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26/02/2015

PROFESSOR ÁLVARO NAVARRO


Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura

Fez concurso para o Atheneu Norte-Rio-Grandense, aos 31 anos de idade, para disciplina Ciências Físicas e Naturais, no ano de 1933. O velho educandário recebeu os seus ensinamentos por largo período, até a sua aposentadoria. Professor dos mais competentes ostentava como marca do seu caráter, de cidadão honrado, a cordialidade.
Além do cumprimento do dever, em sala de aula, durante o período letivo, costumava, também, proferir palestras nos chamados cursos de férias, modalidade do magistério, em uso habitual daquela época.
O primeiro natalense formado em Farmácia, originário de curso superior fundado em solo potiguar. A sua cola­ção de grau deu-se no final de 1925, pela Escola de Farmácia de Natal, criada no governo Antônio José de Melo e Souza, através Lei Estadual n° 497, de 02 de dezembro de 1920 e do subsequente Decreto n° 192 de 08 de janeiro de 1923. Em seguida, no mês de dezembro do mesmo calendário, surgiu o Curso de Odontologia, ane­xado à referida escola farmacêutica, pela Lei n° 570, sendo, por via de con­sequência mudada a denominação an­terior para Escola de  Farmácia e Odon­tologia de Natal, perdurando até o seu desdobramento em 1960, através le­gislação pertinente.
Os nomes das duas unidades de en­sino superior sofreram alteração, com o passar do tempo, em obediência à evolução universitária. (Dados confe­ridos do livro "História do Ensino Far­macêutico no Rio Grando do Norte" -1920 - 1922) da autora, professora e doutora Maria Célia Ribeiro Dantas Aguiar), neta do biografado e herdei­ra do seu anel de formatura.
Esta é a obra exclusiva e completa, até o momento, já escrita em relação ao assunto versado.
O quadro dos diplomados da primei­ra e única turma da Escola de Farmácia de Natal, teve, como Paraninfo, o médico português, então sediado em nossa cidade, Francisco Gomes do Valle Miranda. Os homenageados foram Joa­quim Torres, Antônio José de Melo e Souza e José Augusto Bezerra de Me­deiros. E os alunos concluintes, dois apenas: Álvaro Torres Navarro e José de Almeida Júnior, este último, paraibano, exercendo, depois, a profissão em Cam­pina Grande. Outros, desistiram da titu­lação, durante o curso.
A Escola de Pharmacia de Natal foi extinta, logo depois, durante o gover­no José Augusto de Medeiros, por falta de alunos.
No ano de 1947, foi criada a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal, pelo Decreto - Lei 682, por ins­piração do professor Luiz Soares de Araújo.
Álvaro Navarro foi docente catedrá­tico do Atheneu Norte-rio-grandense, desde a década de 1930. Lecionava a dis­ciplina Ciências Naturais e participou de inúmeras Bancas Examinadoras.
A vocação de farmacêutico fôra-lhe transmitida pelo tio materno, Joaquim Torres, proprietário, a esse tempo, da "Farmácia Torres", situada na Praça Sete de Setembro, desta Capital. Desde a adolescência que o então jovem, seu  sobrinho, ajudava-o, despachando re­médios, aplicando injeções, manipu­lando produtos químicos e adminis­trando outros procedimentos farmaco­lógicos.
Essa experiência fez dele proprietá­rio, mais tarde, da "Farmácia Navarro", no nascente bairro do Alecrim, desta cidade. Foram dois prédios, a velha e, depois, farmácia nova, situadas na mesma avenida - Amaro Barreto.
Numa, e em seguida, noutra, passou a vida inteira, ministrando a sua com­provada competência. O seu nome, como profissional, cresceu e firmou-se na sociedade natalense. Foi ele um precursor da farmacologia do Rio Gran­de do Norte, merecedor, portanto, de homenagens da nobre classe e cultuada a sua memória.
Era dotado de espírito sociável, apre­ciando os ambientes festivos em datas comemorativas. Sem se envolver, vi­brava o entusiasmo por ocasião dos mo­vimentos políticos, não ficando omisso ao debate nas rodas de amigos e conhe­cidos. A tudo acompanhava pelos jornais. Tinha inscrição na Associação de Im­prensa, o que atesta o seu interesse pela divulgação das ideias, no processo da evolução social.
Quando convocado, frequentava reu­niões da Associção dos Professores do Estado, emprestando a sua colaboração às conquistas do magistério público, que fazia parte.
A "Farmácia Navarro", o ponto de encontro das conversações com amigos, durante o dia e à noite.
Na minha meninice, costumava pas­sar, com meus irmãos, Juracy e Jahyr, dias de domingos, na acolhedora man­são do Alecrim, na convivência salutar e fraterna de suas filhas diletas. Depois, a residência foi mudada para rua Prin­cesa Isabel, na Cidade Alta.
Na condição de sobrinhos, seguíamos de perto a sua conduta socializante, não somente no seio familiar, como tam­bém, em círculo mais amplo do compor­tamento humano.
No Atheneu, acompanhando os seus passos de professor receptível às consi-derações do alunado. Suas aulas, de cla­reza meridiana, nos diversos questiona­mentos da disciplina.
No diálogo privado, dele, muito foi aprendido, dos seus úteis conselhos. In­centivava a leitura dos bons livros. Pos­suía ele, a enciclopédia da adolescência daquele tempo, em Natal: - "Tesouro da Juventude", obra maravilhosa, compos­ta, se me não engano, de dezoito volu­mes, contendo os mais diversos conhe­cimentos humanos. Recordo as sábias in­formações de Clóvis Beviláqua, na sua introdução. Desse quilate, os livros que recomendava à leitura e ao estudo.
O seu lar, espécie de jardim sempe florido e encantador, predominando o perfume da rosa da educação e o cravo do sentimeno amoroso, que dividia com a esposa, Maria da Glória e descen­dentes.
O filho caçula, José, saiu cedo de casa e foi ser médico em São Paulo. As filhas, Cleide, Maria Antônia, Cleves e Alvair, pertenciam, na época, ao seleto número das moças mais bonitas de Natal.
Os netos, o encanto da sua vida.
Partilhava com os genros, Múcio Ri­beiro Dantas, Jair Vilar, Ossian Guedes e José Mesquita, o bem viver e a ven­tura de uma família feliz.
Com eles, abria a alma, o coração e o entendimento; e, sobre todos, der­ramava a bênção de pai.





Professor do Atheneu Norte-Rio-Grandense
Sentados da esquerda para direita; Álvaro Navarro, Ismael Nazareno,
Padre Monte, Custódio Toscano, Celestino Pimentel, Hostílio Dantas, Mons.  Matha e  Edgar B

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