SAUDADES – Berilo de Castro
SAUDADES –
Mãe Alice, aqui estamos ao seu lado. Não,
todos como você gostaria que estivessem. Mas aqui estamos para vê-la,
abraçá-la e beijá-la.
Hoje, agora e unidos, aqui estamos nesse
ambiente frio, à beira de um leito hospitalar. Você não está nos vendo,
talvez nem nos escutando, mas o seu coração ainda bate forte, assim como
pulsam vivamente suas artérias. Você, com certeza,
nos enxerga e nos escuta de um outro jeito que é só seu, com muito amor
e muito carinho, porque foi sempre assim que você nos viu e nos criou.
Hoje, é o dia do seu aniversário,
terça-feira, 25 de agosto de 2015. Você completa 101 anos. Uma glória,
uma bela e rica lição de vida. Uma história de muita simplicidade e
humildade perene, uma alegria irradiante, horizontal e imortal.
Estamos, sim, sentindo falta da sua
companhia, do seu sorriso contagiante, acolhedor e iluminado que tanto
nos fez bem e que tanto nos fez vencedores.
Quantas vezes você sofreu por nós e com nós,
porém todos envolvidos e protegidos pelo seu manto materno e glorificado
de humildade e simplicidade.
Quantas vezes você foi nossa médica, nossa
enfermeira, nossa professora, nossa companheira, nossa conselheira,
nossa confidente, nossa guardiã e continuará sendo sempre. Você será em
todo o tempo o nosso referencial do bem e do
amor.
Quantas vezes choramos juntos e demos boas risadas.
Quantas vezes você, com o terço na mão, rezava e pedia a Deus pela nossa proteção. E sempre foi ouvida (coisa de Santa).
Quantas vezes as suas mãos milagrosas curaram nossas feridas e alimentaram ricamente a nossa fome.
Quantas vezes, nos momentos de grandes
dificuldades, você chegava e, com um gesto divino e de amor materno, nos
enriquecia com palavras de humildade e de sabedoria.
Estamos aqui, mãe Alice, juntos, muito juntos, muito unidos ao seu lado, todos lhe abraçando e desejando melhoras.
Parabéns. Parabéns pelos seus 101 anos de vida exemplar e glorificada.
Terça-feira, madrugada fria do dia 1º de
setembro de 2015, uma semana após seu aniversário, naquele ambiente
impiedoso hospitalar, no apartamento 313, chegava a sua hora final.
Perdíamos naquele momento o seu convívio, o seu conforto
carinhoso e humano. Partiu não sei para onde.
“Seguirá caminhos de mil noites, por onde
lágrimas descerão e formarão rios subterrâneos”, do poema Tua Face, do
seu filho, o poeta Nei Leandro de Castro.
Saudades!
Berilo de Castro –
Médico e Escritor –
berilodecastro@hotmail.com.br
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