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27/11/2013

Almirante Theotônio Coelho Cerqueira de Carvalho


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG

Ele nasceu aos dezenove de novembro de mil oitocentos e trinta e oito, e foi batizado aos treze de janeiro do ano seguinte, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. Era filho de Theotônio Coelho Cerqueira, natural de Portugal, e D. Izabel Maria de Lacerda. Teve como padrinhos Simão Antonio Gonçalves e sua mulher D. Maria Quitéria da Purificação.

Parte de sua carreira encontrei nos antigos jornais, da Hemeroteca Nacional. No final de 1858, após prestar exames para Escola da Marinha, foi aprovado, iniciou em 1859 e concluiu no final de 1860, tornando-se apto para ser contratado como Guarda Marinha, tendo participado nessa condição, já no ano de 1861, na corveta Bahiana. Em 1864, como segundo tenente, foi promovido a 1º tenente por merecimento.

Em 1876, o Ministro da Marinha mandou louvar o 1º tenente Theotonio Coelho Cerqueira de Carvalho pela apresentação do manuscrito intitulado “Viagem de exploração ao Alto Paraná e Iguassú”, feito na Canhoneira Fernandes Vieira, de que era Comandante. Nessa viagem, uma canoa, que usava para fazer as explorações, virou, morrendo um homem e uma criança, escapando ele e mais cinco tripulantes, depois de lutar contra a correnteza das águas por mais de 25 minutos.

Em 23 de setembro de 1890, após participar da eleição como candidato ao senado pelo nosso estado, fez um agradecimento ao eleitorado independente do Estado do Rio Grande do Norte.

Escreveu o capitão de fragata: Elevado pela brilhante votação, com que sufragou o meu nome, no último pleito eleitoral, o povo do Rio Grande do Norte, meu berço natal, venho oferecer-lhe a expressão de meus sentimentos, assegurando-lhe profunda gratidão, e eterno devotamento de minha vida. Desprotegido, embora, meu nome pelo bafejo oficial, nem por isto arrefeceu o honroso acolhimento com que me distinguiu o independente eleitorado do Rio Grande do Norte, circunstância especialíssima que mais obriga o abaixo assinado para com seus dignos conterrâneos. Foi com orgulho, que muito me penhora, que soube de quanto apreço, e quanta consideração cercaram aí os fracos serviços que, com lealdade e nobreza, hei prestado ao país, e especialmente ao Rio Grande do Norte, a quem dediquei a alma, o coração, e o braço. E esta justa compensação será abençoado incentivo para que, se possível é, se ative em mim, fulgure mais a centelha do amor pátrio, talismã sagrado que tem sido e será a estrela polar de todos os atos de minha vida. Acompanhando o digno eleitorado, a quem sou reconhecido em extremo, penso corresponder a sua alta confiança, assegurando-lhe que, como ele, só conheço uma religião – a do dever – só conheço uma liberdade – a que conduz ao caminho da honra. Theotônio Coelho C. Carvalho.

Em 1890, foi nomeado para inspetor do Arsenal de Marinha do Estado do Pará, e nessa época era capitão de fragata e exercia o cargo de capitão do Porto desse mesmo Estado. Em 1891 foi nomeado para comandar a Flotilha Amazonas e, em 1893, para comandar o Cruzado Guanabara, já como capitão de mar e guerra. Em 1898, era nomeado para inspetor do Arsenal de Marinha de Mato Grosso. Assumiu o comando da Flotilha, em Mato Grosso, em 1900. Recebeu medalha de ouro, de mérito militar, em 1902. Em 1904 era nomeado para assumir o cargo de administrador da praticagem da Barra do Rio Grande do Sul, e comandar o vapor Jaguarão.

Nesse mesmo ano de 1904, faleceu no Município de São Gonçalo, Justa Coelho Cerqueira de Paiva, esposa de Luiz Ignácio Freire de Paiva, sogra do capitão José Coelho Pereira de Brito e irmã do capitão de mar e guerra Theotônio.

No ano de 1906 esteve em Natal, visitando parentes. Em 1909, o governador informa, em seu relatório, que a casa do almirante Theotônio Coelho Cerqueira de Carvalho foi desapropriada para adaptação do Palácio e residência dos governadores.

O Jornal do Brasil de 1904 anunciou: Questão de máxima importância para a Armada Nacional foi ontem resolvida pelo Supremo Federal. Tratava-se da interpretação de legalidade de promoção do capitão de mar e guerra Alexandrino Faria de Alencar. Os capitães de mar e guerra, Theotônio Coelho de Cerqueira de Carvalho, Miguel Antonio Pestana, José Ignácio Borges Machado e José Pedro Alves Barros, reclamaram contra a promoção a contra-almirante do capitão de mar e guerra Alexandrino de Alencar. Alegavam que não foi ouvido o Conselho Naval, e nem Alexandrino de Alencar tinha cumprido o tempo de 2 anos no cargo de capitão de mar e guerra. O Supremo Tribunal Federal negou a solicitação.

Segundo Adauto Câmara, Theotônio casou com Cecília de Carvalho Coelho, em Uruguaiana, RS, tendo desse casamento um filho, Joaquim de Carvalho Coelho Cerqueira, nascido em 1878. Casou em segundas núpcias com Eugênia de Gouveia Coelho de Cerqueira, de Areia, PB, filha do desembargador Epaminondas de Souza Gouveia, nascendo desse casamento Maria Eugenia, Horminda, Isabel. Tinha cinco irmãos: Rosa, Justa, Vulpiana, Maria Honorina e José Coelho de Cerqueira. Faleceu em 14 de fevereiro de 1930, no Rio de Janeiro.

Segundo o Diário Oficial da União, foi reformado compulsoriamente, em 21 de novembro de 1904, no posto e com o soldo de Vice-Almirante, e graduação de Almirante, com 48 anos, 10 meses e 27 dias de serviço, na idade limite de 62 anos. Informa Adauto, que a data de nascimento foi alterada para 19 de novembro de 1842, para entrar na Marinha.

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