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04/04/2014

UNI-RN



DALADIER CUNHA LIMA – (2)

Jurandyr Navarro

(Do Conselho Estadual de Cultura)

O segredo da vitoriosa missão educacional de Daladier Cunha Lima é devido à sua perseverança por causa tão nobre revestida de grandiosidade. O importante não é somente iniciar, porém, persistir, dar continuidade e jamais confiar na chamada boa estrela, iluminadora do caminho a percorrer.

A exemplo de todos impulsos generosos, a tarefa educacional é feita de trabalho e dedicação, animada por um coração confiante. Desprovido do oxigênio vivificante do ensino programado, o espírito se atrofia pela falta do alimento intelectual. E nesta queda vertiginosa inibida é a energia do lutador, fato caracterizado na expressão gráfica do pensador religioso Fougeray: “Onde um coração já não vibra, o vigor enfraquece; a alma saltita ainda, o gênio não tem asas; em lugar de relâmpagos, o raio emite centelhas. Enfim, nada de sublime, quando o coração se apequena”.

A verdadeira instrução é conselheira da convivência duradoura com os livros. Nos mosteiros medievais a Biblioteca tinha o elevado conceito do respeitável Santuário.

Bem dirigida e aliada a uma educação refinada, a instrução conduz a uma existência virtuosa.

A Pedagogia no seu amplo sentido, prepara a mente humana para o saber, impulso criador que move o mundo.

Com muito acerto pontificou o pensador Dumas; “Ah! Se fosse possível que eu viesse a perder a avidez pelo saber e pela investigação, a sede pela ciência que por nada se apagará, a vida não me ofereceria mais nenhuma consolação. Que deleites acompanham o exercício das faculdades intelectuais! Diz-se do saber o que se diz do poder: é o banquete dos deuses”.

Dispondo-se apenas de uma centelha, semelhante à luz de um vagalume pode-se, por leituras escolhidas, incendiar a imaginação, advindo imagens, as mais belas, propiciando, assim, a radiante aurora da inspiração cultural.

A sabedoria, desde tempos imemoriais, tem sido iluminada pelo fogo ardente da inteligência humana, reluzente clarão lembrante às tochas, sempre acessas, do templo das Vestais, sendo, somente ela, a sabedoria, a singular descobridora dos segredos do Universo.

Destituído dessa chama abençoada o homem estaria, ainda, vagando, sem rumo definido, pelos sombrios caminhos da floresta inóspita da ignorância.

A determinação de Daladier Cunha Lima em prestigiar a ação pedagógica seria vã se destituída da grandeza de um trabalho inteligente e perseverante.

O esforço pessoal, a sua liderança, aliados à apurada reflexão, pôde edificar monumentos duradouros para as gerações jovens. Seguiu ele, nessa caminhada, a magia do som mavioso da lira de Anfion, responsável pelo erguimento das muralhas de Tebas.

No ato de instalação da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento, ele assim se expressou, dentre outras considerações: “A FARN manterá estreito relacionamento com a sociedade Norte-rio-grandense. Nosso planejamento será baseado na Missão da Faculdade, nas potencialidades internas, e, sobretudo, nas demandas expectativas da sociedade. Estaremos abertos e receptivos a novas ideias e sugestões e atuaremos com visão de futuro, valorizando sempre o pensamento prospectivo. Procuraremos, permanentemente, o diálogo construtivo com os governos, com a classe política, com o empresariado e com a classe trabalhadora. Estaremos em conexão com as Instituições Educacionais, nos diversos níveis públicos e particulares. Enfim, estas portas estarão abertas, não só as portas, mas os corações, as almas, as mentes, na busca das melhores energias e sinergia em favor da educação do Rio Grande do Norte”.

Salas de aula são palcos em que atores, os discípulos, encenam peças, idealizadas pelos autores, seus mestres. São elas, as salas de aula, como “templos sagrados da humanidade”, designação atribuída a Pasteur, em relação aos laboratórios científicos.

Ambos são remédios para o corpo e para o espírito, respectivamente.

Tal cenário incentiva, através o ensino o despertar da mente do adolescente, às coisas úteis da civilização humana, livrando a mocidade de ser prisioneira de uma vida apedeuta, cuja cela escura não seria, sem o seu concurso, clareada pela chama ardente de uma esperança salvadora.

Mantém, Daladier Cunha Lima,  conceituada coluna semanal, de anos, aos domingos, no jornal “Tribuna do Norte”, de nossa capital, na qual espelha suas idéias em concepção geral, num estilo elevado e atraente.

Dentro outras realizações, na UFRN, criou o Mestrado de Engenharia Química.

Lembre-se, também, de passagem, ter sido de sua iniciativa, como Reitor, federal, a implantação do Curso de Especialização de Literatura Brasileira, até então inexistente.

Além da Literatura, a Música foi também prestigiada no seu mandato quadrienal, com a construção de imponente edifício, em espaço nobre do campus universitário. Homenageando a divina arte, a iniciativa despertou desusado interesse, persistente até os dias presentes.

Tal grandiosa sinfonia, o som mavioso contagiou pintores, escritores e demais amantes da manifestação do Belo, para realizarem apresentações no convidativo palco artístico-cultural.

Pitagórica, é a afirmação de que a ondulação musical purifica a alma humana.

O sensível dirigente lembrou-se, ainda, de tornar escrita a História da Universidade, o ponto de partida da sua memória, iniciando-se pelos seus primeiros trinta anos. Ficou assim idealizada a sua Síntese Cronológica, entregue esse trabalho de pesquisa ao então professor Veríssimo de Melo, que publicou livro a respeito, trabalho atualizado pela professora Carmem Lúcia de Araújo Calado, na presente gestão da atual Reitora Ângela Maria Paiva Cruz, em obra lançada, recentemente, no pátio da Reitoria.

A instrução e a educação são bens perduráveis que atravessam gerações de anos-luz.

A educação é a luz iluminadora da alma humana na idade jovem, a fim de guiá-la nas subseqüentes idades adulta e anciã.

Com o passar do tempo, a idade considerada jovem fará parte do passado, certo? Todavia, essa luz do passado, que iluminou a idade jovem será como a luz das estrelas, luz que ainda permanece no espaço sideral, mesmo que elas, as estrelas, hajam se eclipsadas no firmamento, continuando a iluminar as mencionadas idades adulta e anciã, no tortuoso caminho da existência.

Daí, a importância da luz da educação, projetada na idade jovem.

Daladier Cunha Lima é desses cidadãos que dedicaram a vida, em parcela acentuada, às gerações estudiosas, embora a custo de ingente sacrifício.

No entanto, igualmente a Joaquim Nabuco, ele interpreta que “a Cruz pode ser pesada de carregar, mas somente ela equilibra o nosso andar”.


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