Páginas

11/09/2013

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES: UMA INSTITUIÇÃO.

Odúlio Botelho Medeiros, OAB/RN, ALEJURN, IHGRN, ASPERN.

                           Meus amigos, e de Carlos Gomes, que neste dia 10 de setembro de 2013 está a completar 74 anos de idade, terei o prazer de relembrar uma homenagem que lhe foi prestada anteriormente.
                            “Mais uma vez Deus me contempla e premia por ter sido designado pelo Professor Joanilson de Paula Rêgo, Presidente da OAB/RN para saudar, neste dia 10 de agosto de 2005, no âmbito da programação comemorativa à Semana do Advogado, uma das figuras mais significativas deste Estado, o Dr. Carlos Roberto de Miranda Gomes.
                           Carlos é uma personalidade múltipla, consegue ser com muito gabarito, ao mesmo tempo, jurista de nomeada, professor universitário, advogado, pesquisador, historiador, escritor, conferencista e bom orador.
                           Homem público que, para minha glória e honra pessoal, é meu dileto e querido amigo desde os idos de 1950. Crescemos no após-guerra, advindos de uma geração sofrida, mas, sobretudo, dinâmica e esperançosa. Nesse quadro, nasceu Carlos Gomes em 1939, filho do Desembargador José Gomes da Costa e D. Lígia de Miranda Gomes, ambos de tradicionais famílias desta terra.
                           Com o passar do tempo, o homenageado tornou-se um menino-cantor de voz belíssima, clara, entoada como o cantar dos passarinhos. E fez escola: eu, que era apenas seu fã de carteirinha, passei a ser seu concorrente (no bom sentido) na difícil arte de cantar. Cantamos juntos com Edmilson Avelino, José Filho, Salete Dias, Maria Cerize (possivelmente a primeira namorada) Selma Rayol, Agnaldo e tantos outros, pois que a memória, às vezes, falha.
                           Lembro-me, também, Carlos, que o Dr. João Juvanklim nessa época, com os seus irmãos, demonstrava o grande músico que seria no futuro, a tocar bandolim, cavaquinho e violão. Estas reminiscências fazem-me visualizar tantos outros que já se foram, como Luiz Cordeiro, Genar Wanderley, Duca Nunes, Ferreira Filho, Chiquinha da Sanfona, Zico Borborema, Gil Barbosa, Jaime Queiroz, Gilberto Wanderley, para não citar todos. Parafraseando o cantor e compositor Roberto Carlos: “velhos tempos, belos dias”.
                           Entretanto, minhas senhoras, meus senhores, advogados, magistrados, promotores de justiça, professores, pessoas convidadas e familiares do Dr. Carlos Gomes, não estou aqui para falar coisas de antanho e, sim, para falar da carreira múltipla deste valioso colega que vem trilhando pelos caminhos da verdade, da decência, da honradez, da ética e do amor à profissão de advogado. Se Carlos Gomes é brilhante professor de Direito Tributário de nossa Universidade Federal, com diversos livros publicados sobre tão difícil ramo do Direito, foi como advogado que estabeleceu sua marca, sua patente. Dá exemplo de cultura e de conhecimentos aos novos e aos mais velhos advogados, mercê do domínio que tem das coisas da advocacia, como também por manejar o Direito com fórmulas simples e objetivas, sem alardes, sem culto à personalidade e sem soberba.
                           Não é à toa que em PROVÉRBIOS – 3:13, está consignado: “Feliz o homem que acha sabedoria e o homem que adquire conhecimento”. Parece, até, que este provérbio foi destinado ao advogado de 66 anos, que está na plenitude de sua eficiência, porque não lhes faltam os dotes do conhecimento e da sabedoria. Sabedoria no trato da profissão, com a coisa pública, com a família, ele que é exemplo de filho, marido, pai e avô.
                           Sou testemunha ocular da trajetória de uma vida útil à sociedade e ao seu tempo. Por ser parte integrante de um discurso, mesmo que dentro da informalidade deste, é bom discorrer um pouco sobre a produção do homenageado: Carlos Gomes foi menino cantor da Rádio Poti de Natal na década de 50; soldado e cabo do Exército Brasileiro, sendo lá condecorado com a Medalha de Bronze, por ter sido o Praça mais distinto entre os conscritos e incorporados ao 16º RI, em 1959; recebeu a Medalha do Mérito Universitário, como o Melhor Concluinte de 1968, do Curso de Ciências Jurídicas e Sociais da UFRN; advogado militante; auxiliar de enfermeiro do Desembargador José Gomes da Costa, seu pai; auditor do Tribunal de Contas do Estado por concurso público de provas e títulos, tendo obtido o 1º lugar; diretor de diversos cursos de Direito em Natal; professor universitário; presidente e auxiliar de serviços gerais da OAB/RN; Controlador Geral do Estado; Diretor da Escola do Tribunal de Contas do Estado, além de pesquisador emérito e historiador.
                           Atualmente debruça-se numa pesquisa de fôlego, que se transformará na “História da OAB/RN”, que está em fase de conclusão, quase no prelo, portanto. Sim, meus amigos: ia esquecendo. Carlos também é metido à prendas domésticas e sabe construir boas casas. Talvez esse detalhe não seja lá tão difícil, pois quem soube construir a família que tem, soube trilhar niveladamente pelos caminhos da vida, soube construir as amizades e a liderança que tem, o fazer casas passou a ser uma diversão trabalhosa e ao mesmo tempo – agradável.
                           Meus senhores, minhas senhoras, é dentro deste contexto que enxergo Carlos Gomes. Como sou parte integrante de uma sociedade politicamente organizada, acredito que todas as pessoas aqui presentes pensam da mesma forma, pois que:

‘os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?’ - Provérbios -  20:24.

                           Tenho me inspirado sempre, em momentos como estes, no magistral Ortega e Gasset, que prelecionou:

‘os indivíduos, à semelhança das gerações têm destino preestabelecido, do qual se não podem afastar, sob pena de censura da sociedade’

                           Com toda certeza, Carlos não se afastou do seu destino. Ao contrário: é força atuante e ativa no perpassar da sua vida; no conviver com o tempo presente, com a sua geração e com as futuras.
                           Rui Barbosa, ensina: “Três amores deixou Deus aos homens – o amor da pátria, o amor da liberdade e o amor da verdade” e explicava que dos três o maior deles é o amor da verdade. Porque, os outros dois – o amor da pátria e o da liberdade, são da terra e do tempo, passam. Mas, o amor da verdade, pertence ao céu, e vai à eternidade.”
                           Destarte, sabemos todos nós que Carlos Roberto de Miranda Gomes respeita esses três amores de que fala o “Águia de Háia” e, de tanto praticar a verdade, o seu nome permanecerá reconhecido.
                           Sobre Carlos Gomes já se manifestaram João Medeiros Filho, no seu livro Contribuição à História Intelectual do Rio Grande do Norte – fls. 111/2 e, mais recentemente, o Prof. Jurandyr Navarro em trabalho que será lançado brevemente em Natal “Rio Grande do Norte – Conferencistas”, além de tantos outros autores contemporâneos.
                           Jamais se torna enfadonho encerrar um discurso relembrando o saudoso tribuno potiguar Dr. Djalma Marinho, cujo pensamento se encaixa como uma luva a esta homenagem:
‘Vim testemunhar, nesta solenidade a vitória da minha geração. Ela não se frustrou como num barco que, singrando para uma grande viagem, desistisse à primeira tormenta e voltasse sem glória e sem rumo (...)’
                          
                                   Digo eu, vim testemunhar, na presença deste seleto e culto auditório, que Carlos Gomes é a vitória da classe dos advogados inscritos na Seccional do Rio Grande do Norte. Deus o proteja.”

                                   Amigo Carlos Gomes, complemento tudo o que foi dito acima, nesta oportunidade, para ratificar o que todos os seus amigos sentem de sua marcante personalidade. Basta que você olhe para cada uma das pessoas aqui presentes, para que possa sentir o brilho da felicidade que resplandece do olhar de cada um. O povo na sua sacrossanta sabedoria nos ensina: “o coração alegre, embeleza o rosto (...)” E vamos sair desta festa mais bonitos e mais alegres, porque os nossos olhos estão mais cintilantes. Como falo em nome dos seus amigos, ouso invocar a grande Cecília Meireles, com a seguinte manifestação:


         ‘Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam; mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre. “

Nenhum comentário:

Postar um comentário