CRÔNICA DAS VELHAS FIGURAS II
Valério Mesquita*
Retorno ao resgate dos antigos vultos que permearam a vida política,
social, comercial, abrangendo profissionais diversos que habitaram nos anos
quarenta, cinqüenta, sessenta, a pacata e simplória Macaíba. No primeiro
artigo, de memória, fixei quase cem figuras representativas que os olhos do
coração não esqueceram. O objetivo dessa relembrança não é apenas emocional ou
sentimental, mas visa, também, restituir um universo de personagens esquecidos
e conflitantes com os costumes, a teluricidade e a falta de amor dos habitantes
de hoje, pela própria terra, fenômeno progressivo e desagregador. Até parece
que Macaíba perdeu a sua cidadania, a sua identidade, a sua bússola, o norte e
a sorte.
Retiro do baú das recordações o bote e a figura de João Lau, dos
comerciantes: Euclides Leite, José Baltazar Marinho, José de Lima, João Batista
do Nascimento (o João Manteiga), Alberto Silva, José Maria Magalhães, José
Felix e Graziela Mesquita, Luís Marinho de Carvalho, Joaquim de Souza, João de
Melo, Júlio Marcelino, Aguinaldo Ferreira, Severino Ramalho, Euclides Ribeiro,
José Augusto Costa, além do tabelião Raimundo Barros Cavalcanti, de João Santiago
de Oliveira, Amâncio Leite Ramalho, Pedro e Joca Simplício, Lourival da Silva
Santos, menino pobre de Macaíba que se tornou juiz de Direito, Dona Luizinha de
Seu Baltazar, Iáiá Mesquita, Sérgio Quirino, Raimundo Aureliano, João Meira
Lima, intendente municipal e pai de Nadir Garcia e Zuleide Maciel, José Inácio
Neto e os irmãos Neif e Nássaro Nasser, Luís de Cassimiro, Clóvis do Correio e
o irmão Geraldo Correia, Miguel e Zé Pelado, José Mumbaça, Filadelfo de Araújo,
Heronides e os seus irmãos da família Mangabeira. Como não lembrar de Dozinho,
Bedé, Candu, Nestor Lima e o seu irmão Gustavo, Antônio Lacerda e Venâncio
Alves, dupla de área da Prefeitura, Leonel e Chiquito Pessoa, Juvêncio Nunes, o
circunspecto motorista de Olimpio Maciel, além de Rufino eletricista e Zé
Batata; de Jundiaí o professor Nilo Albuquerque, Rivaldo D’Oliveira, Seu
Moisés, David Damasceno, José Florentino Damasceno, Aldo e Magno Tinoco, o
sapateiro Napoleão Feitosa, o famoso “Napole”, bispo de Braga, Seu Joca Leiros,
João Fagundes Almeida, Tapeorá, o enfermeiro, e Miguel Ferreira de Lima o
goleiro do Cruzeiro e do Vasco da Gama do Rio, o tenente Cordeiro, a esposa Iná
e Consuelo (irmã), Quino Alves de Japecanga, Geraldo Pinheiro, João Raimundo da
fazenda Abrasamundo, os irmãos Luís Gia e Tibúrcio, filhos de Ritinha da rua do
Cajueiro que pilava e torrava o mais forte e saboroso café de Macaíba, Alberto
Vitalino, Passarinho e o seu irmão Tota, Margarida e o esposo Seu Velhinho, Dão
vendedor de pão do Barro Vermelho, os garçons Luiz Bicho Feio e Antônio
Paulino, os músicos Perequeté, Pereira, Banga, Geraldo Paixão, Bodete, Rei,
Tião, Bastinho, Zé Jeep, Ronaldo, o barbeiro Zé Franco e o engraxate Manoel,
Maceira, João Cabeção, Sabiá e Maria Cabral, expressões inesquecíveis do
folclore. E ainda, Ailton Feitosa, Sebastião Melo e Chicozinho, o trio de
violão e cavaquinho, Pedro e Manoel Pixilinga, Zezito da banca de jogo,
Otacílio Duarte e Pedro Américo da rua do Vintém e Charuto da bodega.
Todos formam um rio caudaloso tão forte que transborda da memória, saindo
do leito ordenado e ganhando espaços outros que não consigo captar e restituir
mais nomes. O certo é que hoje, neste espaço, grande parte do passado de minha
terra ganhou vida através da ressurreição nominal dos seus protagonistas,
grandes ou simples, ricos ou pobres, mas cópias fiéis de uma fisionomia humana
que Macaíba não tem mais.
(*) Escritor.
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