1928 – FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO JUVENAL LAMARTINE
Autor – Rostand Medeiros
Hoje vemos a “modernidade” em Natal colocando em risco um patrimônio histórico extremamente importante para a história desportiva potiguar.
Comento sobre a polêmica existente sobre o fim do estádio Juvenal Lamartine, a primeira praça esportiva potiguar, destinada exclusivamente a prática do futebol e do atletismo.
A ideia do atual governo potiguar é construir na Zona Norte de Natal um novo estádio de futebol, de porte médio para Natal, com capacidade para receber um público máximo de dez a doze mil espectadores.
Consta que os estudos realizados pela equipe do Governo ser inviável a proposta de recuperação do estádio localizado no valorizado bairro do Tirol, pela inviabilidade – técnica e econômica – no atendimento a diferentes exigências normas de segurança e de funcionalidade.
No último dia 26 de outubro, o deputado estadual Fábio Dantas, do PHS, sugeriu a transformação do estádio de futebol numa grande área de lazer no bairro Tirol. O político apresentou requerimento à governadora potiguar, Rosalba Ciarlini com reivindicação nesse sentido.
Este deputado, segundo foi divulgado na imprensa, comentou que vender o estádio por 20 milhões de reais “-É muito pouco, em função da valorização de áreas do bairro de Natal”. Ele solicita ao governo do Estado que o Juvenal Lamartine seja transformado numa grande área de lazer.
De acordo com o deputado Fábio Dantas, ocorrendo essa transformação, o governo do Estado terá o reconhecimento da sociedade e dará uma alavancagem na administração. (http://www.givva.com.br)
Houve outra iniciativa de preservação deste patrimônio histórico. Recentemente o vereador Franklin Capistrano propôs transformar o velho estádio do Tirol em Patrimônio Histórico e Cultural da cidade de Natal. O vereador acredita que com o tombamento conseguiria livrar o valioso terreno do assédio das construtoras que desejam aquele espaço valorizado para a construção de condomínios.
Aparentemente alguns os políticos potiguares estão se movimentando para salvar o velho Juvenal e o que sobrou da identidade futebolística. (http://www.diariodenatal.com.br/2011/10/27/esportes1_0.php)
Através do site http://www.mp.rn.gov.br, ficamos sabendo que no próximo dia 14 de novembro de 2011 vai ocorrer uma Audiência Pública proposta pelo Ministério Público, sobre a importância histórica do Estádio Juvenal Lamartine. A princípio esta Audiência Pública vai ocorrer na sede da Procuradoria Geral de Justiça, às 10 da manhã, sendo uma iniciativa da 28ª Promotoria de Justiça da Comarca de Natal.
A reunião vai contar com a participação da população, de técnicos no assunto e de representantes da Procuradoria Geral do Estado, da Assembleia Legislativa e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB), que vão debater a proposta do Governo do Estado em vender o estádio para custear a construção de um hospital.
Além dos debates, a Promotora de Justiça Rossana Mary Sudário fará uma breve exposição das propostas do Ministério Público acerca da conservação e utilização do espaço. O que possibilitará firmar um possível Termo de Ajustamento de Conduta com os órgãos responsáveis.
Bom, como posso contribuir neste tema?
Como gosto de história, nada melhor que mostrar as fotos publicadas na revista “Cigarra”, de 1928, sobre a inauguração do velho “Stadium do Tyrol”. Espero que a divulgação deste material mostre de forma mais clara a importância histórica deste patrimônio.
Segundo reportagem publicada no jornal “Tribuna do Norte” (http://tribunadonorte.com.br/noticia/juvenal-lamartine-perto-de-virar-um-oitentao/70220), temos os seguintes aspectos referentes a inauguração do estádio Juvenal Lamartine.
“Governava o Rio Grande do Norte um político habilidoso, filho de Serra Negra, membro de uma família importante, como eram os Lamartine. O líder da família, governador Juvenal Lamartine de Faria, entre tantos atributos, o de ser um desportista, com forte inclinação pela aeronavegação, Tanto que, é um dos fundadores ao Aero Clube do Rio Grande do Norte, por coincidência também completando 80 anos de fundação este ano.
Convidado pelos dirigentes da LNDT para dar o chamado “ponta pé” num torneio disputado no Tirol, Juvenal Lamartine ficou penalizado com a pobreza das instalações do campo de futebol, cujos vestiários eram de taipa, o terreno bastante arenoso, sem qualquer outra instalação física. De imediato, entrou em contato com o arquiteto natalense Clodoaldo Caldas, que residia no Rio, onde prestava serviços como servidor público federal.
Aceito o convite, em seis meses o estádio estava pronto, com instalações modestas mas aconchegante e suficiente para os primeiros torneios oficiais. Constava de uma arquibancada de madeira (hoje, ainda de pé), com capacidade para 800 a 1000 pessoas sentadas, com o restante do público, em pé, protegido por uma mureta bem trabalhada em cimento armado. O estadinho do Tirol era murado, com fachada estilo barroco, lamentavelmente desfigurada na ampliação, hoje ocupada por pequenas lojas . No estádio todo, cabiam entre 3 e 4 mil assistentes, dos quais apenas os que estavam na arquibancada de madeira sentiam-se protegidos do sol e da chuva.
Na inauguração, estava a fina flor da sociedade natalense, os homens usando chapéu de palhinha, paletó e gravatinha borboleta, enquanto as senhorinhas desfilavam com os longos generosos no volume de tecido, chapéu de grandes abas. Natal, já tinha um colunista social, que era Aderbal de França, assinando a coluna diária com o pseudônimo de Danilo. A revista “A Cigarra”, semestral, trouxe ampla reportagem (com fotos) da festejada inauguração. Era o dia 12 de outubro de 1928. No gramado, ABC, América, Paysandu e o Cabo Branco, de João Pessoa. Antes do futebol, equipes femininas realizaram evoluções e aconteceram pequenas provas de atletismo. Segundo ainda “A Cigarra”. Foi um dia inteiro de festas.
Segundo as várias informações existentes, o torneio inicial no estádio Juvenal Lamartine foi entre as equipes potiguares do América, ABC e Alecrim. Juntou-se aos times locais o Cabo Branco da Paraíba.
Então qual seria o time do “Paysandu” apresentado na reportagem?
É bem verdade que havia uma equipe denominada “Paysandu Sport Club” que seria uma dissidência dentro do América de Natal. Mas acredito que ocorreu um erro na composição da revista “Cigarra”.
Espero que esta história não se perca na poeira da modernidade.
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