22/04/2020

Pintura de Oscar Pereira da Silva traz o rosto idealizado de Tiradentes*
Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de “Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram perdoados pela Coroa Portuguesa.
De uma família de origem humilde, Joaquim José nasceu na Capitania de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Com a morte prematura dos pais, Joaquim José precisou exercer inúmeros trabalhos ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu o apelido de “Tiradentes”. Ele também havia trabalhado na mineração, porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.

Causas da Inconfidência Mineira

O movimento dos inconfidentes, organizado em 1788, foi consequência do contato dos colonos brasileiros com os ideais iluministas divulgados na Europa, ideais que haviam, por sua vez, inspirado o movimento de independência dos Estados Unidos.
Os historiadores atribuem a divulgação do pensamento iluminista no Brasil ao contato de estudantes brasileiros com o Iluminismo ao serem enviados por suas famílias da elite econômica da colônia para estudarem na Universidade de Coimbra, em Portugal. Os ideais iluministas foram muito difundidos, principalmente, na Capitania das Minas Gerais, e isso se explica pelo fato de boa parte dos estudantes brasileiros em Coimbra ser originária de Minas Gerais.
Além da propagação dos ideais iluministas, a Inconfidência Mineira aconteceu em consequência da insatisfação das elites da Capitania de Minas Gerais com a pesada política de cobrança de impostos estabelecida pela Coroa Portuguesa sobre os colonos. O visconde de Barbacena havia sido nomeado pela Coroa Portuguesa como governador da capitania com o objetivo de promover a derrama, ou seja, a cobrança obrigatória dos impostos sobre a extração do ouro.
Essa derrama havia sido determinada por Portugal em razão das dívidas acumuladas dos impostos que não estavam sendo pagos. A intransigência portuguesa na arrecadação de impostos manteve as cobranças altas, mesmo com a queda na extração de ouro na região, o que acabou por gerar o acúmulo de dívidas.

Inconfidência Mineira

A insatisfação com uma possível derrama mobilizou as elites da capitania contra o domínio português. Os inconfidentes planejavam assassinar o governador da capitania e proclamar o republicanismo na Capitania de Minas Gerais. Tiradentes era um dos envolvidos na conspiração, pois, além de ser um defensor dos ideais iluministas, também havia sido prejudicado pela gestão do visconde de Barbacena ao ser destituído do comando da cavalaria, que fiscalizava uma importante estrada da região.
O movimento conspirado pelas elites mineradoras, entretanto, não chegou a acontecer. Todos os envolvidos foram denunciados por Joaquim Silvério dos Reis, que optou por denunciar o movimento para se livrar das dívidas pessoais que havia adquirido com a Coroa Portuguesa. Assim, em 1789, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e prendeu os envolvidos na conspiração – entre eles, Tiradentes.

Prisão e condenação de Tiradentes

Moeda brasileira de cinco centavos com o rosto de Tiradentes estampado
Moeda brasileira de cinco centavos com o rosto de Tiradentes estampado
A prisão de Tiradentes e outros inconfidentes ocorreu após a devassa (investigação). O processo de julgamento dos envolvidos na Inconfidência estendeu-se por três anos. Durante esse período, muitos dos presos negaram sua participação no movimento, com exceção de Tiradentes, que reconheceu abertamente seu envolvimento. Alguns historiadores também afirmam que, durante os interrogatórios, muitos dos envolvidos denunciaram o papel de Tiradentes na conspiração.
A sentença dos inconfidentes saiu em 1792 e determinava a pena de morte por enforcamento a dez pessoas. Entretanto, por intermédio da Rainha D. Maria I, nove dos envolvidos na Inconfidência foram perdoados e condenados ao degredo (expulsos do Brasil), enquanto a sentença de morte foi mantida para apenas um: Tiradentes.
Atribui-se esse fato a duas possibilidades: a primeira afirma que a sentença só foi mantida a Tiradentes por ele não pertencer à elite mineradora e, portanto, não possuir influência na Coroa. A segunda possibilidade levantada pelos historiadores é a de que, por falar abertamente do seu envolvimento na conspiração durante o interrogatório, Tiradentes foi considerado um elemento perigoso pela Coroa e, por isso, deveria ser eliminado.
Assim, Tiradentes foi usado como bode expiatório pela Coroa Portuguesa. Ele foi enforcado na manhã de 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, teve o corpo esquartejado em quatro partes e espalhado pela estrada de acesso a Ouro Preto. Sua cabeça foi exibida em uma estaca colocada na praça central da cidade. A condenação de Tiradentes foi utilizada como demonstração de força da Coroa para evitar que futuras rebeliões acontecessem.

Tiradentes como herói

A figura de Tiradentes permaneceu esquecida durante o resto do período do colonial e também no período imperial, principalmente pelo caráter republicano dos envolvidos na Inconfidência Mineira, como afirma o historiador Boris Fausto:
o episódio [Inconfidência] incomodava, pois os conspiradores tinham pouca simpatia pela forma monárquica de governo. Além disso, os dois imperadores do Brasil eram descendentes em linha direta da Rainha dona Maria, responsável pela condenação dos revolucionários|1|.
A imagem de Tiradentes como herói foi construída com a Proclamação da República. Os republicanos desejavam exaltar as figuras de republicanos brasileiros em contraposição aos tempos de monarquia e, por causa disso, Tiradentes foi escolhido pelo caráter da sua condenação. Republicano convicto, Tiradentes foi exaltado como um mártir do movimento republicano e, portanto, um herói nacional.
Em consequência disso, o dia de sua execução, 21 de abril, foi estabelecido como feriado, e sua imagem passou a ser retratada, muitas vezes, parecida com a de Cristo crucificado, uma forma de relacionar Tiradentes como mártir e herói.
|1| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013, p. 103.
*Crédito da imagem: Domínio Público | Acervo Museu Paulista (USP)

Por Daniel Neves
Graduado em História


20/04/2020



Os bobos
Hannah Arendt (1906-1975) nasceu em Hannover, Alemanha. Doutorou-se em Heidelberg, em 1928. Judia, perseguida pelo cabo Hitler (1889-1945) e sua patota, foi, em 1933, viver em Paris. Em 1941, teve de fugir para Nova York. Professora e filósofa, suas obras magnas talvez sejam “A origem do totalitarismo” (1951) e “A condição humana” (1958).
Já em 1961, Hannah Arendt foi enviada a Israel, a serviço da revista The New Yorker, para cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann (1906-1962), militar membro da SS e um dos encarregados do Holocausto. Daí surgiu o seu livro/tese “Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal”, publicado em 1963. Basicamente, para Arendt, Eichmann (e, de resto, a imensa maioria dos nazistas) não pensava, apenas macaqueava as insanidades/bobagens a serviço daqueles que estavam mais acima no poder. Ela enxergava, nessa atitude irrefletida, o que torna homens bobos tão perigosos. Muito perigosos. A morte de milhares (ou mesmo de milhões) de pessoas não sensibiliza os homens/administradores banais.
E se isso se deu na Alemanha nazista, algo parecido sucedeu no Brasil dos últimos tempos: os bobos, a ignorância, orgulhosos, no poder e nas ruas. Nossa “sorte” é que, embora a duras penas, com a imprensa livre e a ciência, esses loucos e bobos no poder estão sendo hoje rapidamente desmascarados.
Todavia, ainda há muitos bobos nas ruas e nas redes sociais. Existem aos montes. Embora insignificantes do ponto de vista individual, nestes tempos tão difíceis, em que lutamos contra um inimigo invisível, mas que tem nome e sobrenome, eles continuam, pelo efeito manada, consideravelmente perigosos. Sobretudo porque espalham loucura e inverdades.
Os casos das bizarras carreatas contra o isolamento social mostram bem isso. Bobos na rua, cantando e dançando segurando caixões, celebrando sei lá o que, enquanto dezenas de milhares de pessoas morrem mundo afora, é tão perigoso quanto parece ser. E bloqueios de ambulâncias, na Av. Paulista, com um caos sanitário instalado na maior cidade do nosso país, é mais perigoso do que parece ser. O que é isso? Uma nova banalidade do mal?
As fakes news, divulgadas e repetidas incessantemente, são um outro gravíssimo problema. Prejudicam demais. Em tempos de pandemia, em que precisamos de informações confiáveis – e não drogas como panaceias – são um crime contra a nossa humanidade. A ciência ou literatura do print (de WhatsApp) seria apenas ridícula se não fosse trágica. E aqui tem bobos e bobos. O bobo maldoso (que sabidamente esconde seus interesses financeiros por detrás dos clichês) e o bobo só bobo. Mas ambos são perigosos, registro.
Acredito que é responsabilidade dos homens de bem lutar contra tudo isso. Uma luta cívica, sanitária e de sanidade. Até porque, quando “libertarmos Paris”, saberemos quem foram os resistentes e quem foram os colaboracionistas.
Por fim, para desanuviar um pouco a coisa, vou encerrar com uma história/anedota que se conta a respeito de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Consta que o grande general, cônsul e, depois, Imperador dos franceses, teria dito: “dê-me um homem inteligente e com iniciativa, farei dele meu general; dê-me um homem bobo e sem iniciativa, farei dele meu soldado; mas um homem bobo e com iniciativa, eu quero longe do meu exército”. Os loucos e bobos não servem para nada. Nem para cabo, nem para capitão.
Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL

13/04/2020

SANTUÁRIO DE LEMBRANÇAS I

Valério Mesquita*

01) Do folclore humano e social de Macaíba, vale a pena resgatar a figura de “Sérgio Cabeceiro”. Esse era o seu nome sem sobrenome que percorria as ruas do centro da cidade, conduzindo mercadorias, fardos, de um comércio a outro, principalmente nos dias de sábado. Estatura mediana, barba branca por fazer, residia na periferia próxima, quando os pontos cardeais de Macaíba eram medidos da rua da Aliança ao Barro Vermelho, da rua do Vintém, ao Araçá e Pernambuquinho. Semanalmente, alcoólatra juramentado, Sérgio se embriagava após o trabalho e perambulava pela praça Augusto Severo, Cinco Bocas, ao redor do mercado público, mendigando e sempre cantarolando uma melodia sem pé, sem rima, nem cabeça, intitulada “A Baratinha” – que se supõe tenha sido uma antiga namorada. Recorro aos meus amigos de infância e adolescência que curtiram e testemunharam comigo os desempenhos de Sérgio, que se auto-intitulava, após a cantoria: “Eu sou um cabeceiro boçal!!”. Batista Pinheiro, Silvan Pessoa, Francilaide Campos, Tarso Cordeiro, Bridenor Costa Jr. (Costinha), Venício Ferreira, Chico Cobra, Nassáro Nasser (Danga) e tantos outros, hão de recordar a canção ligeira, simples, popular, mas carismática que se misturava com o sentimento telúrico, de transição mágica. “A Baratinha, a baratinha,/ a baratinha bateu asas e “avoou”.../ Aiá baratinha, aia baratinha,/ bateu asas e “avoou”./ Meninada celebrante,/Cinturinha de “retrole”/ Bote a chaleira no fogo/ Prá fazer café prá nós.../”. E, em voz afirmativa dizia com o dedo em riste: “Eu sou um cabeceiro boçal!”.
02) Bar Gato Preto, povoado por imensa galeria de vultos inesquecíveis que faziam dali o território sentimental da cidade. Era o balcão do cidadão que consagrava e desconsagrava, julgava e punia os que fossem achados em culpa. Na sinuca consagraram-se Perequeté, Banga, Geraldo Alcapone que maravilhavam os “pirus” com jogadas cerebrais. Antonio Assis, Waldemar Diógenes Peixoto, Né Macena, Paulo Marinho e Sabino eram frequentadores que também excursionavam na barbearia do cirurgião Zuca, PHD em escalpo de couro-cabeludo. Havia ainda outras figuras hoje impregnadas nas paredes do Bar e nas esquinas das Cinco Bocas comentando as ocorrências do seu tempo, dos idos de cinquenta e sessenta como chamas votivas que não se apagam.
03) Macaíba é rica em figuras folclóricas. Já fiz desfilar na galeria infinda inúmeras personagens. O “gango”, por exemplo, era o famoso cabaré macaibense onde pontificou um plantel digno de fazer inveja ao técnico Tite, da atual seleção brasileira de futebol. E de lá emerge Pirôba, rapariga de longo curso e discurso intermináveis nas campanhas políticas pelas ruas e bares da vida. Nos idos de oitenta, Pirôba não perdia uma carreata. Era “valerista” de carteirinha. Numa peregrinação política motorizada (ônibus, caminhões, automóveis, etc.) Pirôba foi advertida que deveria se retirar do ônibus, pois estava reservado somente às mulheres casadas. Discriminação intolerável que Pirôba reagiu matando a pau: “E mulher casada não f... não?”. E ficou.
04) Lúcia Araújo era uma funcionária da Prefeitura de Macaíba. Amiga de infância, Lúcia, tornou-se popular na cidade por ser muito prestativa nas “outras atividades” ligadas a igreja católica, ao cartório localizado na parte baixa da cidade e a delegacia de polícia local que ficava no alto do Conjunto Alfredo Mesquita. Gostava de “advogar” problemas e queixas junto a delegacia onde desfrutava de prestigio incomum. Portava uma pasta com papeladas difusas e profusas sobre as questões da periferia macaibense. Assisti, em várias ocasiões o atendimento a sua clientela na minha casa com aquele fraseado cartorial: “O seu processo sobe hoje para a delegacia e amanhã desce para o cartório!!”, sentenciava Lúcia didaticamente. De pequena estatura, voz rouca proveniente do vício de fumar, ela tinha um apelido que detestava ouvir: “Lúcia Pitôco”. Mantinha com o desportista José Felix Barbosa uma rusga antiga e nunca curada. Um dia, foi designada a servir na secretaria de esportes, onde reinava Felix. Este ao vê-la entrar na repartição, exigiu: “Dona Lúcia, aqui está o livro de ponto”. A funcionária encrespou-se, pegou a sua pasta indefectível e arrematou à queima roupa:  “Não assino ponto que não sou de xangô, nem tenho chefe que não sou índia”. Escafedeu-se e nunca mais voltou. Lúcia politicamente sempre foi minha correligionária, a começar dos seus pais Luiz Cassimiro de Araújo e Luzanira Lima de Araújo que residiam à rua do Pernambuquinho. Criou os seus filhos e educou-os. Será lembrada pela maneira extrovertida de ser, fiel às amizades e as inimizades também. Um tipo popular inesquecível.
05) Maria Cabral era morena, magra, cabelos longos, vestia-se de preto em sinal de protesto pelas coisas ao seu redor que sempre reprovava. Fazia discursos intermináveis praguejando contra a ordem constitucional dos seres e costumes. Com uma rosa vermelha presa aos cabelos, caminhando sempre pelo meio da rua, dava-nos a impressão de uma “Diana” perdida ou bêbada de um pastoril imaginário. Ai de quem dissesse: “Vai trabalhar Maria Cabral”. Despachava uma verdadeira cascata de impropérios que atingia até a 3ª geração do xingador. Morreu há cerca de 50 anos e com ela os seus mistérios, pois não se vê mais dessas Marias como antigamente.
Registrarei outras figuras do folclore popular macaibense.
(*) Escritor



08/04/2020




MEROS PALPITES

Valério Mesquita*

O mundo virou bando de interesses guardados por polícia. E com ele a lei, os direitos individuais, o patrimônio público e até o crime, vez por outra. Os códigos instituídos pelos homens e os mandamentos de Deus são quebrados todos os dias, minuto a minuto. O facínora, o bandido dos crimes hediondos, têm como defesa “os direitos humanos”, as ONGs e até ministério. Há mais direitos para eles do que para os cidadãos e cidadãs comuns. O sistema prisional e as penas aplicadas são uma lástima e não corrigem e nem despencam as estatísticas criminais. Antes, são estimulantes para novas práticas e revoltas.
Bem, e daí? Aonde quero chegar? Bom, o assunto é tão emblemático que nem sei se chegarei à sua conclusão. Por isso, intitulei o texto de “meros palpites”, abordagem ligeira e descomprometida, tudo à luz da experiência de vida, debruçado à janela, lendo jornais e vendo a máquina mortífera chamada televisão. Começo perguntando: o estado brasileiro está falido no enfrentamento dos desafios sociais, virais, principalmente a saúde e a segurança? Não. Não está. O problema é de gerência, de competência. O regime democrático é lento e o organismo corroído de chagas é de caríssima manutenção. Anotem: na crise econômica que se avizinha o nosso país pifará. Essa ordem (ou desordem?) econômica explodirá, pois a impunidade que campeia já acendeu o estopim, baldados os esforços do Ministério Público e da Polícia Federal. O abuso de concessão de liminares aí está para confirmar. Os tribunais de contas votam criteriosamente intervenções municipais em prefeituras corruptas, mas os governos estaduais não executam as decisões por conveniência política. Nos hospitais públicos a pobreza morre à mingua, abandonada com dores físicas e morais insuportáveis porque o deficitário sistema único de saúde não dá votos e sim o “bolsa família” e a dinheirama drenada e desviada das “emendas parlamentares” e outros privilégios.
Semana passada, uma senhora que reside num condomínio se lastimava com piedade de um marginal, detido por populares em flagrante. Levou uma merecida sova. Aliás, a única punição que receberá realmente. “Minha senhora”, disse-lhe, “deixe o povo aprender a punir, porque a dor física é a única que mete medo”. Aí me lembrei que foi a dor do corpo (para mostrar a única fragilidade veraz do ser humano) aquela escolhida pelo filho de Deus – Jesus – para redimir os pecados do mundo. Esbofeteado, cravado de espinhos, cuspido, furado com pregos os pés e as mãos, e crucificado. E Pilatos, simbolizando “liminarmente” a justiça romana e judia de Caifás, lavou as mãos “diante do sangue desse inocente”. Jesus deixou-se condenar porque assim estava escrito e predestinado. Mas os homicidas diabólicos do mundanismo de hoje, verdadeiros animais e os ladrões de colarinho branco são tratados com pachorra e facúndia, com homenagens de praxe e de apreço frutos de uma legislação fáctil, fóssil, fútil e fácil. E assim, já dizia o comerciante assuense Luis Rosas, que desfrutou de grande riqueza e, depois tendo perdido tudo, foi surpreendido por amigos vendendo avoetes na feira das Rocas, em Natal: “Amigos, não se preocupem, tudo é comércio!”.

(*) Escritor

QUARTA - FEIRA SANTA OU QUARTA-FEIRA DE TREVAS

No calendário cristão considera-se a Quarta Feira desse 
período quaresmal, como QUARTA-FEIRA DE TREVAS 
para lembrar a traição de Judas Iscariotes. Contudo, não 
deixa de ser uma Quarta-Feira SANTA, porque 
precursora do cumprimento da profecia que coloca 
Cristo como o redentor da humanidade.
Para melhor esclarecer  este tema, transcrevemos 
estudo feito no Blog Breviário:



"Tenho estado todos os dias convosco no templo, 
e não estendestes as mãos contra mim,
mas esta é a vossa hora e o poder das trevas."
São Lucas 22,53






Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi 
ter com os príncipes dos sacerdotes e 
perguntou-lhes: 15 Que quereis dar-me e eu vo-lo 
entregarei. Ajustaram com ele trinta moedas de 
prata. 16 E desde aquele instante, procurava uma 
ocasião favorável para entregar Jesus(MT 26, 14-16)




















Judas Iscariotes, um dos 
Doze, foi avistar-se com os 
sumos sacerdotes 
para lhes entregar Jesus. 
11 A esta notícia, eles 
alegraram-se e prometeram 
dar-lhe dinheiro. 
E ele buscava ocasião oportuna 
para o entregar. 
( MC 14,10-11)




















Levantai-vos e vamos! 
Aproxima-se o que me 
há de entregar. 
43 Ainda falava, 
quando chegou 
Judas Iscariotes, 
um dos Doze, e com ele um bando 
armado de espadas e cacetes, 
enviado pelos sumos sacerdotes, 
escribas e anciãos.44 Ora, o traidor 
tinha-lhes dado o seguinte sinal: Aquele 
a quem eu beijar é ele. Prendei-o e 
levai-o com cuidado. 45Assim que ele se 
aproximou 
de Jesus, disse: Rabi!, e o beijou. 
46 Lançaram-lhe
 as mãos e o prenderam. (MC 14 ,42-46)


Dito isso, Jesus ficou perturbado em seu espírito 
declarou abertamente: Em verdade, em verdade 
vos digo:
um de vós me há de trair!... 22 Os discípulos 
olhavam uns para os outros, sem saber de 
quem falava. 23 Um dos discípulos, a quem Jesus 
amava, estava à mesa reclinado 
ao peito de Jesus. 24 Simão Pedro acenou-lhe 
para dizer-lhe: Dize-nos, de quem é que ele fala. 
25 Reclinando-se este mesmo discípulo sobre o 
peito de Jesus, interrogou-o: Senhor, quem é? 
26 Jesus respondeu: É aquele a quem eu der 
o pão embebido. Em seguida, molhou o pão e 
deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 
27 Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. 
Jesus disse-lhe, então: O que queres fazer, 
faze-o depressa. 28 Mas ninguém dos que 
estavam à mesa soube por que motivo lho dissera. 
29 Pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam
alguns que Jesus 
lhe falava: Compra aquilo de que temos necessidade 
para a festa. Ou: Dá alguma coisa aos pobres. 
30 Tendo Judas recebido o bocado de pão, 
apressou-se em sair. E era noite... 31 Logo que 
Judas saiu, Jesus disse: Agora é glorificado o 
Filho do Homem, 
e Deus é glorificado nele.  (JO 13, 21-31)

















Depois dessas palavras, Jesus saiu com os 

seus discípulos para além da torrente de 
Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou 
com os seus discípulos. Judas, o traidor, 
conhecia também aquele  lugar, porque 
Jesus ia frequentemente 
para lá com os seus discípulos. Tomou então 
Judas a coorte e os guardas de serviço dos 
pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com 
lanternas, tochas e armas. Como Jesus 
soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, 
adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? 
Responderam: A Jesus de Nazaré. 
Sou eu, disse-lhes. (Também Judas, o traidor, 
estava com eles.) 6Quando lhes disse Sou eu, 
recuaram e caíram por terra. (JO 18, 1-6)




NA QUARTA DE TREVAS É TRADIÇÃO REZAR-SE 
14 SALMOS LEMBRANDO OS 14 PASSOS DO 
CALVÁRIO DE CRISTO, TENDO UM CANDELABRO 
TRIANGULAR DE 15 VELAS ACESO.
 A CADA SALMO APAGA-SE UMA VELA, LEMBRANDO 
A VIDA DE JESUS QUE SE VAI, SÓ NÃO A DO MEIO 
DO CANDELABRO. POR FIM, ELA TAMBÉM SE 
APAGA LEMBRANDO A MORTE DE JESUS. E A 
IGREJA FICA NA ESCURIDÃO.

EM SEGUIDA, TODOS BATEM OS PÉS E AS 
CADEIRAS, FAZENDO RUÍDO , LEMBRANDO A 
RESSURREIÇÃO E A VELA DO MEIO É ACESA 
DE NOVO. 


ESSE COSTUME JÁ NÃO É MUITO USADO EM 
TODAS AS IGREJAS. PRINCIPALMENTE, DEPOIS 
DA REFORMA DO CONCÍLIO VATICANO. POUCAS 
CONSERVAM ESSA TRADIÇÃO QUE, AO MEU VER, 
É MUITO BONITA POR 
TODO O SIMBOLISMO DELA.

"E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, 
os homens amaram mais as trevas do que 
a luz, porque as suas obras eram más."
 São João 3,19

"Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: 
Eu sou a luz do mundo; quem me segue 
não andará em 
trevas,  mas terá a luz da vida."
 São João 8,12


"Eu sou a luz que vim ao mundo, para que 
todo aquele que crê em mim 
não permaneça 
nas trevas."
São João 12,46


"E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos 
anunciamos: que Deus é luz, e não há nele 
trevas nenhumas. "
I São João 1,5
"Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco 
por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes 
luz, para que as trevas não vos apanhem; pois 
quem anda nas trevas não sabe para onde vai."
São João 12,35

07/04/2020





DOMINGO DE RAMOS

Corresponde ao dia em que Jesus entrou em Jerusalém, aclamado por uma grande multidão com ramos nas mãos e colocados pelo caminho no qual Jesus entrou em Jerusalém para cumprir a sua missão. Isso aconteceu no domingo antes de sua morte e ressurreição, e ficou firmado como o início da Semana Santa.
Apesar da Pandemia que assola o mundo presentemente, vamos nos recolher para viver, dia a dia, o julgamento, martírio, morte e ressurreição do Cristo.

02/04/2020

·         NÃO PRECISA SER PROFETA
Valério Mesquita*
mesquita.valerio@gmail.com
Determinismo histórico dizem que existe.
dezenas de casos na política brasileira. Nunca foi tão fácil
adivinhar a destruição do nosso planeta, num futuro não muito
distante, vítima da poluição da atmosfera, dos mares e da
natureza. Prever a paz na África e no Oriente Médio, por exemplo,
é mero exercício de retórica. A gênese da questão palestina não é
territorial, apenas, mas religiosa; desde o tempo do sultão
Saladino e as Cruzadas do Vaticano. Óbvio ululante. Profecia é
coisa séria. O dom de profetizar só ocorre com o apoio do Espírito
Santo. Assim falou Malaquias. E antes dele, Zacarias, Ageu,
Sofonias, Hebacuque, Naum, Daniel, Oséias, etc., sem falar em
Isaías, o maior deles. Não foram adivinhos mas profetas de
verdade.
Após essa viagem de circunavegação polar em
torno do assunto, chego a Natal, a cidade dos Reis Magos,
adventícios, visionários, adivinhos e pro7cientes. Não se torna
necessário recorrer a eles para distinguir ou antever recessão em
Natal. Se assim fosse, eles teriam se estabelecido nas Rocas e
deixado uma banca invejável de cartomantes e curadores.
Baltazar, Gaspar e Belchior 7caram mesmo perdidos no deserto
das arábias em vez das dunas da Redinha.
Não precisa ser profeta para chegar a conclusão
que não emplacará 2021, sem que as avenidas de Natal se tornem
intransitáveis. O número de veículos que circula já é maior, hoje,
que a capacidade de sua malha viária. Estão 7nanciando carros
para pagar em sete anos (84 meses). Qualquer pessoa, com
·         apenas um salário, sai de uma loja ou concessionária, sem
avalista, lenço ou documento, dirigindo por aí. Quando acontecer
uma crise econômica no país, quem vai para o beleléu: a
7nanceira ou a seguradora? Já prevejo 7las de carros abandonados
nas vias públicas por inadimplentes enlouquecidos. Não desejo
que isso ocorra mas o calote vai ser geral. imaginou uma
entrada de vinte por cento no valor do bem e somente pagar a
primeira prestação em 2022? É caso de B.O (Boletim de
Ocorrência).
Outro tema para o qual não se exige douta profecia
está nas religiões. Algumas modi7cam o cristianismo ao seu bel
prazer e conveniência. A boa nova para arrebanhar seguidores
reside no apelo musical. A conversão está no tom. Jesus Cristo é
fulanizado em forró, axé, lambada, brega, carimbó, swing e
pagode. Em breve, em vez de MPB, surgirá a MPR (Música Popular
Religiosa). Segundo os ruidosos desse mundo nada mais espiritual,
após a palavra, que dançar um relabucho na igreja. Dizem eles
que a unção é contagiante. Não precisa ser profeta para antever
que essas religiões tendem a fazer desaparecer o Cristianismo.
Não é por aí o caminho. Estão profanando o nome de Deus.
(*) Escritor.