Páginas

18/07/2016

Texto enviado por WELLINGTON LEIROS



17 -  VOCALISTAS VOCACIONADOS
T R I O    M A R A Y A
  

1 – Behring de Campos Leiros;
2 – Marconi Campos;
3 – Hilton Acioli

O trio MARAYÁ foi formado em 1954, contando com Behring Leiros no tantã, Marconi Campos, no violão e Hilton Acioli, no afoché.

Inicialmente o Trio adotou o nome de Marajá e apresentou-se no programa da Sociedade Artística Estudantil, na Rádio Poti, em Natal..
Em 1956, durante a realização de um congresso da União Nacional dos Estudantes, UNE, em Natal, o conjunto foi convidado  a  ir ao Rio de Janeiro, onde alguns estudantes pretendiam criar um programa nos moldes do SAE.

Pouco antes de viajar para o Rio de Janeiro,o grupo adotou, por sugestão do professor e folclorista Luís da Câmara Cascudo, o nome de Trio Marayá.

No Rio de Janeiro, os jovens vocalistas conseguiram participar de diversos programas na Rádio Nacional, entre os quais, "Grande Show Brahma", "César de Alencar" e "Paulo Gracindo".

O grupo atuou, ainda, em diversas casas noturnas, sendo contratado, com exclusividade, para apresentar-se no Restaurante "Cabeça Chata", de propriedade do conhecido cantor de emboladas Manezinho Araújo.

Pouco depois, passou a atuar na Rádio e na TV Tupi. Por essa época, o conjunto foi convidado pelo cantor e compositor Luiz Vieira, que assistiu à participação do Trio Marayá na gravação de um disco de um cantor cearense na gravadora Copacabana, acabando por convidar o trio a apresentar-se  em seu programa de rádio, em São Paulo.

No programa de Luiz Vieira, na Rádio Record, interpretou o corridinho "Maria Fulô", de Luiz Vieira e João do Vale, e posteriormente gravado em LP pelo trio.

Aprovado em teste, o Trio foi contratado pela Rádio e TV Record. Na Rádio Record, o grupo foi contratado com o Trio Marayá",para o programa  produzido por Luiz Vieira, além de participar de outros programas da emissora.

Na TV Record, os vocalistas ganharam também um programa semanal, "Trio Marayá e você", com produção de Nilton Travesso e Eduardo Moreira.

O Trio apresentou-se, ainda, nos programas "Sucesso Arno", de Blota Jr., "Astros do disco", de Rendal Juliano, e "O fino da bossa", apresentado por Elis Regina, entre outros.

Nesse período, ainda muito jovens, enfrentaram problemas com o Juizado de Menores nas apresentações contratadas em boates como "Boite Oásis", "Star Dust", "Nick Bar", "African" e "A Baiuca", nas quais seus componentes cantavam e tinham que ficar do lado de fora, na calçada, durante os intervalos.

Em 1958, eles gravaram pela Odeon o primeiro disco, interpretando o samba "O rei do samba", de Hervê Cordovil e Vicente Leporace e o mambo "Patrícia", de P. Prado e A . Bourget.

Nesse período, o grupo realizou excursões a diversas capitais do país. Em 1959,o trio gravou  o segundo disco, cantando as composições "Meu tio" ,de F. Barcellini, H. Contet e J. C. Carrière, com versão de Fred Jorge, e "Onde estará minha vida", de Segovia, Naranjo e Roman, em versão também de Fred Jorge.

No mesmo ano,o Trio recebeu o convite para representar o Brasil no "Festival da Juventude", em Viena, na Áustria, recebendo as passagens, a hospedagem e a comida. O tempo previsto de permanência na Europa era de apenas dez dias, mas o trio acabou ficando um ano.

Durante este período na Europa, os componentes viajaram para a Espanha, apresentando-se na cidade de Barcelona, na boate El Cortijo.

Em seguida ,o grupo seguiu rumando  para a realização de programas da TV húngara.

Em seguida, o conjunto foi contratado pela filarmônica de Budapeste e apresentaram-se com a orquestra húngara em quase todas as cidades daquele pais.

Pouco depois o Trio retornou  à Áustria onde obtiveram sucesso interpretando a "Polca de Liechtensteiner".

O Trio apresentou-se  em diversas casas de espetáculo de renome como "Éden Bar", "Lido", "Maxim's", "Moulin Rouge" e "Baden Cassino". De volta ao Brasil em 1960, gravaram mais um disco pela Odeon, no qual cantaram o samba "Prova de carinho", de Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil, e o fox "Um telegrama", de H. G. Segura e Nadir Perez.

Em 1961, os componentes foram contratados pela RCA Victor, gravando em seu primeiro disco o bolero "Por pecadora" e a canção "O matador", de J. Bowers e I. Burgess, com versão de Fred Jorge. No mesmo ano gravaram o bolero "Descansa, coração", de Arquimedes Messima, e o samba "Sambinha quadrado", de Marconi Campos e Hilton Acioli.

Ainda em 1961, o Trio fez excursão ao Uruguai apresentando-se no Cassino Migues em Punta Del Este e na TV Canal 4 de Montevidéu.

Ali, o grupo foi contratado por três meses pela TV Canal 9 de Buenos Aires na Argentina, onde participou do programa "Festival 62", produzido e apresentado por Paloma Black.

No mesmo ano o Trio gravou rock balada "Nena Nenita", de Joaquin Pietro e Juvenal Fernandes e o bolero "Pede", de A . Algueró, A . Guijarro e Teixeira Filho.Em 1966, obtiveram destaque no II Festival de Música Popular Brasileira apresentado na TV Record em São Paulo. Defenderam, juntamente com Jair Rodrigues, a composição "Disparada", de Geraldo Vandré e Teo, e que, com arranjos de Hilton Acioli, tirou o primeiro lugar.

Nos festivais internacionais apresentaram-se com Nat King Cole, Sammy Davis Jr., Ella Fitzgerald, Rita Pavone, Sérgio Endrigo e Catherine Valente.

Em 1968, retornaram à Europa, defendendo o Brasil no Festival Internacional de Música da Bulgária, realizado na cidade de Sófia, onde o trio recebeu Medalha de Ouro", tirando o 1º lugar com a composição "Che", de Marconi Campos e Geraldo Vandré. A composição "Che", vencedora do festival originalmente não tinha letra e havia sido proibida pela censura durante o regime militar, pois os censores entenderam que se tratava de uma homenagem ao guerrilheiro cubano Che Guevara, morto naquele ano. Geraldo Vandré pediu a Marconi Campos para colocar a letra, o que foi recusado pelo autor, que a considerava de característica puramente instrumental. Fez, porém, outra música inspirada na primeira e Vandré colocou a letra.

Após o festival, permaneceram um tempo em Sófia, apresentando-se em concorridos shows na capital búlgara. Visitaram também a Itália e a França. Em Paris, gravaram um disco pelo selo Barclay. Nesse período, participaram da revista musical "Tio samba", produzido pela diretora norte-americana Sonia Shaw e pelo maestro Bill Hithcock. Ao longo de sua carreira, o Trio Marayá participou dos filmes "Uma certa Lucrécia", com Dercy Gonçalves, "O circo chegou à cidade" com Walter Stuart, e "Quelé do Pajeú", dirigido por Anselmo Duarte, com orquestração de Marconi Campos.

Estiveram sob contrato das gravadoras Sinter, RGE, RCA Victor, Odeon, Philips, Chantecler e Som Maior, gravando diversos discos em 45 e 78 rotações, além de compactos e LPs. Alguns de seus discos produzidos no Brasil foram divulgados em países da Europa, como Portugal, França e Itália, e em países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile. Um de seus maiores sucessos foi "Gauchinha bem querer", de Tito Madi, onde os vocalistas potiguares interpretaram de tal modo que muitos os confundiram com gaúchos. Ao longo de sua vitoriosa carreira o Trio Marayá recebeu diversos prêmios.

Em 1958, 1960, 1961, 1962 e 1963 receberam o Prêmio Roquette-Pinto como Melhor Conjunto Vocal. Receberam oito troféus de Melhores da Semana, a Taça de Honra ao Mérito do programa César de Alencar, o troféu Campeões da Popularidade da TV Tupi, no programa Ayrton Rodrigues, diploma de Melhor Conjunto Vocal do Festival da Música Internacional na Bulgária, o troféu Índio de Prata como personalidade musical de 1967, além de receber diversas medalhas de honra ao mérito como grupo vocal/instrumental.

A partir de 1975, o trio foi diminuindo cada vez mais as atividades, embora ainda se tenha apresentado em diversos festivais de música universitária na época em que o componente Behring Leirois cursava a faculdade de Direito da Universidade Mackenzie em São Paulo.

Após esse período foram-se dedicando à produção de jingles comerciais e trilhas sonoras para filmes, quando obtiveram muito êxito, com poucos concorrentes na área dos conjuntos.

Marconi Campos fez formação superior em música e em 1985; formou o quinteto "Sombra", do qual faziam parte Faud Salomão, Beto Carrera, Vânia Bastos e Suely Gondim.

Em 1996, Marconi Campos juntou-se a Behring Leiros, Hilton Acioli, Flávio Augusto, Sandra Marina, Vera Campos e Cintia Scola - para gravar o CD independente "Ação dos tempos", interpretando músicas nordestinas, entre as quais "Asa branca", de Luiz Gonzaga, e algumas especialmente de compositores norte-rio-grandenses, como "Moinho d'água", de Chico Elion, e "Capricho", de Carlos Lyra e Behring Leiros. Behring Leiros, por sua vez, trabalhou como relações-públicas na área de divulgação da Rádio e Estúdio Ômega e também enveredou pela produção de jingles.

Hilton Acioli diplomou-se bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo e foi parceiro de Geraldo Vandré em diversas composições.

Behring Leiros, pai de José Armando Vannucci, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais e seguiu no compo das composições de
Jingles, para o que instituiu uma empresa especifica.


Hilton Acioli e Behring continuaram a compor em parceria centenas de jingles, sendo os dois mais conhecidos, um de propaganda da Varig, e o histórico "Lula lá", utilizado pelo candidato à Presidência da República pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva quando de sua primeira candidatura a presidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário