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14/07/2014

LEI SECA



A Lei Seca dos Estados Unidos (1919-1933)

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br


Em 1917, quando começou a campanha pela proibição de beber, os Estados Unidos tinham mais de 200 mil saloons, locais onde se consumia basicamente o álcool.
O líder do movimento antiálcool foi William Anderson, sendo ajudado pela crise nacional em que se encontrava o País ao entrar na I Guerra Mundial, em abril daquele ano (1917). O esforço de guerra exigia uma certa dose de economia.
A liga, dirigida por Anderson, lançou o slogan: “Economize 11 milhões de pães de forma por dia”, numa alusão ao fim do álcool. Segundo eles, argumentavam que os soldados sóbrios estariam mais saudáveis e dispostos para a guerra.
Usando os sentimentos antigermânicos que afloravam entre a população, alegavam que as cervejarias alemães instaladas nos Estados Unidos atrasavam o desenvolvimento da indústria nacional.
 O Presidente Woodrow Wilson também fez a sua parte, mesmo involuntariamente e decretou que o governo passaria a controlar a produção de alimentos. Com isso, os grãos foram proibidos de serem utilizados para a destilação de bebidas. E também o Presidente tinha poderes para regular a produção de vinhos e cervejas durante o conflito.
Alguns líderes negros tinham enxergado a aprovação da 18ª Emenda – a que instituiu a Lei Seca – como uma possibilidade de reforço à autoridade das 14ª e 15ª Emendas. Essas emendas tinham sido publicadas após a Guerra Civil e haviam estendido os poderes civis e de voto aos negros. No modo de entender deles, se a Lei Seca fosse realmente cumprida, consequentemente, os direitos dos negros também seriam.
Por seu lado, os produtores de teatro achavam que o dinheiro economizado nas mesas de bar – ou seja, diversão -, seriam transformados em dinheiro a gastar com ingressos para as peças de teatro da Broadway.
Além disso, os fabricantes de chás, refrigerantes, sucos, sodas, sorvetes (...) achavam que, sem o álcool, mais dinheiro sobraria para ser gasto nos seus produtos.
A lei foi aprovada. As penalidades por sua violação seriam de, no mínimo, seis meses de prisão e multas aplicadas a partir de U$ 1 mil no caso de réus primários. As penas iam aumentando a cada descumprimento.
No primeiro ano foi criado o Bureau da Proibição, uma agência que controlava a execução da lei. Operava inicialmente com 1500 agentes e um número igual de funcionários administrativos. Isso fazia do Bureau o maior órgão federal não-militar, maior até que o FBI – Federal Bureau of Investigation.
Mas essa quantidade de fiscais era subornável – recebiam propinas dos donos de bar e traficantes de bebidas, para que os deixassem em paz.
Logo, muitos espertinhos perceberam que a lei proibia a produção, transporte e venda de álcool. Mas, não a sua posse. Então, muitos bares, os “speakeasies”, passaram a usar esse argumento para funcionar – mantinham as portas abertas, cobravam a entrada, e davam “de graça” a bebida aos frequentadores.
De 1916 a 1924, a cidade de Nova Iorque viu fechar 80% de seus bares, e 16.000 trabalhadores perderam seus empregos nesses estabelecimentos.
A proibição ao álcool trouxe outro motivo de preocupação: em vez de ordem causou violência. As ruas ficaram cheias de gângsteres, com seus carros pretos e metralhadoras, que controlavam o comércio ilegal de bebidas. Nas grandes cidades americanas – Nova Iorque, Detroit, Chicago, São Francisco, grupos rivais de gângsteres brigavam pelo controle do comércio ilegal de bebidas alcoólicas.
Um dos mais famosos foi Al Capone e sua gangue, um dos criminosos mais procurados daquele tempo. Al Capone inspirou diversos filmes: Inimigo Público (1931) e Scarface (1932). Em maio de 1932, Al Capone foi preso e trancafiado em Alcatraz, de onde uma fuga seria impossível.
A Lei Seca vigorou durante 14 anos, até o dia 5 de dezembro de 1933.


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