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09/01/2012

O Guardião do Transitus Domini em Terras Potiguares


O Guardião do transitus Domini  em Terras Potiguares
 Irmã Vilma Lúcia de Oliveira, FDC
Coordenadora do Arquivo Metropolitano
 e do Centro Documental Potiguar
arquivo@arquidiocesedenatal.com.br

            A comunidade católica de Natal foi surpreendida, na manhã de 13.12.2011, com a notícia da morte do Monsenhor FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA, aos 76 anos. Velado na Catedral Metropolitana de Natal, com missa presidida pelo Arcebispo Dom Matias Patrício de Macedo, concelebrada pelo Arcebispo Emérito Dom Heitor de Araujo Sales e diversos Sacerdotes, seguida do sepultamento no cemitério Vila Flor.
            Natural de Santa Cruz, RN, Monsenhor Assis nasceu em 12.4.1935. Filho de José Pereira de Carvalho e Rita Rodrigues de Carvalho. Foi ordenado sacerdote em 13.4.1958; recebeu o Título de Monsenhor, Capelão do Santo Padre, concedido pelo Papa João Paulo II, em 1991. Em 1.6.1994 a Santa Sé o confirmou Postulador, junto à Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano. Além de Vigário, Capelão e estreito colaborador do Arcebispado de Natal em diversas funções eclesiais, foi professor, pesquisador, escritor, arquivista e compositor sacro. Fiel à Eucaristia, ao Breviário e ao Santo Rosário. Um Mestre que rezou, estudou, advertiu, confessou, perdoou, provocou confrontos, pediu perdão - como costumava dizer: tenho o pavio muito curto.  Contudo, um Mestre de gerações.
            Entregou sua vida a serviço da Igreja e da tutela daquilo que ela produziu em sua missão. Era cuidadoso em conservar a memória da ação pastoral da Arquidiocese de Natal.  Tinha sempre presente que na mens da Igreja os arquivos são lugares da memória das comunidades cristãs e promotores de cultura para a nova evangelização (Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, A Função Pastoral dos Arquivos Eclesiásticos, Vaticano, 2.2.1997, p. 5). Se algumas características de sua fisionomia nos surpreendem, temos de pensar em seu caráter profundamente religioso e dedicado ao resgate histórico do transitus Domini (passagem do Senhor na expressão de Paulo VI) em Terras Potiguares. Ter o culto dos pedaços de papéis, dos documentos, dos arquivos, dos testemunhos de vidas, quer dizer, por repercussão, ter o culto de Cristo e o sentido da Igreja. (PAULO VI, Alocução aos Arquivistas Eclesiásticos, 26.9.1963).
            Assim, Monsenhor Assis, compreendia e tratava as fontes históricas, como laços que ligam a Igreja numa ininterrupta continuidade. São partes da mensagem de Jesus, que passa pelos escritos da primeira comunidade apostólica e de todas as comunidades eclesiais, chegando até nós num proliferar de imagens que documentam o processo de evangelização de cada Igreja Particular e de toda a Igreja (Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, A Função Pastoral dos Arquivos Eclesiásticos, Vaticano, 2.2.1997, p. 6). 
            Seu ministério foi fecundo, Doutor em Filosofia e Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, tornou-se uma figura das mais preparadas e solicitadas que a Arquidiocese de Natal já conheceu. No Seminário São Pedro foi professor de Latim, Grego, Teologia, Grego Bíblico e Vice-Reitor (1962-1964). Na Universidade Federal do RN participou da implantação do Curso de Filosofia, do qual foi Coordenador (1982-1984), lecionou Metodologia da Ciência, Sociologia, Metafísica Geral e Problemas Metafísicos. Na Emissora de Educação Rural, da Arquidiocese de Natal, foi Diretor-Superintendente (1963-1965). Coordenou a Comissão de Liturgia, Música e Arte Sacra (1964-1977); o Secretariado de Opinião Pública (1967-1971); a Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Natal (1988-2000). Foi Juiz Auditor da Câmara Eclesiástica de Natal, Vigário Episcopal para o Clero (1991-2001) e Vigário Geral da Arquidiocese (1994-2003).
            Como Postulador trabalhou no Processo de Beatificação dos Mártires de Cunhaú e Uruaçú da Arquidiocese de Natal, de D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira e de Dom Francisco Expedito Lopes, da Arquidiocese de Olinda e Recife, do Padre José Antônio de Maria Ibiapina, da Diocese de Guarabira, no Estado da Paraíba, do Padre João Maria Cavalcanti de Brito e do Cônego Luiz Gonzaga do Monte, ambos da Arquidiocese de Natal, e na Reabilitação Histórico-Eclesial do Padre Cícero Romão Batista, da Diocese do Crato, CE. Sua trajetória culmina como Sócio Efetivo da Academia Brasileira de Hagiologia e do Instituto Histórico e Geográfico do RN. Sua abnegação transparecia especialmente no modo como cumpria seus deveres, carregando em seu coração os sinais históricos das gerações que nos precederam no sinal da única fé. Eis o homem, o sacerdote, o Guardião do “transitus Domini” em Terras Potiguares.

                                                 

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