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16/04/2015

                          18 anos...

Por: Augusto Coelho Leal, sócio efetivo do IHGRN

O Baile de máscara, festa que abre o carnaval de Natal, foi criação nossa, dos confeitaristas - freqüentadores da Confeitaria Atheheu, há aproximadamente vinte e cinco anos. Era uma festa simples, com uma bandinha –Banda do Siri- comandada pelo amigo Hélio Rocha. Faziam parte dos organizadores, além do próprio Hélio, eu, Ronald Gurgel, Sergio Lima, Hélio Nelson, Airton Bulhões, Moacir Gomes, Odeman Miranda, Adelmo Calafange, Noberto Faria, José Eduardo Luz, Luzenildo Porpino, Adalberto Pereira Pinto e outros.
Lá na Confeitaria, existem uns quadros com fotografias da época, e umas minhas com um par de cifres de boi bem grande na cabeça, chamou a atenção da repórter da TV Cabugi, que me perguntou o porquê daqueles chifres. Respondi que o baile era de máscara e como eu sou muito feio, não precisava usá-las, mas para minha fantasia não ficar muito diferente de alguns confeitaristas, tinha que usar aquele majestoso par de chifres. Ela entendeu e riu.
Antes, ela -a repórter- tinha feito uma entrevista com Odeman Miranda – dono da Confeitaria- e Odeman falou que no tempo dele o carnaval era bem melhor e mais alegre. Ela guardou aquela resposta e se dirigiu a minha pessoa e perguntou se eu concordava com aquilo que Odeman tinha falado, eu respondi que sim.  Ela não conformada, pediu uma explicação. Então eu disse que tínhamos dezoito anos, e tudo nessa idade é mais bonito.
Veio-me agora, a lembrança da juventude, do tempo de criança, tudo era mais bonito. Que bom lembrar artistas eternamente belas, como Gina Lolobrígida, Sophia Loren, Audrey Hepburn, Natalie Wood, Grace Kelly. De artistas como o Gordo e o Magro, Os três patetas, Mario Moreno – Cantiflas, que faziam a gente sorrir nas matinês dos cinemas Rio Grande, Nordeste, Rex e Poty, onde marcávamos encontros com as namoradas.
Lembrar das missas em latim. O padre de costas para os fieis, e as mulheres de véu na cabeça, com um terço e um missal nas mãos. Mesmo de costas para os fieis, o Cônego Luiz Wanderley ainda aplicava sonoros “batidos” nas moças que usavam na Igreja, blusas sem mangas, e saias um pouco acima dos joelhos. Para comungar tínhamos que passar mais de doze horas em “jejum”. Era diferente não era?
Quem não se lembra das nossas mães, costurando em máquinas Singer, Vigorelli ou Leonam, fazendo camisas, vestidos, calças, ou pregando botões com um dedal no dedo?
Ouviam-se discos de 45 ou 78 rpm, long play ou compacto duplo. Lembram-se das radíolas portáteis, que levávamos para os “assustados”, juntamente com esses discos, ao som dos ritmos bossa nova, bolero, rock, mambo, twist ou “cha, cha, cha”.
Tempos diferentes. Tudo era melhor, até mesmos os ladrões, pois batíamos as ruas de Natal, pelas madrugadas fazendo serenatas para as namoradas, sem sermos molestados por ninguém. Podíamos cantar- É tal calma à noite. Realmente eram calmas as noites.
Saímos de casa, com os cabelos penteados com Gumex, ou brilhantina Glostora, tipo Elvis Presley. Como complemento, levávamos um Pente Flamengo, um pequeno espelho redondo, com um escudo de um time de futebol ou um retrato de uma mulher pelada na parte de trás. As meninas usavam um pentinho e um pequeno espelho dentro das bolsas. Até o urinol que tinha o nome de pinico era visto com bons olhos, servia para a moçada colocar e tomar bebidas no carnaval.
Quem não se recorda com carinho, do velho telefone de disco preto, que reinava solenemente na sala de visita, como se fosse uma jóia rara. Até os remédios de gosto ruins, tinham um sabor especial, e os nossos pais nos davam com todo carinho: Óleo de Rícino, Emulsão de Scott ou Biotónico Fontoura, eram os mais usados.
No vestuário masculino, das calças “boca de Sino”, eram festejadas. As mulheres usavam saias rodadas, vestidos longos, ou mesmo saias plissadas ou mini saias, ou blusa “tomara que caia”. Difícil as moças que usavam calças compridas. As fardas dos colégios femininos eram geralmente saias e blusas e a nossa turma ficava concentrada no Grande Ponto ou na Rua Deodoro, a espera da saída desses colégios, e que também surgisse de repente um “vento macho” para fazer a nossa alegria e de olhar de soslaio a calcinha das “desfilantes”.
Quem estudou engenharia ou matemática lembra-se bem da régua de cálculo, tão bem ensinada o seu manuseio, pelo querido professor Gilvan Trigueiro (Besourão) precocemente falecido.
Quanto era diferente aquela época. Novela nos rádios – nos rádios? Sim, parece mentira. O Direito de nascer fez o maior sucesso juntamente com Jerônimo o Herói do Sertão e Aninha a sua namorada. Eita tempo bom. Até a leitura nas revistas O Cruzeiro ou Manchete tinha outro prazer. Era tudo diferente.
 Minha netinha Maria Elisa perguntou-me qual a idade que eu queria ter sempre, respondi – dezoito anos. Ela pensou um pouco e disse – É vovô, você ficaria um rapaz, mas, em compensação não existia Eu, Matheus e Júlia (meus outros netos). Pensei um pouco e vi que tudo tem seu tempo certo. Hoje sou muito feliz vivendo o tempo de ser avô.


               


                

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