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13/01/2014

Antigos armazéns de tecidos

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br


Nos antigos armazéns varejistas do Brasil Colonial vendia-se de tudo: gêneros alimentícios; pólvora; ferragens; instrumentos agrícolas; artigos de couro; calçados; fazendas; roupas; pedras de fogo; sabão em pedra; bacias; urinóis; estojos de navalha; canivetes; tesouras e facas; louças chinesas, inglesas ou francesas; caixas para rapé; chapéus; etc.
Nesse artigo iremos abordar apenas os tecidos que eram vendidos nesses estabelecimentos, a grande maioria de procedência europeia ou asiática, vendidos a retalho nos armazéns/ armarinhos:
Azulão: tecido grosso de algodão, na cor azul, fabricação inglesa.
Pano de algodão: tecido grosso de algodão, usado para confecção de roupas brancas, lençóis...
Baeta: variedade grossa de tecido felpudo de lã, artigo bom e caro.
Bretanha: variedade de tecido de linho e de algodão de boa qualidade.
Canequim: fino tecido de algodão, manufaturado na Índia.
Cobertor de Papa: tecido de lã felpuda e de qualidade inferior.
Durante: variedade de tecido de lã grossa, lustroso como o cetim.
Ganga: tecido de algodão, forte e durável, de procedência chinesa.
Ganguineta: certo tipo de tecido de ganga, em tom escuro.
Pano de linho de freira: tecido de linho muito fino, utilizado pelas freiras e monjas para confecção de certas peças do hábito.
Pano patente: tecido de algodão, de boa qualidade, fabricação inglesa.
Parche: pedaço de tecido fino como o tafetá.
Pano riscado: certa variedade de tecido de algodão – existia também o pano riscado de linho.
Pano de linho: tecido de linho, branco ou de cor.
Pano da Holanda: tecido de linho de trama muito fechada. Havia vários tipos.
Morim: uma variedade de tecido de algodão, normalmente na cor branca.
Chita: uma variedade tecido de algodão de qualidade inferior. Muito usada era a chita estampada em cores vivas, berrantes.
Cassa: tecido de algodão ou linho, fino, leve e transparente, de procedência asiática.
Cambrainha: variedade de cambraia – tecido fino e transparente, de boa qualidade, possivelmente fabricado de linho.
Estopa: tecido forte de grossos fios de linho.
Pano amarelo fino: um tecido que poderia ser de linho, lã ou algodão, na cor amarela.
Pano largo: outra variedade de tecido de algodão, linho ou lã, mais largo que os demais.
Fustão: tipo de tecido de algodão, seda, lã ou linho, que apresentava em sua textura cordões justapostos.
Surrete: tecido de algodão provavelmente originário de antiga feitoria portuguesa de Surrete, na Índia.
Droguete: tecido de lã que, quanto mais encorpado, melhor.
Canequim: fino tecido de algodão, fabricado na Índia.

Essas eram as fazendas da moda entre as últimas décadas do século XVIII e as primeiras do século XIX. Muitas dessas denominações persistem para alguns desses tipos de tecidos, enquanto que outras caíram em desuso e são totalmente desconhecidas nos dias de hoje.
Além desses tecidos de algodão, linho, seda e lã, os varejistas negociavam outros artigos relacionados ao vestir - rodaques, rabonas, jalecos, calções, véstias, fraques, vestidos, camisas, capas, ceroulas, meias, calças, chapéus, chinelas, botas, sapatos, lenços, mantas, cobertores, bengalas, dragonas, cabeleiras, guarda-sóis...
Roupas de cama e mesa também eram vendidas nesses locais, como: lençóis e fronhas, toalhas de mesa e guardanapos de tecidos.

E, claro que não poderiam faltar, artigos e aviamentos para costura: agulhas, linhas, botões, fitas, colchetes, alfinetes e retroses, etc.

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