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30/10/2017

HENRIQUE BRITO (1908-1935) – Berilo de Castro


HENRIQUE BRITO (1908-1935) –
No ano de 1920, em uma noite de concerto em Natal, no Teatro Carlos Gomes, hoje Teatro Alberto Maranhão, um garoto de apenas doze anos de idade apresentou-se como violonista, deixando toda a plateia entusiasmada, executando numa corda só as peças mais difíceis e variadas.             Entre os expectadores, estava o então  Governador do Estado, o Dr. Antônio José de Melo e Souza, que, vendo todo aquele potencial artístico musical do garoto, propôs à  família custear sua viagem e seus estudos na cidade do Rio de Janeiro.
O nome desse garoto: Henrique Brito. Nasceu em Natal, no 15 de julho de 1908, filho de Pedro Paulino de Brito e Maria Leopoldina Pereira de Brito (Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, ano 2001, Leide Câmara).
A família aceitou a proposta e transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro. No Rio, foi estudar no Colégio Batista, no bairro carioca da Tijuca, onde conheceu Carlos Braga, o Braguinha. No colégio, mostrou de imediato que não “morria” de amores pelas  aulas. Não conseguia se afastar um só instante do seu estimado e querido instrumento —  o violão; daí ter recebido o apelido de “Violão”.
Irrequieto, de gênio esquisito, indiferente a cerimônias e etiquetas. Alegava constantemente “falta de ar”. Agia de maneira impensada, com atitudes imprudentes. Assim sendo, passou a ser chamado do  gênio Heinriqueto.
Conta Almirante, no seu livro “No tempo de Noel Rosa” — Editora Sonora, 2013, terceira edição/Rio de Janeiro —, o episódio de um  acidente fatal de um  colega do colégio por ele praticado de forma involuntária; momento antes tinha tentado contra a própria vida, numa brincadeira fazendo “roleta russa”, quando a arma não disparou.
Em 1928, criou com o seus amigos e parceiros, Braguinha e Alvinho (Álvaro Miranda), o conjunto musical Flor do Tempo, que um ano depois, em 1929, receberia mais dois componentes Almirante (Henrique Foréis)  e Noel Rosa (Noel de Medeiros Rosa), formando assim o conjunto o Bando de Tangarás: grupo de pássaros que dançam e cantam formando roda com um deles no centro; o regional revolucionou com sua criatividade sem precedentes a música brasileira na década de 1930.
Em 1932, fez parte do conjunto musical Brazilian Olympic Band, quando viajou para Los Angeles/EUA para se apresentar nos Jogos Olímpicos. Não voltou com o conjunto por pura artimanha criada na hora do embargue; permanecendo por mais de um ano nos EUA na ilegalidade.
De volta ao Rio, exibiu o primeiro violão elétrico, de sua legítima invenção;  projeto que havia sido rejeitado no Brasil pelos fabricantes de instrumentos musicais. Só que “dormiu no ponto” e foi garfado, quando apresentou o seu projeto a um fabricante da cidade de São Francisco/EUA, que aprovou e registrou a patente em seu nome. Em troca,  recebeu de lambuja,  do “sabido criador americano”, um violão elétrico.
Henrique Brito gravou na Parlophon, Odeon, Brunswick e Victor, entre os anos de 1929 e 1931, com um total de 27 melodias; fez parcerias em grandes sucessos com Noel Rosa: “Flor do tempo”, “Queixumes”, gravada inicialmente por Gastão Formenti e, em 1945, por Luiz Gonzaga; com João de Barro, Pedro Brito e outros grandes compositores.
Faleceu de septicemia no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1935,com apenas 27 anos, quando integrava a Orquestra da Rádio Mayrink Veiga.

Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – berilodecastro@hotmail.com.br

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