Manias de Corbiniana
Por Gustavo Sobral
Cheia de fricotes. Se se dissesse assim, passe ai o arroz e se
passasse o prato de arroz por cima do prato de macarrão, ela não comeria
o macarrão porque o prato tinha passado por cima. Quando ia cortar uma
costura, a toalha para forrar a mesa precisava ser lavada e
esterilizada, era todo um processo. Ai, as enteadas, que não suportavam
tanto capricho e mania, troçavam. Iaiá dizia deixe que eu corto isso, ai
quando ia cortando a fazenda cortava o forro debaixo todinho, mas
menina, quem mandou você cortar o forro também.
As meninas só comiam carne de segunda, camarão e estas coisas era
para ela e o marido. Um dia Iaiá disse às irmãs, esperem que hoje a
gente vai comer camarão adoidado. Maria disse, Iaiá o que é que você vai
fazer. Pode deixar Maria, você vai ver o que eu vou fazer. Começou a
gritar, ai, ai, ai. Um escândalo e sapateando e gritando. Um rato, um
rato, um rato bem em cima dos camarões. Como é que pode, um rato, ai meu
deus. Corbiniana ouviu calada e o resultado foi que a semana passou
toda para as meninas no almoço a base dos camarões.
Quem servia o açúcar na mesa era ela Corbiniana, saia colocando
açúcar na xícara de cada uma delas, não havia o próprio direito de se
servir. Maria com raiva deste absurdo, que não aceitava, se acostumou a
tomar café amargo. Quando comprava um chapéu novo, para evitar que,
vindo sei lá de onde, e sabe-se lá como guardado, e se estava asséptico,
forrava com um lenço, dava quatro nozinhos na ponta e cobria a cabeça
antes de colocar o chapéu. Era assim Corbiniana.
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