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06/05/2014

Rebouça e Malheiros


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
 
Encontramos, em várias localidades do nosso estado, descendentes das famílias Rebouça (é assim que está na maioria dos registros) e Malheiros, que se entrelaçaram por aqui. Alguns migraram para o Ceará. Há descontinuidades nos registros da Igreja, mas, de qualquer forma, vamos trazer alguma informação sobre eles, neste artigo.

João Malheiros, filho de Diogo Rebouça, natural de Santo Estevão, da faixa de idade de vinte e oito anos, cabelo liso e louro, olhos pardos, rosto redondo e aflamengado, baixo e grosso de corpo, e bem empinado, é soldado desta companhia desde 5 de janeiro de 1699 anos e vence mil oitocentos e sessenta e seis reis de soldo, por mês, na forma do assento do Conselho da Fazenda, lançado no livro 2º a fls 79v e não vencerá mais coisa alguma. Manoel Gonçalves Branco. Há ajustes nas laterais desse registro que vão até 1703, no Arraial do Assú.

João Malheiros recebeu, junto com Antonio Velho de Brito, no ano de 1706, do capitão-mor Sebastião Nunes Collares, sesmaria no Rio Umary, entre as duas serras de Catolé correndo para a serra de Mãe d’Água.

Nos velhos registros desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, encontramos o batismo de dois filhos de João Malheiros: aos 28 de outubro de 1706, na capela de Santo Antonio do Potengi, foi batizado Diogo, filho de João Malheiros e Beatriz de Castro, tendo como padrinhos Manoel Tavares Guerreiro e Maria Magdanela, filha do coronel Gonçalo da Costa Faleiros; e, em 10 de junho de 1711, no oratório da capela de Jundiaí, foi batizada Maria, filha de João Malheiros e Beatriz de Abreu (outro sobrenome), tendo como padrinhos o sargento-mor Estevão Velho de Moura e Úrsula de Mendonça, viúva (do coronel Gonçalo da Costa Faleiros).

Encontramos outros registros na capela de Jundiaí, onde os batizados eram três tapuias, escravos de João Malheiros, em 1711.

Há outro Malheiros, dessa época, já tratado em outros artigos, que é Gaspar Rebouça Malheiros, português de Viana, casado com Úrsula Leite de Oliveira. Gaspar e Úrsula batizaram os seguintes filhos, a partir de 1703, todos na capela de Santo Antonio do Potengi: Gaspar, em 1703; Damião, em 1705; Ponciano, em 1706; Lourenço, em 1708.

Nos assentamentos de praça, de 1724, encontramos alguns deles, com o nome já completo: Gaspar Pereira Leite, 20 anos; Lourenço de Oliveira, 16 anos; Ponciano Gonçalves, 17 anos; e Antonio Leite de Oliveira, 45 anos. Já Damião Pereira Leite, vamos encontrar na folha de pagamento de tropas de 1720. 

Com todas as informações acima, não conseguimos detectar a ligação de João Malheiros ou Diogo Rebouça com Gaspar. Como dito em artigo anterior, havia um Diogo Malheiros Rebouça que foi casado com Jacinta de Vasconcelos, e depois com Phelippa Rodrigues de Oliveira. No registro do casamento com Phelippa, aparecem como seus pais Diogo Malheiros e Beatriz de Abreu. Acho que houve um erro no registro dos pais, pois acredito que eram João Malheiros e Beatriz de Abreu (ou Castro).

Vejamos outros registros onde aparecem  membros da família Rebouça. Em 2 de setembro de 1761, na capela de Santo Antonio, casaram Salvador Rebouça de Oliveira (natural de Mossoró, da freguesia de São João Batista do Assú) e Rosa Maria de Oliveira; ele, filho do capitão José Rebouça de Oliveira (Igarassu) e Ângela das Neves (Olinda), moradores no Assú; ela, filha do capitão Ignácio de Oliveira (Vilarinhos, São Salvador de Macieira, bispado do Porto) e Brígida Leite de Oliveira. 

Esse casal gerou José, em 1766, que foi batizado na capela de Santo Antonio do Potengi, tendo como padrinhos Manoel Francisco Rebouças, tio paterno, e Brígida Leite, sua avó materna. Em 1774, nasceu Manoel, que teve como padrinhos Antonio Manoel e Anna, filhos da viúva Brígida Leite. Em 1781, era batizado outro Manoel, filho do mesmo casal.

José, depois, alferes José Rebouça de Oliveira, filho de Salvador e Rosa Maria, casou com Antonia Joaquina de Barros, filha do sargento-mor Antonio de Barros Passos e Bernardina de Assunção.

Em 6 de junho de 1801, Gaspar Rebouça de Oliveira, filho de Salvador Rebouça de Oliveira e Maria de Oliveira, falecida, casou com Rosa Maria de Oliveira, filha de Luis Gomes da Silva e de Úrsula Leite de Oliveira, sendo testemunhas tenente Antonio Cavalcante Bezerra e alferes Luis Gomes. Houve dispensa de 2º grau de consanguinidade. Salvador e Úrsula eram irmãos, ambos filhos de Salvador Rebouça de Oliveira e Rosa Maria de Oliveira (que casaram em 1761). Observem como os nomes se repetem, criando, algumas vezes, confusão genealógica. Essa segunda Rosa Maria, esposa de Gaspar, faleceu em 1830, com 41 anos de idade.

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