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22/10/2017

MENSAGEM DE FÉ


DÍVIDAS E DÚVIDAS

Valério Mesquita*

Tudo parte de um questionamento, certa vez, do amigo jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti, que reflete, com exatidão a dúvida inquietante de milhões de pessoas no mundo, quer sejam religiosas ou agnósticas. Suas reflexões constituem um verdadeiro questionário.
A primeira é se o Filho de Deus voltará, como asseguram as Escrituras. O próprio Jesus foi categórico: “Não vos deixarei órfãos. Eu voltarei para vós” (João 14.18). Não definiu a forma nem o tempo de sua volta. Está presente cada dia no testemunho e na fé de cristãos convictos, na energia cósmica de sua palavra. Há uma forma espiritual, mística e amorosa de sua presença naquele que crer. Jesus retornando ao mundo hodierno continuará afirmando os mesmos valores eternos e imperecíveis: justiça, paz, misericórdia, caridade, o perdão e o amor.
Indaga se Jesus escolherá local para residir, como se a sua vinda fosse biológica ou fisiológica, fato que já se cumpriu no segundo Testamento por permissão do Pai, segundo inúmeras profecias. “Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos”, disse o próprio Messias. Essa forma de renascer diuturnamente no coração dos mortais já resume um pressuposto de sua mensagem aos seres humanos do século 21, porque Ele é Espírito e não carne como o foi para expiar os pecados da humanidade com a programada morte na cruz. Se o mundo da informática fala com veemência na presença virtual, nós temos em Cristo a presença espiritual e mística, ambas poderosas e fortes.
“Quem Jesus escolherá para segui-Lo ou em que condições procederão os convidados?”. Da primeira vez Ele escolheu doze homens simples e iletrados, e com essa dúzia construiu o arcabouço de sua doutrina, unificada pela crença inabalável no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Milhares morreram pela fé, ao longo do tempo. Se os potentados não o levaram a sério naquele tempo, posso afirmar que já são bilhões no mundo que pensam de forma diversa. Ora, o Filho de Deus conclamará todos que tiverem as mãos vazias e o coração pobre, mas rico do Espírito Santo que inclina o homem para o Bem. Ninguém precisa ter diploma, como você alude. Diploma é uma formalidade do mundo. E na atualidade além de pessoas simples, humildes, pobres e de diferentes camadas, há também doutores em teologia, padres, pastores, obreiros de diversos matizes. A mensagem do Senhor não é meramente social, mas de palavra e de vida. (“Vim para que todos tenham a vida e vida em abundância” – João 10.10). Sobre os castigos a Ele impostos, devo dizer que a lógica de Deus não é a lógica dos homens. Cristo aceitou e enfrentou todas as felonias e dores humanas para cumprir o que já estava escrito desde os profetas Jeremias e Isaías. Ele próprio pregou o tempo todo o padecimento e morte que iria sofrer. Seria enfadonho e não caberia citar as referências dos quatros evangelhos.
Jesus não anunciou a sua volta nas mesmas condições que veio ao mundo da primeira vez. Imolou-se em sacrifício, como forma emblemática, marcante, demarcadora perante a história da humanidade. Não regressará a terra para se submeter mais a nenhuma paixão. O que aconteceu com Ele foi um evento divino e não profano. Filme e novela sim, têm reprises. Aquele sacrifício foi único, indivisível, histórico e individual. Jesus Cristo nunca sentou no trono de Davi, nem de Salomão, portanto, denominá-lo Rei dos Judeus constituiu-se mais num deboche do império romano, depois, destruído pelos bárbaros. Sabemos que na modernidade a violência, a corrupção, a desobediência, a falta de solidariedade e o desamor ao próximo são as práticas que ainda o crucificam na cruz, diariamente. Lembre-se que o sacrifício daquele corpo, do Homem-Deus, foi fazer a vontade de Deus. Ele que era Deus, era a vida. “Derramou um sangue espiritual, divino, dando de si Deus em si”, na maravilhosa síntese de Chiara Lubich no seu livro “O grito”.
(*) Escritor


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