15/03/2021

BIOGRAFIA DE JACOB RABBI Postado por Barão de Ceará-Mirim janeiro 06, 2012 RAÍZES DA CEARÁ-MIRIM ESCONDIDA - CONHEÇA A HISTÓRIA DE JACOB RABBI Existe uma unanimidade entre os historiadores sobre o caráter violento e desnecessário dos massacres promovidos pelos batavos, e seus aliados janduís, na Capitania do Rio Grande. A execução dessas matanças foram comandadas, como já foi demonstrado, pelo judeu-alemão Jacob Rabbi, que veio para o Brasil com o conde João Maurício de Nassau, em 1637, originário de Waldeck. Para Câmara Cascudo, ele era violento e astuto, cruel e sem escrúpulo, saqueador e mandante de assassinatos, é a figura mais sinistra e repelente do domínio holandês no Nordeste brasileiro, denegrida e acusada por todos os historiadores do seu tempo". Olavo de Medeiros Filho completa o perfil de Jacob Rabbi, afirmando que o judeu-alemão possuía "certa cultura, poliglota (pelo menos falava os idiomas alemão, holandês, português, tupi e taraiui). De sua pena deixou uma crônica famosa, ou relação de viagem contendo preciosas informações sobre a geografia da capitania, bem como sobre a etnografia dos tapuias". Câmara Cascudo chama a atenção para outro aspecto: "todos os assaltos, saques, tropelias, morticínios dos janduís rendiam gado, roupa, jóias, ao amigo Rabbi". Como resultado, o judeu conseguiu acumular uma pequena fortuna. Jacob Rabbi permaneceu durante quatro anos vivendo entre os selvagens. Com o passar do tempo, crescia a afinidade entre o europeu e os tapuias, Rabbi foi assimilando os costumes nativos. Passava por um processo de indianização. De fato, na interpretação de Câmara Cascudo, "o sórdido e desconfiado europeu inteligente e branco, que era por dentro um cariri autêntico, desde o temperamento aos costumes diários". Rabbi vivia com uma nativa, de nome Domingas, num sítio de sua propriedade, chamado "Ceará". Segundo Olavo de Medeiros Filho, "o sítio corresponde atualmente à localização denominada Araça, ribeira do Ceará-Mirim entre Massagana e Estivas. No massacre de Uruaçu, foi morto João Lostau Navarro, sogro de Gardtzman que, revoltado, decidiu se vingar, afirmando "que o mundo nada perderia se desembaraçassem de semelhante canalha". Chegou, inclusive, a entrar em contato com dois homens para que matassem Jacob Rabbi. Primeiro foi com Wilhelm Jansen, que colocou uma série de dificuldades. A outra pessoa foi Roeloff Baron, que concordou em realizar a sinistra missão, caso recebesse ordens do Alto Conselho Secreto. Nesses contatos, portanto, Gardtzman não conseguiu efetivar seu intento. Mas não desistiu de eliminar Rabbi. Mais adiante, convidou o seu desafeto para uma reunião, com a finalidade de promover um entendimento e esquecer as mágoas passadas. O judeu-alemão aceitou, finalmente, participar de uma ceia que aconteceria na casa de Dirk Mulden Van Mel, a qual, segundo Câmara Cascudo, estava localizada nas proximidades de Refoles. Olavo Medeiros afirma que a casa de Muller "fica à margem direita do então chamado riacho Guajaí (água dos caranguejos), entre os distritos de Igapó e Santo Antônio do Potengi. Dista cerca de 10,5 km da matriz". Ainda participaram desse encontro outros militares: Wilhelm Becke, Roulox Baro, Jacob de Bolan, Denys Baltesen, Johannes Hoeck, Wilhelm Tenberghe etc. Após a realização da conferência ente os dois desafetos, Gardtzman saiu primeiro. Pouco depois é que Rabbi saiu. E não demorou muito tempo para que se ouvissem dois disparos de fuzil. Caía, mortalmente ferido, Jacob Rabbi. A vítima recebeu, além dos tiros, golpes de sabre que deformaram partes do cadáver. Ficou provado, mais, uma vez, que a violência provoca violência, Jacob Rabbi, que praticou assaltos e crimes, sendo um dos responsáveis, pelos massacres de Cunhaú e Uruaçu, morreu como conseqüência do ódio, tendo seu corpo deformado por golpes de sabre. Olavo Medeiros descreve a situação em que o corpo foi encontrado: "Um dos tiros penetra-lhe do lado esquerdo do corpo, fazendo-lhe um ferimento muito profundo, em que Muller pudera introduzir até o fim dos seus dedos. A outra bala varara-lhe o lado direito das costelas falsas. Seis golpes de armas branca haviam-lhe deformado o rosto, a cabeça e o braço direito. Um dos olhos do cadáver estava aberto; as suas algibeiras achavam-se voltadas e esvaziadas. Faltava-lhe um anel de ouro, que ainda trazia no dedo quando se retirara da casa de Muller". O crime ocorreu na noite de 4 de abril de 1646. Jacob Rabbi foi sepultado no lugar onde morreu. Gardtzman, ao ser informado do crime, cinicamente disse: - "Antes ele do que eu". Apesar de ter negado se o mandante do crime, ficou provado que houve um acordo entre Gardtzman e Bolan para matar e depois roubar os bens de Jacob Rabbi. Domingas foi despojada, totalmente, dos bens de seu companheiro. Os janduís, decepcionados, voltaram para o sertão. Não houve mais morticínio na Capitania do Rio Grande. FONTE: tribunadonorte.com.br

12/03/2021

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-18 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Ontem tive a oportunidade de participar, com um orgulho sadio, da atividade da Academia Norte-riograndense de Letras com uma live sobre o centenário de nascimento do Professor José Hermógenes, muito bem conduzida pelo acadêmico Ivan Lira de Carvalho, na parte técnica e do Presidente Diogenes da Cunha Lima, na parte institucional. O programa retratou, com exatidão, a vida daquele ilustríssimo acadêmico, com palestra proferida pelo seu sobrinho-neto Xisto Tiago de Medeiros Neto, Procurador do TRT da 21 Região, com as cores exatas daquele intelectual da paz. Essa iniciativa coloca a nossa ANRL no século XXI, com toda a modernidade dos dias atuais, aguçada pela crise da pandemia, que confina as pessoas em suas casas e induz a uma postura meditativa dos acontecimentos e das atitudes. Hoje, recebo do meu filho Carlos Rosso a transcrição de um artigo do Padre João Medeiros Filho, possivelmente publicado há algum tempo, mas que não conhecia, pois estou residindo em Cotovelo e não tenho os jornais locais. Esse texto, que em seguida reproduzo, representou para mim a confirmação de tudo o que venho ponderando nas redes sociais, na esperança de que os intelectuais assumam uma postura exata de um nacionalismo mínimo, para que saiamos vitoriosos contra o inimigo comum. Eis a mensagem: Tempos polêmicos e doentios Padre João Medeiros Filho O Brasil contamina-se cada vez mais com polêmicas e radicalismos, acarretando desgaste emocional e desperdício de energias nos indivíduos. Desprezam-se oportunidades ricas de diálogos sensatos, capazes de ajudar na solução de vários problemas. A dificuldade em debater, de forma construtiva, tem revelado despreparo com o exercício das responsabilidades civis, profissionais e até religiosas. Isso não é novo. Na época de Jesus Cristo, seus concidadãos viviam psicologicamente armados. A animosidade reinava entre as províncias da Samaria e Judeia (cf. Lc 9, 52-53 e Jo 4, 9). As constantes diatribes com escribas, fariseus, saduceus e outras correntes eram análogas aos atuais embates ideológicos. Os evangelhos contêm várias alusões a esse tipo de comportamento. Verifica-se um descompasso entre as possibilidades científicas ou tecnológicas do Brasil contemporâneo e as contradições da sociedade. Esta se enfraquece, ainda mais, com lutas fratricidas, impactando sobre o exercício das diferentes atividades. Disso resulta a fragilização crescente das instituições. Na ausência de equilíbrio ético, psicológico, político e social, falta clareza às pessoas. Assim, prevalecem conveniências e acordos condenáveis, dificultando soluções adequadas. Nesse contexto, a capacidade de diálogo se debilita, travando a percepção da verdade e o exercício da justiça e solidariedade. Discernimento e consenso estão praticamente ausentes da convivência hodierna. O outro passa a ser inimigo, lembrando o pensamento de Sartre: “O inferno são os outros”. Atualmente, o país e os cidadãos vêm se nutrindo patologicamente de polêmicas. “Não se informa mais com objetividade e razoabilidade. Decide-se jogar mais lenha na fogueira”, advertiu o Papa Francisco, em uma de suas recentes audiências públicas. Hoje, as pessoas revelam-se incapazes de escutar e aceitar críticas que possam contribuir para a construção de dinâmicas renovadoras dos diferentes contextos. “Foi-se o contraditório, reina o ditatório”, desabafou o jurista Afonso Arinos, da tribuna do Senado, na década de 1970. Desprovidos de humildade, tangidos pela vaidade e empáfia, muitos se arrogam melhores do que realmente são. Nos dias atuais, julga-se açodadamente. Há pressa na emissão de juízos. Desconsideram-se as ponderações necessárias para interpretar adequadamente falas e fatos. Geralmente, não se analisa o porquê das coisas. As sentenças são quase imediatas, impulsionadas por ódio, preconceitos ou interesses duvidosos. Por isso, opiniões e pareceres distanciam-se da realidade e prejudicam inúmeros processos importantes. Daí, surgem obscurantismos e polarizações. Deste modo, as instituições vão definhando. E, consequentemente, os acontecimentos são banalizados na velocidade da mídia, sem análise responsável dos conteúdos e seus alcances. Valoriza-se mais o frenesi abusivo e alienante das redes sociais, ameaçando a saúde mental dos indivíduos e da nação. Entre as consequências desse cenário estão a ausência de habilidade para se relacionar e a crescente violência. O lar está deixando de ser local de diálogo, tornando-se reduto de conflitos. “Muitas famílias reduzem-se a meros pensionatos”, como afirmava Dom Nivaldo Monte. Isso concorre para o adoecimento do país, somado à pandemia, que também se tornou escudo ou álibi para inépcia, ausência de honestidade e seriedade em muitos. Em artigo anterior, afirmamos que as imunizações são urgentes, não apenas para vencer o Sars-CoV-2, mas também para superar outras enfermidades, que podem levar ao colapso nacional, inclusive pessoas capitularem da vida. A desorientação generalizada é sinal de que a estrutura da nação está abalada. É preciso fortalecer a dinâmica da fé. Jesus tranquilizou o leproso: “A tua fé te salvou” (Lc 17, 19). A recuperação do Brasil clama igualmente por uma solidez espiritual e mística. Diante da crescente morbidade das pessoas e instituições, urge buscar o remédio da espiritualidade. Evidentemente, não se deve abrir mão de outros remédios, mas a verdadeira religiosidade integra a terapêutica capaz de restabelecer a dimensão mais essencial do ser humano. Ela colabora para que o sentido da vida seja percebido. Igrejas e religiões precisam desenvolver dinâmicas e vivências que ajudem o país a recompor sua interioridade, superar situações depauperantes e intransigências que dissipam a paz. Torna-se imprescindível abandonar o hábito de sofismas e disputas cegas ou deletérias. É preciso insistir nas palavras do Mestre à samaritana: “Ah, se conhecesses o dom de Deus!” (Jo 4, 10). ___________________________ Nestes tempos em que as pessoas forjam comentários com coloração política disfarçada, vemos um artigo, magistralmente escrito pelo Padre João Medeiros, que preenche, com sabedoria, todos os espaços. Todos leiam e aprendam a se comportar.

03/03/2021

Dono de tamanco não é dono da verdade Tomislav R. Femenick – Jornalista Ainda jovem (faz tempo), aprendi algo que me foi útil por todos esses anos que já vivi. Foi uma das muitas lições que aprendi com o meu tio Padre Mota, durante uma aula de francês. Perguntei-lhe o que queria dizer a expressão “deja vU”, que eu tinha ouvido (assim mesmo, do jeito que está escrito) em uma conversa entre professores do Colégio Diocesano Santa Luzia, lá em Mossoró, onde eu estudava. Pacientemente, explicou-me que se escrevia “déjà vu”, que se pronunciava “deja vÍ” e que queria dizer “já visto, já conhecido, já sabido”. Em um ímpeto próprio da mocidade, no dia seguinte procurei o professor que tinha usado a expressão francesa e lhe perguntei se o certo não seria dizer “DEJÁ VÍ”. Ele riu e disse-me que, no dia em que eu fosse professor, poderia ajuda-lo em algo. Infelizmente aquele senhor já morreu, e eu não posso lhe dizer que fui professor por mais de trinta anos, em universidades e faculdades de São Paulo e aqui do Rio Grande do Norte. Sempre que me deparo com alguém que se diz dono da verdade absoluta, que não admite contradições, eu me lembro daquele professor simplório, que dava mais importância aos seus tamancos do que à realidade que o circundava. Geralmente esses experts não têm expertise nenhuma, não possuem competência e não são especialistas no que dizem ser. Sua competência é tão valiosa quanto uma nota de três reais e cinquenta centavos (R$ 3,50). Já faz quase um mês, recebi um e-mail de alguém que se dizia e PhD em direito e mestre em filosofia. Estranho é que, à frente de todos aqueles títulos, deveria vir um “nome de gente” (como bem dizia o meu amigo Chico Burrego), mas não veio. Titulação de fantasma não vale. O autor da mensagem me achincalha por ter cobrado de Bolsonaro que “assumisse de fato a presidência da República e deixasse de bancar o marechal de uma guerra bracaleônica”. E apresenta uma série de argumentos, todos baseados em textos de um pseudofilosofo brasileiro que mora nos Estados Unidos, ex-comunista, ex-seguidor de uma seita islamita, ex-astrólogo, atual simpatizante do “terraplanismo” (esdrúxula teoria que acha que a superfície da Terra é plana, e que esta está parada no espaço) e porra-louca do extremismo de direita. Quem tem por guru alguém que pensa assim, convenhamos, não tem credencial para discutir qualquer coisa, por mais carradas de títulos universitários que tenha. Por isso não vou responder ao senhor anônimo. Vivemos hoje no Brasil uma situação nefasta e degradante. As redes sociais, ao darem voz, democraticamente, a todos, abriram uma espécie de caminho dos infernos, como descreveu Dante Alighieri, no século XIV, em A Divina Comédia. Parece que cada um tem a única chave que abre a porta de saída para as várias crises que grassam, que se reproduzem e se multiplicam, nesta terra brasilis. Todos se dizem doutos, eruditos, em tudo. Há um acidente de trânsito envolvendo uma celebridade, as redes sociais se enchem de opinião sobre as limitações de velocidade, as sinalizações etc. e tal. Alguém foi eliminado do tal BBB, jornais e revistas dão a notícia como se notícia importante fosse – criam até posicionamento sociológico. As autoridades de uma cidade qualquer decretam “lockdown”, por causa da pandemia, todos opinam, como se estivessem por dentro de todos os detalhes. As redes sociais provocaram outro fenômeno. Antes, o jornalismo estridente, espalhafatoso e espetaculoso se limitava a alguns horários de final de tarde, com poucos gatos pingados fazendo o espetáculo. Agora, nas TV’s abertas e pagas, no YouTube e em outras plataformas, nomes famosos se apresentam com trejeitos raivosos e gritando; tudo para chamar a atenção para si e não para o que noticiam. Até historiadores apresentam a “história espetáculo”. Aqui é onde está o busílis, o problemão: a eles não interessa se o que estão dizendo é verdade ou não; apenas querem se consolidar como celebridades. Eu, pelo lado de cá, continuo achando que o falso saber é muito, muito pior que a falta de saber. É pernicioso, nocivo, ruinoso. Induz os outros a seguirem por caminhos enganosos, sem direção certa e que podem levar ao abismo. Tribuna do Norte. Natal, 03 mar. 2021

24/02/2021

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-16 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Uma nova estrela no Céu Infinito – GLORINHA OLIVEIRA Acordei hoje com a triste notícia – faleceu a estrela Maria da Glória Mendes de Oliveira, nossa Diva, O Rouxinol Potiguar, A Estrela que Canta GLORINHA OLIVEIRA. Com ela eu convivi desde os idos de 1950, com a inauguração da Rádio Poti de Natal, de onde também fui integrante até 1954. Pessoa amável, múltipla (comediante, dubladora, atriz de novela, seresteira e, sobretudo cantora). No aniversário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, por proposta minha e de Odúlio Botelho, foi aprovada a outorga de Sócia Honorária, em solenidade inesquecível, comandada pelo Presidente Ormuz Barbalho Simonetti, quando Glorinha pediu a palavra para agradecer, mas de forma diferente, cantando. A plateia delirou, especialmente pessoas de fora do estado que não a conheciam. O fato está registrado em fotografias e entre a estimada amiga estava a minha inesquecível THEREZINHA. Foi um dia glorioso – já então atravessava os seus 90 anos. Recordo, ainda, o fato marcante no dia do aniversário da Rádio Tamandaré de Recife, com a presença dos grandes nomes da radiofonia brasileira, dois nomes tiveram destaque – GLORINHA e LÚCIO ALVES. Em todas as suas apresentações as plateias vibravam em ver um fenômeno – uma cantora com aquela idade guardar todo o vigor do tempo de jovem. Era uma Cotovia. Lamento não ir para a despedida, pois sou possuidor de comorbidade que representa perigo neste tempo de pandemia. Mas as lágrimas ocuparam o espaço do meu olhar e o coração modificou as suas batidas, no compasso das várias músicas que consegui, no meu resguardo de Cotovelo, balbuciar respeitosamente. Terminei de editar um livro “Amor de Outono" onde registro uma cantora, parte importante do romance, que se chamava GLÓRIA MARIA, certamente inspirado por Maria da Glória, minha amiga de antigas caminhadas. Tenho a certeza que ela em sua entrada na espiritualidade será recebida pela minha THEREZA e pela irmã ELZA, que eram fãs e amigas e por um elenco de anjos e santos num prelúdio de sonatas, fugas e acordes em grande tropel, como dizia Catulo. Taralalá, ela fazia em seu violão taralalálá, vibrando as cordas do seu coração.

23/02/2021

Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-15 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes Natal e suas cercanias – época de ouro As cidades, de uma maneira geral, viveram sua época de ouro, assim considerado o período de calmaria política, o campo aberto para o divertimento na placidez de um período de equilíbrio econômico e o resurgimento da arte, do esporte e do lazer nas praias calmas e afrodisíacas. Natal também teve o seu momento dourado, quando as Rádios Poti e Nordeste disputavam lideranças de audiência; os programas de auditório, as narrações esportivas existiam com êxito e todas as semanas tínhamos uma atração internacional de primeira ordem. No campo social funcionavam a todo o vapor o Aero Clube, o América e o ABC, com seus bailes de gala, carnavais memoráveis. Nos Carnavais eram pontos marcantes, a passagem dos grandes blocos/escolas de samba da cidade, dentre os quais os Deliciosos na Folia, Azes do Rítmo, Imperadores do Samba, Aí vem a Marinha. As atrações do esportes eram divididas entre as regatas no Potengi (Centro Náutico, Sporte Clube e Riachuelo); o velho Stadium Juvenal Lamartine realizava os seus renhidos campeonatos locais, as copas do Nordeste e as visitas de clubes do Rio e de São Paulo. O futebol de salão e o basquete eram competitivos. Dentro desse contexto existiam as lutas de vale tudo, protagonizadas por vários atletas, liderados por três mais destacados: Bernardão, oriundo dos fuzileiros navais, com um físico invejável, eis que foi o melhor físico carioca em 1952, quando de passagem pelo Rio de Janeiro, o outro era Aderbal Bezerra, um gigante branco de quase dois metros e o japonês Takeo Yano, de estatura mediana, mas de uma técnica extraordinária, que empolgavam as plateias locais, além de outros, com menor fama. Fora tudo isso, os cinemas estavam em alta com suas atrações diárias, notadamente as sessões do Cine São Luiz no Alecrim, com filmes de faroeste e sempre seguido por um seriado famoso: O homem Foguete, A Legião do Zorro e outros também aclamados pelo público. O Rex estreava os filmes do surrealismo italiano e francês, filmes mexicanos e outros, ainda, mais picantes, enquanto o Rio Grande trazia os Grandes Musicais de Hollywood, os filmes épicos de Cecil B. de Mille e as Chanchadas nacionais. O lazer se fazia nas praias, de forma simples, mas muito frequentadas, com os “atletas” exibindo os seus físicos para as garotas, jogando frescobol, valendo registrar as mais badaladas – Redinha, Areia Preta, Circular, Ponta-Negra e Pirangi. A religiosidade era respeitada e rigorosamente frequentada pelos jovens e pessoas de mais idade, nas diversas Igrejas Católicas e Evangélicas de Natal. O civismo era cultuado com as paradas escolares e suas bandas marciais, destacando-se as do Colégio Marista, Escola Industrial (Técnica Federal), Colégio 7 de Setembro, Ginásio Natal, fora as paradas militares de 7 de Setembro. Essas lembranças foram provocadas pelo meu estimado amigo e confrade Marcos Valério, com quem tive um papo saudosista – ele na cidade onde nasceu Carlos Gomes e eu, Carlos Gomes pau-de-arara na maravilhosa praia de Cotovelo. Momentos de devaneios e de saudades, onde você andava toda a cidade a pé, pois os ônibus circulavam até 23 horas e ninguém ousava atrapalhar o seu caminho, ou seja, aquilo que costumo chamar O tempo dos pardais nos verdes dos quintais. _______________________________________________ RECORTES: Takeo Yano foi um grande ícone dessa época, foi quem trouxe o jiu-jítsu para o RN, quando ele aqui chegou as lutas já aconteciam, não se sabe ao certo mais provavelmente chegaram por aqui pelos lutadores da Marinha do Brasil, e dois deles foram Aderbal e Bernardão, tem registro de grandes combates nos arquivos do jornal A República, Diário de Natal e A Tribuna. Vendo esses registros, pesquisando e fazendo entrevistas com pessoas da época, foi que pude sentir a emoção que despertavam essas lutas aqui em Natal.Waldemar Santana, Pinheirão, Euclides da Cunha, Bernardão, Aderbal, Ivan Gomes, Touro Novo, Takeo Yano, e tantos outros, foram importantes ídolos desse esporte tão agressivo e fascinante para o público, era um misto de esporte e agressividade que despertava delírio no público.Eram homens de estatura e porte físico que fascinavam pela força e coragem.

17/02/2021

 ATRIBULAÇÕES DE UM PREGADOR 

 

Valério Mesquita

mesquita.valerio@gmail.com


Veja que beleza de narrativa do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 11.24-33: “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num cesto por uma janela da muralha e assim escapei das suas mãos”.

 

Sabe-se que toda a Bíblia, desde o Pentateuco, os cinco livros de Moisés, até o Apocalipse de João, tudo foi inspirado pelo Espírito Santo. A reflexão que ora faço constata que todos aqueles que escreveram a História Sagrada passaram por provação. Principalmente, os escolhidos e convertidos para  a propagação da fé após a ressurreição de Jesus. Todos perseguiram os cristãos: judeus, romanos, árabes, mulçumanos, comunistas, nazistas, fascistas etc., etc. Mais adiante, no capítulo 12.10, o próprio Paulo ensina: “Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Que belíssimo exemplo de humildade e humanidade comum.

 

Por que essas deduções hoje? Ora, na modernidade do nosso tempo outras perseguições contra o cristianismo se manifestaram através de muitos fatores. Da parte da ciência (a tecnologia está mais a serviço do mal do que do bem), da libidinagem pedagógica dos meios de comunicação (novelas, filmes, internet, etc.), da liberalidade da pornografia, dos costumes (casamento entre homossexuais), da negação da divindade de Jesus através de falsas alegações arqueológicas na Terra Santa, da divulgação sistemática da malignidade, modismos religiosos, a mornidão espiritual, a falta de amor pela violência, os efeitos perniciosos do mundanismo na família e a educação materialista no seio da infância e da juventude.

 

Esses são poderes diabólicos hodiernos que substituíram a espada, o apedrejamento, a prisão, a crucificação, a deportação e a tortura de antigamente. O cristianismo, os ditames bíblicos, são perseguidos pela inversão e subversão dos valores morais e éticos. Não há mais regra, rumo nem prumo. Tudo está se transformando em bandalheira. A maioria do povo não lê a Bíblia para encontrar, compreender e evitar todos os malefícios. Uma leitura da palavra de Jesus Cristo através dos quatro evangelistas ou dos Salmos de Davi, números 1, 4, 6, 23, 30, 40, 91, 121, 140 e tantos outros, você se sentirá leve e espiritualizado. “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, disse Jesus em Mateus 11.30. Vale a pena. Muito mais do que os chatos iguais a Paulo Coelho.