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08/03/2014



LUCIANO ALVES DA NÓBREGA

Jurandyr Navarro

Do Conselho Estadual de Cultura

Nascido no abrasado Seridó, soube honrar as tradiçoões de seus antepassados, cultuando os ensinamentos cristãos no cerne da família e transmitindo aos círculos de  amizade.

A sua atividade social foi traçada por uma linha sem deflexões. Em Caicó, ainda moço, foi atraído pelo canto mavioso da sereia da Política, elegendo-se Vereador, nos verdes anos primaveris. Esse único mandato legislativo foi qual sonho de uma noite de verão... para a carreira política iniciada.

A fim de continuar seus estudos, iniciados no Ginásio Diocesano, veio para Natal onde estudou no Colégio Pedro II, sediado na Ribeira, próspero bairro da época. Esse aprendizado levou-o ao Recife, metrópole adiantada de então, onde cursou Filosofia e fez o CPOR, na idade própria da sua convocação para Reservista, recebendo a espada, símbolo do oficialato.

No retorno ao torrão potiguar, submeteu-se ao vestibular de Direito, tendo sido, durante o bacharelado, eleito presidente do Diretório Acadêmico, pelo prestígio de sua liderança.

Diplomado, a exemplo de colegas veteranos, efetuou os primeiros ensaios nas lides advocatícias. Vocacionado para o magistério, com o tempo, tornou-se educador, não somente em sala de aula, mas, também, ocupando cargos públicos dos mais importantes, na Pasta da Educação, fazendo parte, por um espaço de tempo, do seu egrégio Conselho.

Depois, ingressou no quadro da Procuradoria Geral do Estado, no cargo de Procurador, servindo, durante anos na Secretaria da Educação, dirigindo o Setor Jurídico. E o fez com a devida competência.

Aposentado, após algum tempo, participou da criação da Academia de Letras Jurídica, do Rio Grande do Norte, como Acadêmico, na Cadeira nº 35, cujo Patrono é o Professor Otto de Brito Guerra, parente próximo, seu conselheiro e amigo, que, na intimidade, chamava-o de “Tio Ótimo”!

Nesse cenáculo lítero-jurídico, desempenhou afazeres relevantes, fazendo parte da sua organização interna, no cargo de Diretor da Revista. Em reuniões solenes, teve ele a grata oportunidade de proferir palestras e orações outras, da sua tribuna, sempre prestigiando, com sua presença e participação, esses encontros culturais.

Na Revista que dirigia, escreveu num de seus números, em sua Apresentação: “A Revista da Academia deve cultivar as Humanidades, tornando obrigatória a existência de espaço para exposição de temas humanísticos e científicos, sobre aqueles uma vista quanto ao majestoso conjunto das ciências que lhe são próprias, o campo do pensamento, da imaginação, da memória e das artes. Ensaios ou análises referentes à ciência e à cultura, aos estudos de diferentes tendências para análise múltipla. Visão tecnicista ou pragmática sobre material de excepcionalidade.

Enfim, haverá um plano para a fixação, a visão de novas perspectivas, sugestões ou repensar metódico do que se constata nos conhecimentos hodiernos, propostas e conclusões e até sugestões de mudanças estruturais. Órgão de instituição que vivencia a ciência e a cultura do Direito, impossível suas páginas não transparecerem os debates que lhe são próprios, existenciais, compatíveis com as necessidades do povo e do seu meio”.

A sua vida foi, toda ela, ligada a ocupações de ordem sócio-intelectual, tendo pertencido ao Rotary Club, onde a sua dedicação à causa levou-o ao posto de alta confiança, de seus confrades, o de Governador, por um mandato, repleto de realizações.

Outras instituições culturais tiveram-no como integrante, inclusive o Instituto Histórico e Geográfico do RN, onde no vetusto e tradicional casarão, realizou pesquisas, durante algum tempo.

Nos seus estudos alicerçou apreciável lastro cultural em literatura e noutros domínios do saber. Deixou pesquisas anotadas e escritos inéditos. Tinha mente ativa e curiosa.

Era dotado de uma Fé inquebrantável. Na idade madura a saúde física sofreu cruel abalo, somente vencido por pessoas abençoadas. Dos olhos marejados, pelo doloroso sofrimento, afastou, naquela ocasião, pela graça de Deus, a maldição da morte, que abatera à sua porta, antes da hora.

Muita coisa boa teria, ainda, de realizar na vida, com sua família, sempre unida ao seu lado. E esse tempo precioso seria-lhe concedido pela bondade da divina Onipotência, que tudo pode.

As continuadas ocupações sociais de Luciano, livram-no dos momentos de dissipação, por muitos experimentados. Tais ocupações ocuparam o seu espírito afeito às generosas realizações.

O labor bem direcionado, na razão de ordem temporal, espiritual e ética, conduziram-no às boas obras. Tudo, na convergências de um resultado satisfatório à  alma e ao intelecto, desabrochando, daí pensamentos positivos.

Avizinhando-se da idade octogenária, dentre outros afazeres, ofertou-se de corpo e alma, à causa do catolicismo, dando continuidade à sua crença, arraigada desde a infância, por transmissão hereditária. Prestou, assim, na fase derradeira, serviços a uma Capela do seu bairro, acompanhado de amigos do mesmo credo religioso.

Fecho feliz, o da página final do livro da sua vida!

A esposa, Deuze, e filhos, muito contribuíram para tamanho sucesso, o da sua trajetória luminosa, e que sua despedida final ocorresse em ambiente de plena paz.



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