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30/09/2017

VALÉRIO


LEIAM OS SALMOS
Valério Mesquita*
Não sou pastor nem vigário, mas leiam os Salmos. No livro dos Salmos, basicamente, os gêneros vão desde os hinos de louvor, de lamentos, de ação de graças, de confiança, sapiências, até aqueles de estilo poético. Não é  à  toa  que  o  próprio Martinho Lutero classificou-os como “uma pequena Bíblia e resumo do Antigo Testamento”. E Jesus Cristo, após a sua ressurreição, falou aos seus discípulos que “importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44). Outro ponto alto da importância dos Salmos está expresso na revelação dos teólogos e estudiosos das Sagradas Escrituras de que “a vinda de Cristo, o seu sofrimento e a sua glória” se acham neles explícitos tanto quanto em todo o Antigo Testamento. É só ler para crer.
O nome Salmos significa Cânticos que podem ser vocais ou instrumentais. Não estou catequizando ou doutrinando. Assevero que posso laborar em equívoco ante a erudição dos teólogos católicos e/ou evangélicos. A abordagem do tema é meramente formal, entusiástica, por me deter encandeado e seduzido pela beleza literária da poesia hebraica de saudação e glória ao Senhor. Evidente que outras passagens de extremo encantamento e excelsa espiritualidade são notórias no Novo Testamento, nos Evangelhos até nas Epístolas, passando pelos Atos dos Apóstolos. Nenhum livro profano do mundo, em todos os tempos, exprimiu tanta sublimação e beleza estética do que a Bíblia. Não me repreendam os mestres da doutrina cristã porque olvidei os livros do Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, Samuel I e II, Reis I e II, Jó, Provérbios, Eclesiastes e os profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, só para citar estes, porque todos são grandes.
 A Bíblia é o repertório de tudo o que depois se escreveu em todas as literaturas do mundo, até hoje. Alguém poderá aduzir que tudo nela foi ditado pelo Espírito Santo, daí a sua extraordinária coerência e monumental fidelidade como legado de Deus à humanidade. Apenas, este pobre texto, que não é ensaio e nem muito menos crítica (quem sou eu!), mas um desejo, também, dirigido a todos para que se harmonizem com os desígnios de Deus. Em Efésios 2.8 e 9: “A salvação é pela graça através da fé”. Se Paulo assim se expressou quando o mundo era menor e menos habitado, tal assertiva é válida para os nossos dias de superpopulação, de milhares de problemas, pecados, mortes, destruições, porque o ser humano é o mesmo, apesar de bilhões terem se animalizados. “Todas as nações estarão representadas no céu” (Apocalipse 5.9; 7.9; 21.2226). Quem vai julgar, a meu ver (sublinhe-se), o conflito religioso palestino não será a ONU, pois é subserviente e ineficaz, – mas, sim, o próprio Deus Trino.
Volto-me para os Salmos. Ao seu deleite, a formidável energia cósmica que eles encerram. Retorno à visão e antevisão dos seus testemunhos, dos seus alumbramentos e de sua santidade. Davi foi o poeta maior, além de rei e pecador, rogando a Deus para apagar as suas transgressões, “segundo a multidão das tuas misericórdias” (Salmo 51). Não consigo enaltecer e destacar Davi na vitória sobre Golias, mas na humildade e perdão revelados após haver possuído Bate-Seba. Inúmeras foram os salmistas mas Davi foi o maior deles. E o Salmo 103 resume quase todos ao abordar perdão, saúde, temor, redenção, restauração, satisfação e justiça. Quando canta “Bendize, ò minha alma, ao Senhor...”, o salmista eleva a sua pequenez às alturas da imensa grandeza do Senhor dos Exércitos. Por fim, salmo bíblico é cultura literária, oração, remédio para muitas curas do corpo e da alma. Quem quiser viver lerá.


(*) Escritor

29/09/2017

Padre JOÃO MEDEIROS



TEMPOS DE DISTOPIA
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO
A filosofia e a sociologia concebem distopia como o oposto de utopia, o túmulo da esperança. Em meados do século XX, alimentávamos o sonho de mudar os costumes e a sociedade de nosso país. Éramos voltados para a utopia. Corria em nossas veias o ufanismo nacional com seus valores e ideais. Pensávamos e desejávamos um futuro próspero. O Brasil focalizou em especial um adjetivo: novo. O cinema, novo; a bossa, nova; o projeto de desenvolvimento liderado por Celso Furtado, igualmente fértil e novo.
Vivemos agora tempos distópicos, ou seja, de descrédito, apatia, indiferença, depressão individual e social. O autor do Eclesiastes padeceu desse mesmo sentimento de desânimo: “Todas as palavras estão gastas... O que foi é o que será; o que se fez é o que se fará. Nada de novo sob o sol!” (Ecl 1, 8-9). Da mesma forma, nossa pátria hoje se ressente de incredulidade, está pobre de espiritualidade e distante de Deus.
O monge cisterciense Thomas Merton, inspirado em John Donne, dizia que “Homem algum é uma ilha”. No reino animal, somos as criaturas que mais necessitam de proteção e cuidados, por isso buscamos o próximo. Levamos cerca de duas décadas para atingir a maioridade. A natureza humana convida-nos à solidariedade. No entanto, a desesperança leva-nos a ficar isolados em nossos medos e inseguranças. Sabemos o que não queremos e manifestamos o nosso desagrado, a nossa frustração e indignação. No entanto, sentimo-nos impotentes e poucas vezes podemos propor algo factível. São tempos distópicos, de desalento.
A crise é igualmente civilizatória. O mundo está dominado pelo dinheiro e pela violência. Empresas, às vezes, têm mais poder e força do que Estados e governos. Tudo é pensado em função da acumulação do capital e infelizmente a natureza é massacrada ao extremo. Sua preservação é considerada entrave ao progresso. Inverteu-se a axiologia: o ser humano existe em função desses projetos e não eles em função do homem.
O respeito está em agonia. No entanto, a espiritualidade sobrevive. Ela é a essência de nossa subjetividade, altar no qual erigimos nossos deuses. Há quem a empregue como sustentáculo de seu egoísmo e eleja o interesse egocêntrico como bem supremo. Mas, há, sim, quem a nutre em fontes altruístas, como Cristo, Buda, Gandhi e outros tantos líderes. Nossas opções dependem de nossa espiritualidade.
A mercantilização dos bens da vida e das relações humanas, a política, desprovida de sensibilidade e interesses sociais, propiciam fortemente o surgimento de religiões sem teologia, igrejas sem liturgia, fiéis sem caridade. Emerge um transcendentalismo, que atribui todos os males à luta entre o Bem e o Mal. Declina-se da responsabilidade de buscar as causas dos danos na vida humana e social. Há que se resignar à “vontade de Deus” e orar para que o milagre aconteça, afirmam os mais crentes e fervorosos.
Está se disseminando a sensação de que o Brasil acabou ou está falido. Predomina o sentimento de descrença. É a distopia reinando. Silenciamos. As igrejas, portadoras da Palavra de Deus, carecem de ânimo e de esperança, a qual é uma virtude teologal.  Revoltamo-nos com os gastos excessivos dos poderes da nação, com o estrago incomensurável da corrupção e o cinismo dos infratores, além da politicagem de interesses escusos. De resto, ficamos apopléticos e impotentes. Assim, aceitamos passivamente a perda da liberdade e da segurança, a queda dos princípios pelos interesses, do público pelo privado, do Bem pelos bens. Civilização distópica.

A esperança evapora-se. A Bíblia é rica em períodos de desalento, como o que ora atravessamos. A saída não depende apenas de nossa vontade, partido ou igreja. Ela necessita da união de todo o povo brasileiro, embasada em uma maneira honesta e digna de pensar e agir. Por isso, Jesus não teve pressa para que o Reino de Deus acontecesse logo. Adotou a única atitude que torna efetiva a esperança proposta: organizou um pequeno grupo e plantou as sementes de um novo projeto civilizatório. Este se alicerça no amor, na compaixão e na partilha. Não esqueçamos: “Se eu tiver de andar nas trevas, não temerei” (Sl 23/22, 4), pois Deus está comigo. “Coragem, eu venci o mundo”, ensinara o Mestre (Jo 16, 33).

MENSAGEM IMPORTANTE PARA OS PESQUISADORES DO IHGRN



MENSAGEM DE GUSTAVO SOBRAL (Assessor Especial da Presidência do IHGRN):

Segue informativo sobre documentos do acervo que se encontram disponíveis para consulta e pesquisa online, resultado do trabalho do laboratório de digitalização da UFRN, para se concordar, ser veiculado no blog do IHGRN. Foi escrito como um informe de divulgação com orientações.


DOCUMENTOS DO IHGRN PARA CONSULTA NO REPOSITÓRIO LABIM/UFRN

Laboratório de Imagens -Digitalização de Documentos Históricos (LABIM/UFRN), voltado para a digitalização de documentos, e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) disponibilizam para consulta, no repositório online do laboratório, material do acervo do IHGRN para pesquisa e consulta no seguinte endereço:

O trabalho continua em andamento e acreditamos que dentro em breve disponibilizaremos uma diversidade maior de material. Atualmente, constam os seguintes documentos:

CORRESPONDÊNCIAS DO GOVERNO MUNICIPAL E AS CÂMARAS MUNICIPAIS
LIVRO DE REGISTRO DO SENADO DA CÂMARA
Livro de registro de cartas e provisões do Senado da Câmara de Natal 1659-1754
REVISTAS DO IHGRN 1903-1951
TERMOS DE VEREAÇÕES 1672-1823

Solicitamos aos leitores e pesquisadores e historiadores que, caso venham a se utilizar deste acervo, resguardem o direito das fontes e respeito à lei dos direitos autorais. Contribua para disseminação e uso responsável desta documentação, prezando pela citação das fontes de pesquisa e referência as instituições mantenedora e proprietária do acervo e ao laboratório responsável pela digitalização e acesso franco e público ao material.

Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
Direção de Biblioteca, Arquivo e Museu 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de História
Laboratório de Imagens -Digitalização de Documentos Históricos.

25/09/2017



O mais completo retratoda crônica da cidade
This is the divider
Newton NavarroBerilo Wanderley e Augusto Severo Neto foram cronistas da cidade, Sanderson Negreiros e Vicente Serejo nos louvam com a sua inspiração diária. Neste volume, o melhor da crônica destes cinco cronistas da cidade

2017, Livro, O boi careta e a morte do cavalo baio. 1ed. ed.  Natal: Edufrn, 2016. Coorganização com o poeta Paulo de Tarso Correia de Melo. Publicação do livro de contos inédito de Newton Navarro. Preparação dos originais e posfácio por Gustavo Sobral. 
O livro reúne sete contos inéditos do autor. O primeiro deles, “O boi Careta”, está datado de 1949, anterior, portanto, a qualquer um livro de Navarro. A temática é o mar e o sertão. Segundo Paulo de Tarso, "é indiscutível a autenticidade dos textos considerando a estilística, a temática e a sua gênese". Acompanha o ensaio de Gustavo Sobral sobre a obra completa de Navarro.        



Newton Navarro é uma saudade. Deixou uma obra plástica e literária quando partiu em 1991.
GUSTAVO SOBRAL e o poeta PAULO DE TARSO CORREIA DE MELO apresentam agora contos inéditos do autor, nunca publicados, esquecidos há mais de 50 anos...






21/09/2017


POLUIÇÃO VISUAL
Valério Mesquita*
O rio Jundiaí, no trecho em que atravessa a cidade de Macaíba, perdeu o solo, o curso, o chão, o cheiro, a visão e é ameaça à segurança dos habitantes. Entre o parque governador José Varela e a praça Antônio de Melo Siqueira deixaram crescer no leito poluído imensos manguezais que enfeiam um dos mais bonitos logradouros urbanos. Essa selva esconde lixo doméstico, carcaças de animais, marginais do tráfico de drogas em todo o seu percurso e os galhos já ultrapassam a altura da ponte e das balaustradas. A Tribuna do Norte já publicou excelente matéria sobre tudo que ameaça e destrói os rios Potengi e Jundiaí. Mas, o foco da minha questão e, creio, dos cidadãos macaibenses, reside exatamente nesse aluvião de perguntas: por que o Idema e o Ibama não evitam, aparando, podando, somente nesse trajeto o “matagal” entre o antigo cais do porto até a outra lateral da ponte? Por que não licenciam a prefeitura para o fazer? A praça e o parque perderam o charme de antigamente. Ninguém enxerga ninguém, olhando de um lado para o outro. A conscientização ambiental deve ser obedecida até onde não prejudique a funcionalidade urbanística e o senso prático e plástico do mapa citadino.
Desde quando, em 1950, se planejou e se construiu a estrutura de pedra e cal das duas margens, o choque do progresso jamais prejudicou a superfície do rio. Nem, tão pouco, o molestaram, a expansão e o desafio do crescimento habitacional. Pelo contrário, a construção ordenou a trajetória das águas e defendeu as ruas periféricas contendo os transbordamentos. Contemplo, hoje, que os problemas das inundações estão equacionadas com a construção da barragem de Tabatinga. Por que o Idema  e o Ibama, tão preocupados com o meio ambiente, não permitem, apenas, nesse pequeníssimo trajeto fluvial, o corte da poluição visual da paisagem urbana e memorial de Macaíba?
Ali, a vegetação gigantesca e desproporcional encobre um dos pontos históricos do município. Refiro-me ao cais do porto, onde as antigas lanchas que faziam o percurso fluvial entre Macaíba e Natal: era a lancha do mestre Antônio, o barco de João Lau, além da lancha “Julita” que transportou tantas vezes Tavares de Lyra, Eloy, Auta e Henrique Castriciano de Souza, Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e tantas outras figuras notáveis da vida social, cultural, política e econômica. Todos se destacaram nos planos estadual, nacional e internacional. Ali, o centenário cais jaz sob os escombros de verdes balizas envergadas e fantasmagóricas. A visão noturna é tétrica e arrepiante. Desfigura e mutila os padrões estéticos do planejamento da urbe que a faz parecer abandonada e suja. Até a lua cheia que nasce lá por trás do Ferreiro Torto foi encoberta.
Assim como se deve obedecer à educação ambiental, do mesmo modo, exige-se o tratamento e o corte do matagal por parte do Idema e do Ibama a fim de evitar o represamento do lixo no leito, exclusivamente urbano. Nas capitais e cidades importantes do Brasil banhadas por rios não se vê tratamento tão dispersivo e indiferente da parte dos órgãos responsáveis. Sei que a prefeitura de Macaíba já postulou a solução do assunto várias vezes. Ao redimensioná-lo neste texto, cabe aos institutos prefalados uma reflexão, um reestudo sobre o cenário dantesco do rio Jundiaí na parte descrita. O povo macaibense tem o direito de ouvir e a coragem de duvidar que essa “selva amazônica” que devora e perturba a todos seja explicada e resolvida, sem slogans, clichês, palavras de ordem, lugares comuns, peças de marketing ou princípios dogmáticos. Que venha a lume as boas intenções e que não fique Macaíba submersa na floresta de manguezais.


(*) Escritor.

19/09/2017

Jovens e   
     inesquecíveis

  "Passas sem ter teu vigia/ Catando  a
        poesia que entornas no chão".
                                   Chico Buarque

              Despertado e movido pelo sentimento de saudade e pela genialidade daqueles jovens que partiram cedo deste mundo: lembrados, lidos, ouvidos, declamados e  reconhecidamente considerados  como imortais, inesquecíveis.     
     Jovens compositores, cantores, poetas  que, de forma surpreendente, nos deixaram muito cedo; com uma peculiaridade muito reflexiva: no momento que atingiram seus apogeus, suas independências profissionais  e financeiras, momento ímpar e de glória na  vida de cada um. Muitos, na maioria pobres, de família humilde, que depois de atravessarem mares revoltos e de grandes tempestades, de cruzarem estradas perigosas e arredias, são ceifados do nosso meio, do nosso mundo, de maneira surpreendente e arrebatadora.
                                            
       Vejamos alguns deles:

    

        Noel de Medeiros Rosa (Noel Rosa – 1910-1937). Uma das maiores expressões da música brasileira: sambista, compositor, cantor, bandolinista e violonista. Teve uma importância fundamental na identificação e na propagação do samba no território brasileiro, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Foi autor de verdadeiras pérolas musicais, como: “Último desejo” (1937), “Pierrô apaixonado” (1935), “Conversa de botequim” (1935) e centenas de outras preciosidades que tanto enriquecem o amplo acervo musical brasileiro.
     Trocou os estudos da Medicina pelo aprendizado do samba e dos instrumentos musicais. Fez parte do Bando dos Tangarás (1929), ao lado de João de Barro (Braguinha), Almirante, Alvinho e Henrique Brito ( potiguar).                                         Teve com seu rival, o reconhecido compositor Wilson Batista, grandes e  envolventes polêmicas musicais -  quando gravou alguns dos seus grandes sucessos: “Feitiço da Vila” e “Palpite infeliz" - com  lucros e dividendos para a música popular brasileira.
         Faleceu aos 26 anos de tuberculose pulmonar, em sua residência, no bairro de Vila Izabel. Não deixou filhos. Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério do Caju na cidade do Rio de Janeiro.

     Morre hoje sem foguete
     Sem retrato
     Sem bilhete
     Sem luar, sem violão

     Da canção: Último desejo.

                                  ***

                                      
                                
        Adiléia Silva da Rocha – Dolores Duran (1930-1959 – Rio de Janeiro/RJ). Cantora, compositora de origem pobre e modesta. Desde criança, gostava de cantar e sonhava em ser famosa. Aos oito anos, contraiu uma febre reumática, que lhe deixou sequela cardíaca.
       Empolgada e influenciada pelos  amigos e com o sonho pessoal de ser cantora, inscreveu-se no programa de calouros de Ary Barroso, conquistando  o primeiro lugar, - o que lhe abriu o caminho para sua brilhante e rica carreira como cantora e compositora. Autora de belas páginas musicais, como: “A noite do meu bem”, “Fim de caso”, “A fia de Chico Brito”, em parceria com Chico Anysio.
      Em 1955, sofreu um infarto agudo do miocárdio, quando passou trinta dias internada no Hospital Miguel Couto/RJ.                
      Teve uma vida matrimonial muito tumultuada e irregular. Não consegui ter filhos, o que a fez decidir pela adoção de uma filha.
      No ano de 1959, após um cansativo show, ao chegar em casa, e, como de costume, após brincar com a filhinha, fala para sua auxiliar, Rita: “Não me acorde. Estou muito cansada. Vou dormir até morrer!”, disse brincando, e sorriu no momento". No quarto, não se sabe bem a hora exata, sofreu o segundo infarto, dessa vez, fulminante, com apenas 29 anos de idade. Encontra-se sepultada no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro/RJ.

  
      Ah! Como este bem demorou a chegar
     Eu já nem sei se terei no olhar           
     Toda ternura que quero lhe dar                
                                                                      
     Da canção:  A noite do meu bem

                                 ***


         Maysa Figueira Monjardim MatarazzoMaysa Matarazzo (São Paulo, 1936 – Niterói/RJ,1977). Cantora e compositora que encantou o Brasil com sua voz romântica e sensual. De uma postura impecável no palco, com interpretações dramáticas  e sentimentais. Seus lindos olhos cobriam e refletiam na plateia a magia de um céu azul deslumbrante de verão.
        Foi a grande intérprete de Dolores Duran em suas belas canções, como: “A noite do meu bem".
       Como compositora criou belas canções, como: “Meu mundo caiu”, “Tarde triste” e “Ouça”, seu grande sucesso.
       Teve uma vida muito tumultuada e cheia de problemas pessoais e profissionais, de temperamento agressivo e autoritário, sempre envolvida com a mistura  de álcool e de anfetaminas. Faleceu no auge da sua carreira artística/musical, aos 41 anos, vítima de acidente automobilístico, na Ponte Rio- Niterói.

    Ouça, vá viver a sua vida com outro
    bem    
    Que hoje eu já cansei                               
    De pra você não ser ninguém
                                                                    
    Da canção: Ouça


          Elis Regina de Carvalho Costa ( Elis Regina,1945-1982).Gaúcha de Porto Alegre/RS, começou a cantar aos onze anos de idade na Rádio Farroupilha.
         Em 1964, já se apresentava no eixo Rio-Sao Paulo, cantando no programa "Noite de Gala", na TV Rio. Participou no de 1965 como estreante no festival da Record, interpretando a música " Arrastão" de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Ganhadora dos prêmios Berimbau de Ouro e do troféu Roquette Pinto, como a melhor cantora do ano.
          Faleceu com apenas 36 anos, em São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1982, decorrente do uso excessivo de cocaína e álcool.

           É de sonho e de pó
           O destino de um só
           Feito eu perdido em pensamentos
           Sobre o meu cavalo
           É de laço e de nó
           De gibeira o jiló
           Dessa vida cumprida a sol

           Da sua mais bela interpretação-
           canção: Romaria


                                 ***
                                                                


         Milton Carlos (São Paulo, novembro de 1954 – São Paulo, outubro de 1976).
        Jovem brilhante compositor e cantor, de voz efeminada. Irmão da compositora Isolda, autora de “Outra vez” – uma das mais belas poesias musicais da MPB, interpretada por Roberto Carlos.
        Autor de sucessos inesquecíveis, como: “Jogo de dama”, “Café Nice”, ”Samba quadrado” e muitos outros, distribuídos em seus dois únicos LPs.                                                       
       Morreu aos 22 anos, na noite de 21 de outubro de 1976, vítima de acidente automobilístico no trecho da Via Anhanguera/SP.

       Conheço as paredes                          
       Que guardavam segredos                         
       E ações que por si                               
       Não cobriam os seus medos                  
                                                                         
       Da canção: Jogo de damas

                                ***


        Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Gonzaguinha, Rio de Janeiro, 1945 – Renascença/PR, 1991).
       Filho adotivo do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, o Gonzagão. Compôs sua primeira canção aos 14 anos: “Lembranças da Primavera” (1961).                                         Do seu inesquecível e apreciável álbum musical destacam-se as seguintes canções: “Começaria tudo outra vez”, “Explode coração”, “Grito de alerta” e “O que é o que é?”.
      Faleceu aos 45 anos, no dia 29 de abril de 1991, vítima de acidente de carro, quando regressava de um show no Paraná, em uma rodovia no sudeste deste Estado.

      Há quem fale                                        
      Que a vida da gente                                
      É um nada no mundo                              
      É uma gota, é um tempo                            
      Que nem dá um segundo                                
                                                                       
      Da canção: O que é, o que é?

                               ***


       Jessé Florentino SantosJessé (Niterói/RJ,1952 – Ourinhos/PR, 1993).
       Cantor, compositor e músico, de formação evangélica e de origem pobre.  Passou boa parte da sua vida em Brasília/DF. Começou a cantar ainda criança na Igreja Presbiteriana Independente do Cruzeiro/DF, de propriedade do sei pai.
                                                       
Mudou-se para São Paulo, onde desempenhou sua rica e curta atividade artística musical. 
Vencedor do Festival MPB Shell, da Rede Globo de Televisão, em 1980, com a música “Porto Solidão” (Zeca Bahia e Ginko).
      Em 1983, ganhou todos os troféus no Festival da Organização Ibero-Americana (OTI), em Washington/EUA, como melhor intérprete, melhor canção e melhor arranjo, com a música “Estrelas de Papel”. A letra era uma homenagem ao genial Charles Chaplin, seu ídolo maior.
      Faleceu aos 41 anos (março de 1993), devido à acidente automobilístico, quando sofreu traumatismo cranioencefálico(TCE), momento em que se dirigia para a cidade de Terra Rica, no estado do Paraná, onde ia fazer um show.

       Ah! meu coração é um campo minado
       Muito cuidado, ele pode explodir            
       E se depois de tão dilacerado            
       For desarmado por quem há de vir
       
       Da canção: Campo minado

                               ***


       Pedro Soares Bezerra (Carlos Alexandre, NovaCruz/RN, junho de 1957 – Tangará/São José de Campeste/RN, janeiro de 1989).
      Em 1975, iniciou a sua carreira artística com o nome de Pedrinho. Dois anos depois (1977), foi rebatizado com o nome de Carlos Alexandre, com o apoio e o incentivo incansável do radialista e futuro político potiguar Carlos Alberto de Souza, que o levou para gravadora RGE.
      Aos vinte e um anos, alcançou o sucesso nacional destacando-se como o cantor norte-riograndense de maior representatividade no cenário musical “brega”.
     Morreu no dia 30 de janeiro de 1989, com apenas 31 anos, vítima de acidente automobilístico, entre São José de Campestre e Tangará/RN, quando retornava de um show em Pesqueira, em Pernambuco.[1] 
     Deixou mais de 200 composições gravadas. Ganhou 15 discos de ouro e um de platina, nos quais se destacaram: “Arma de Vingança”, “A Ciganinha”, “Canção do Paralítico”, com mais 100 000 de cópias e “Feiticeira”, com 250.000 cópias vendidas.

        Ela me apareceu                                  
        E com apenas um toque de sua
        magia
        Acabou com a tristeza                        
        Me trazendo alegria                               
                                                                      
       Da canção: Feiticeira

                               ***



      Altemar Dutra de Oliveira (Aimorés/MG, outubro de 1940 – Nova York/EUA, novembro de 1983).
     Muito jovem, a família mudou-se para Colantina, no Espírito Santo, onde teve início a sua carreira musical, quando ganhou o concurso de calouros na radio Difusora.
     No início de suas  apresentações, gostava de imitar cantores famosos, principalmente o seu ídolo maior, Orlando Silva.                                           
     Mudou-se para a cidade Vitória, onde passou a ser admirado e  bastante requisitado para cantar nas boates de luxo, momento que iria influenciar decisivamente em sua carreira.
     Deixa a cidade de Vitória com apenas 17 anos (1957) e desembarca na cidade Maravilhosa, à época Capital Federal. Logo, logo é contratado como crooner em boates e casas de shows. 
     Parceiro inseparável da famosa dupla de compositores: Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Interpretou de forma inimitável seus grandes sucessos, como: “O Trovador”, “Sentimental demais”, “Brigas”, “Tudo de mim ” e muitos outros. Fez carreira internacional, sendo considerado um dos mais populares cantores estrangeiros nos EUA.
     Faleceu aos 41 anos, vítima de uma ruptura de um aneurisma cerebral em pleno palco, quando se apresentava na boate El Continente, em Nova York/EUA, onde residia com a sua família.

      Brigo eu                                            
      Você briga também                              
      Por coisas tão banais                              
      E o amor                                               
      Em momentos assim                          
      Morre um pouquinho mais                       

      Da canção: Brigas - Música que
      gostaria de ser lembrado quando
      morresse. 

      
                              ***


       Evaldo Braga (Campos dos Goytacazes/RJ, 26 maio de 1945 - Areal/RJ, 31 de janeiro de 1973). Dizia: "Infelizmente não tive a sorte de  conhecer os meus pais, mas sei o nome de ambos: Evaldo e Benedita Braga. Eles não podiam me sustentar e me abandonaram". Há também relato que Evaldo Braga é fruto de relacionamento extraconjugal. Sua mãe seria uma prostituta da cidade de Campos.                                     
       Não teve uma infância feliz, ocupando boa parte dela, nas ruas, chegando a ser internado no SAM ( Serviço de Amparo ao Menor - Funabem), atualmente Fundação Casa, onde conheceu e fez uma estreita amizade com o colega Dario Peito de Aço- o Dadá Maravilha - grande goleador do Atlético Mineiro e jogador da seleção brasileira.
      Em 1971 gravou o seu primeiro compacto -"Só Quero", com grande sucesso, vendendo mais de 150 mil cópias.
      Seu grande sucesso "Sorria, sorria"em parceria com Carmen Lúcia, marcou para sempre a sua imagem como o principal expoente da música black no brega.
      Faleceu aos 27 anos, no auge da sua curta carreira artística, vítima de acidente automobilístico na BR-3 ( atual BR-040), trecho próximo ao município de Três Rios, na divisa de Minas Gerais com o Estado do Rio de Janeiro, no dia 31 de janeiro de 1973.
      Seu corpo foi sepultado no Cemitério  São João Batista/ RJ, diante de uma forte e empolgante comoção popular.

         Sorria meu bem, sorria                         
         Da infelicidade que você procurou
         Sorria  meu bem, sorria
         Você hoje chora                               
         Por alguém que nunca lhe amor

         Da canção: Sorria, sorria          
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Colaboração do leitor Berilo de Castro.