa uma simples crônica, mas um verdadeiro Memorial para pedir o reconhecimento desse lugar extraordinário como de importância histórica singular.

Conclamo as populações de Nísia Floresta e Parnamirim, a PROMOVEC e outras entidades interessadas no resguardo da história, particularmente a Secretaria de Turismo do Estado do Rio Grande do Norte, o Conselho Estadual de Cultura e o Instituto Histórico e Geográfico do RN para tomarem uma providência definitiva e urgente sobre essa histórica Construção.

Enquanto isso não acontece solicito a atenção dos moradores e veranistas de Cotovelo e Pium para visitarem esse monumento histórico.

 




PASTORADOR DE AURORAS
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
A visão de quem passa pelo empório dos Guarapes (Macaíba) testemunha um tipo inexprimível de mistério, grandeza e história, que não se manifestam, apenas, na visibilidade dos olhos. Espelho e sombra nos envolvem totalmente. Reflete a casa perdida da infância de qualquer um de nós, mesmo que distem quase duzentos anos de nascença. As cores da vida vem de dentro. Ao derredor da construção principal, aflora o lirismo vegetal e memórias mil de luar. Diante dos Guarapes paraliso o meu corpo e silencio a boca, ante a emoção e a paz emblemática onde nascem, depois, todas as palavras. Templário erguido ao comércio, ao labor, a vida, a riqueza, ao capital, nele, somente restando, hoje, a raiz e o cupim, sem jardim, sem teto, gasto em sombras, sem rumor, apenas um eco antigo e longínquo da voz imaginária do grande capataz dos mistérios circundantes: Fabrício Gomes Pedroza.
“Feliz do homem que conhece a terra onde será enterrado”, disse o saudoso Dom Nivaldo Monte, já perto de sua partida e despedida. Ele não tinha nas mãos o acento da desesperança. Reescrevi hoje novo texto sobre os Guarapes movido pela aflição de um vento novo, ressurgente, após a longa noite da burla, do engodo e do humano ressentimento. Segundo os pesquisadores, os técnicos, as prospecções ao redor da área indicam um dominó de ocorrências ainda desconhecidas. Estão invisíveis, dissipadas e espalhadas no ar fino das brumas do rio Jundiaí soprando na paisagem do nunca mais. Queremos vê-la restituída, reerguida, alongada até o antigo cais e a capela, até desfazer todas as incertezas. Tudo, para sentirmos o peso da criação do homem que investiu e inovou a economia de Macaíba e do Rio Grande do Norte.
No esforço criativo de restaurar os Guarapes, congregam-se neste ano da paz de 2021, verdadeira confraria habituada as longas viagens repetidas. Para essa plêiade não interessa equívocos e maus murmúrios. Basta que a lembrança retorne submissa na velha casa que repousa em clarões e longos silêncios. Sobre a história do monumento já falei em textos anteriores. Após os gemidos, resta-me, agora, a alegria de haver achado o caminho. Um outro rumor intemporal já escuto e já me revejo diante de um espelho de sustentação. A porta que abriu não me traz enganos. As primeiras imagens dos Guarapes reconstruído renasceu dessa porta. E logo eu que me achava perdido, volto a perceber que não estou só. Estava exausto de ser enganado. Hoje, consegui a vontade política e a sensibilidade de fazer, dos que estão no poder.
A constelação de todos que se mostram envolvidos na obra constitui o fulgor da partida, do início de uma peleja. Naquela colina se ouvirão, logo mais, vozes diárias entre arcos voltaicos de sua beleza e significado para a história do Rio Grande do Norte. Dede o tempo dos holandeses, do temível Jacob Rabbi, disse-me o geólogo Edgar Ramalho Dantas que os Guarapes e Jundiaí, juntos, desafiam os estudiosos pelo circuito de circunstâncias no chão sagrado dos antepassados, a suscitarem descobertas, grutas, ecos irresignados, águas novas e subterrâneas. Atravessando o rio, vê-se de frente o memorial de Uruassu, santuário dos mártires e bem perto dali as ruínas de Extremoz. Para trás, o Solar do Ferreiro Torto, já restaurado. Chega-se a conclusão que o entorno de Natal, naquele tempo foi o maior teatro de operações da produção de alimentos, comércio, moldura de dissídios e lobisomens, que somente os Guarapes renascido pode restituir pelo olho e o tino do estudo e da pesquisa, já em campo.

(*) Escritor.