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30/01/2016


CRÔNICA DAS VELHAS FIGURAS II

Valério Mesquita*

Retorno ao resgate dos antigos vultos que permearam a vida política, social, comercial, abrangendo profissionais diversos que habitaram nos anos quarenta, cinqüenta, sessenta, a pacata e simplória Macaíba. No primeiro artigo, de memória, fixei quase cem figuras representativas que os olhos do coração não esqueceram. O objetivo dessa relembrança não é apenas emocional ou sentimental, mas visa, também, restituir um universo de personagens esquecidos e conflitantes com os costumes, a teluricidade e a falta de amor dos habitantes de hoje, pela própria terra, fenômeno progressivo e desagregador. Até parece que Macaíba perdeu a sua cidadania, a sua identidade, a sua bússola, o norte e a sorte.
Retiro do baú das recordações o bote e a figura de João Lau, dos comerciantes: Euclides Leite, José Baltazar Marinho, José de Lima, João Batista do Nascimento (o João Manteiga), Alberto Silva, José Maria Magalhães, José Felix e Graziela Mesquita, Luís Marinho de Carvalho, Joaquim de Souza, João de Melo, Júlio Marcelino, Aguinaldo Ferreira, Severino Ramalho, Euclides Ribeiro, José Augusto Costa, além do tabelião Raimundo Barros Cavalcanti, de João Santiago de Oliveira, Amâncio Leite Ramalho, Pedro e Joca Simplício, Lourival da Silva Santos, menino pobre de Macaíba que se tornou juiz de Direito, Dona Luizinha de Seu Baltazar, Iáiá Mesquita, Sérgio Quirino, Raimundo Aureliano, João Meira Lima, intendente municipal e pai de Nadir Garcia e Zuleide Maciel, José Inácio Neto e os irmãos Neif e Nássaro Nasser, Luís de Cassimiro, Clóvis do Correio e o irmão Geraldo Correia, Miguel e Zé Pelado, José Mumbaça, Filadelfo de Araújo, Heronides e os seus irmãos da família Mangabeira. Como não lembrar de Dozinho, Bedé, Candu, Nestor Lima e o seu irmão Gustavo, Antônio Lacerda e Venâncio Alves, dupla de área da Prefeitura, Leonel e Chiquito Pessoa, Juvêncio Nunes, o circunspecto motorista de Olimpio Maciel, além de Rufino eletricista e Zé Batata; de Jundiaí o professor Nilo Albuquerque, Rivaldo D’Oliveira, Seu Moisés, David Damasceno, José Florentino Damasceno, Aldo e Magno Tinoco, o sapateiro Napoleão Feitosa, o famoso “Napole”, bispo de Braga, Seu Joca Leiros, João Fagundes Almeida, Tapeorá, o enfermeiro, e Miguel Ferreira de Lima o goleiro do Cruzeiro e do Vasco da Gama do Rio, o tenente Cordeiro, a esposa Iná e Consuelo (irmã), Quino Alves de Japecanga, Geraldo Pinheiro, João Raimundo da fazenda Abrasamundo, os irmãos Luís Gia e Tibúrcio, filhos de Ritinha da rua do Cajueiro que pilava e torrava o mais forte e saboroso café de Macaíba, Alberto Vitalino, Passarinho e o seu irmão Tota, Margarida e o esposo Seu Velhinho, Dão vendedor de pão do Barro Vermelho, os garçons Luiz Bicho Feio e Antônio Paulino, os músicos Perequeté, Pereira, Banga, Geraldo Paixão, Bodete, Rei, Tião, Bastinho, Zé Jeep, Ronaldo, o barbeiro Zé Franco e o engraxate Manoel, Maceira, João Cabeção, Sabiá e Maria Cabral, expressões inesquecíveis do folclore. E ainda, Ailton Feitosa, Sebastião Melo e Chicozinho, o trio de violão e cavaquinho, Pedro e Manoel Pixilinga, Zezito da banca de jogo, Otacílio Duarte e Pedro Américo da rua do Vintém e Charuto da bodega.
Todos formam um rio caudaloso tão forte que transborda da memória, saindo do leito ordenado e ganhando espaços outros que não consigo captar e restituir mais nomes. O certo é que hoje, neste espaço, grande parte do passado de minha terra ganhou vida através da ressurreição nominal dos seus protagonistas, grandes ou simples, ricos ou pobres, mas cópias fiéis de uma fisionomia humana que Macaíba não tem mais.


(*) Escritor.

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