12/02/2014

Luiz Eduardo e outras pessoas conhecidas


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Em um artigo anterior informamos que os padrinhos de Therezinha de Morais Lucena eram os pais de Luiz Eduardo Carneiro da Costa. Vamos começar nosso artigo de hoje com este último, fazendo de antemão uma correção. O pai de Luiz não era Aurio, como me pareceu, mas Aério, como veremos a seguir, conforme me confirmou Valdemar, meu irmão, e o próprio Luiz Eduardo.

A quatorze de setembro de mil novecentos e quarenta e seis, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, batizei solenemente a Luiz Eduardo, nascido a vinte e cinco de agosto de mil novecentos e quarenta e seis, filho de Aério Nicolau da Costa e de sua esposa D. Maria Otília Carneiro da Costa, avós paternos Sidrônio Nicolau da Costa e Anna Diamantina Costa; maternos Pedro Carneiro e Germina Morais Carneiro. Padrinhos José Lucena e Georgina Morais Lucena, Av. Rio Branco, 682. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.

Segundo Luiz Eduardo, seus pais moravam em Nova Cruz, mas por falta de parteira, sua mãe veio para Natal, e ele nasceu na casa de José Lucena e Dona Georgina. Dona Germina, avó de Luiz, era irmã de D. Georgina. Por um jornal, datado de 1911, da Hemeroteca Nacional, vi que Sidrônio Nicolau da Costa foi criador em Alagôa Grande, Paraíba. Casou em 1970 com Walquíria Borges.

Dra. Irandir, ginecologista, é médica de minha esposa. Seu nome, como é comum por estas terras, veio da combinação dos nomes dos pais dela.

Aos dois de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Monsenhor João da Mata Paiva, Vigário Geral, batizou solenemente a Irandir Maria, nascida a quatorze de setembro de mil novecentos e quarenta e seis, à Travessa Pitimbú, 29, residência dos seus pais, filha de Jandir Dias de Souza e de sua esposa D. Iraci Bezerra de Souza, neta paterna de João Paulino de Souza e Juvina Dias de Souza, e materna de Pedro de Sá Bezerra e Beatriz Campos Bezerra. Padrinhos os avós paternos. E para constar mandei lavrar este termo que assino. Monsenhor Jose Alves Ferreira Landim. Pároco.
Na lateral do registro, há a informação que casou em 26 de agosto de 1973, com Romildo Batista de Farias (ou Faria), na Igreja de Nossa Senhora do O’ de Caicó.
Eurico Alecrim foi colega do Colégio Marista e, depois, contemporâneo, no Governo de Garibaldi Filho. Ocupou a Secretaria Adjunta de Recursos Hídricos. Irmão de Jomar Alecrim, que foi Pró-Reitor na UFRN. Segue batismo.

Aos treze de dezembro de 1946, na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Coadjutor Padre Benedito Basílio Alves, batizou solenemente a José Eurico Alecrim Filho, nascido a vinte e dois de janeiro de mil novecentos e quarenta e cinco, à Rua Laranjeiras nº 30, residência dos pais, filho legítimo de José Eurico Alecrim  e D. Maria Anunciada Andrade Alecrim, funcionários federais, naturais do estado, neto paterno de Lourenço da Costa Alecrim e Amélia Ferreira Alecrim, e materno de José Teixeira de Andrade e Cândida (Josefina) Teixeira de Andrade. Padrinhos Manoel Procópio de Moura, Tabelião Público, e sua esposa D. Lídia Pereira de Moura, Rua Vigário Bartolomeu, 606. E para constar mandei lavra este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.

Outro colega de marista foi Odemar, irmão do neurologista João Rabelo. Segue o batismo dele.

Aos vinte e três de junho de mil novecentos e quarenta e seis, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, batizei solenemente a Odemar Guilherme Caldas Junior, nascido a dezesseis de março de mil novecentos e quarenta e seis, à Rua Ceará-mirim, 269, residência dos pais, filho legítimo de Odemar Guilherme Caldas, militar, e de sua esposa D. Laura Rabelo Caldas, doméstica, neto paterno de Alfredo Guilherme de Sousa Caldas, e de Rita Câmara de Sousa Caldas; neto materno de João Batista Ferreira Rabelo e Hercília de Carvalho Rabelo. Padrinhos o 2º tenente Severino de Oliveira Mendes, e esposa D. Maria Amélia Mendes. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Landim.

Informação lateral do registro diz que casou em 1 de fevereiro de 1969, com Olga Maria Rodrigues Bezerra, na Igreja Bom Jesus. D. Laura era irmã de Luiz de Carvalho Rabelo, príncipe dos trovadores potiguares.
Outro contemporâneo, no governo do Estado, foi Carlos José, que atuava no Departamento Estadual de Imprensa. É irmão de Isolda Melo Lemos e tio de Rubens Lemos Filho.

Aos nove de novembro de mil novecentos e quarenta e sete, nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendíssimo Coadjutor Padre Benedito Basílio Alves, batizou solenemente a Carlos José Carneiro de Melo, nascido a nove de janeiro de mil novecentos e quarenta e seis, à Rua Camboim, 759, residência dos pais, filho legítimo de Joaquim Carlos de Melo, técnico agrícola, e de sua esposa D. Maria do Carmo Carneiro de Melo, neto paterno de Carlos Policarpo de Melo e Maria Calipsa de Melo; e materno de José Calazans Carneiro e Rita Gleyderst (?) Carneiro Padrinhos Bel. Manoel Augusto Bezerra de Araújo e D. Maria Olga Bezerril de Araújo, residentes à av. Rio Branco, 784. E para constar mandei fazer este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.
Batismo de Jomar, irmão de Eurico

11/02/2014

KEYNES, KALECKI E O UNIVERSO CAPITALISTA - POR TOMISLAV R. FEMINICK.
 
 
 Os acontecimentos sociopolíticos dos anos 1920/1930 construíram um palco onde se defrontavam as duas principais teorias econômicas que tratam da presença do Estado na economia. Nos países que aplicavam o conceito do “Estado mínimo”, associado à doutrina do laissez-faire, viram aparecer os oligopólios, monopólios e o lado mais desumano do capitalismo primitivo: o capitalismo selvagem. Na União Soviética, onde se instalava a “ditadura do proletariado” e o conceito socialista do “Estado máximo”, se registrava um significativo aumento da produção industrial, não obstante a burocracia, a ineficiência administrativa e a preponderância da vontade pessoal dos líderes partidários. Completava o cenário a grande crise provocada pela quebra da Bolsa de New York em 1929, que gerou um grave desequilíbrio conjuntural nos Estados Unidos, que logo se irradiou pela economia mundial, inclusive a soviética. Nesse contexto despontaram dois nomes no estudo do universo capitalista: o inglês John Maynard Keynes e o polonês Michael Kalecki. Contemporâneos, eles desenvolveram teorias parecidas, porém com enfoques opostos. Coincidiram somente quando aos fatores determinantes do nível de renda, eficiência marginal do capital, multiplicador econômico, preços e taxas de salário, fatores psicológicos e variação de consumo etc. A obra do Lorde Keynes possui conotações e características liberais, aceitando a intervenção do governo somente como forma de suplementar a insuficiência da demanda do setor privado e rejeitando a propriedade coletiva dos meios de produção. Suas objeções ao capitalismo selvagem tiveram origem em motivos morais e estéticos, o que não o tomava um socialista. Durante algum tempo, Kalecki foi tido apenas como mais um economista keynesiano, porém com um embasamento teórico-econômico totalmente marxista, pois que estudara quase que somente a economia marxista, notadamente Tugan-Baranovski e Rosa Luxemburg (temas de seu livro “Crescimento e ciclo capitalista”, Hucitec, 1977). Apesar de suas claras oposições em relação ao capitalismo e de seus atritos com a conduta capitalista quando trabalhava na ONU, Kalecki foi acusado de “não marxista, de orientar seus colegas e colaboradores para posições antimarxistas”, isto talvez por causa do seu rigor científico, em contraposição ao dogmatismo do marxismo ortodoxo. O maior divisor entre as posições de Kalecki e Keynes situa-se no objetivo com que ambos se propuseram a estudar as crises do capitalismo. Enquanto Keynes estava pesquisando as causas das crises, objetivando salvar o capitalismo das suas contradições e imperfeições, Kalecki tinha por escopo evidenciar as possíveis causas do seu hipotético colapso. Keynes dizia que o conhecimento das leis economias que regulam o capitalismo faria com que as pessoas tenderiam a ser mais responsáveis a respeito das decisões econômicas, o que traria mais prosperidade e felicidade para todos, tornando o mundo um lugar melhor para se viver. Kalecki pensava que só o Governo pode forçar condições econômicas ideais, principalmente nas épocas de baixa do ciclo econômico. Há que se ressaltar a própria opinião de Kalecki sobre suas ideias. Perguntado se suas opiniões não iriam afrontar os teóricos socialistas, ele respondeu que sua preocupação era fazer ciência e não criar dogmas. Em 1968 o governo da Polônia, controlado pelos soviéticos, afastou Kalecki de todos os cargos público. Keynes e Kalecki, cada um a seu modo, criaram instrumentos para que o capitalismo ultrapassasse a crise de 1929 e, também, a de 2007/2008. 
 
Tribuna do Norte. Natal, 09 fev. 2014.
 
(*) Mestre em Economia e Contador

08/02/2014

Primeira reunião da Diretoria do IHGRN do ano de 2014

Na sessão realizada no dia 07 de fevereiro de 2014, foram tratados dos assuntos seguintes:

 O Presidente Valério Mesquita iniciou os trabalhos da primeira reunião da Diretoria do ano de 2014, pelas 9,30 horas, dando as boas vindas a todos e dizendo do propósito de muito trabalho e realizações em favor do Instituto. Em seguida deu a palavra ao Secretário-Geral que prestou algumas informações: 1) Durante o recesso ocorreram várias reuniões informais para a tomada de providências necessárias ao funcionamento do Instituto, citando-se, em particular, a reunião administrativa e técnica ocorrida no IPHAN onde as nossas arquitetas Alenuska e Dulce Albuquerque trocaram informações com a equipe do IPHAN, acertando detalhes de projetos complementares; 2) Comunicou que no recesso houve o furto da fiação de cobre do ar condicionado do Memorial Oriano de Almeida, do que se deu parte à Delegacia de Polícia da cidade alta e se providenciou a reinstalação do aparelho agora em parte interna do prédio, longe da vista e mais seguro; 3) Foi efetuado o pagamento dos salários do pessoal do mês de janeiro, mas é preciso lutar pela regularidade dos meses seguintes providenciando o trabalho de cobrança das anuidades; 4) Ocorreu o falecimento do confrade Ronaldo Villaça e o Presidente apresentou o pesar do IHGRN e oficiou esse pesar aos familiares do falecido;  5) Foi recebida a visita do confrade Cláudio Galvão que entregou exemplares do CD da obra musical de Tonheca Dantas; 6) Houve um encontro administrativo com a Superintendência do Banco do Nordeste para a celebração de parcerias para as obras do Instituto; 7) Ocorreu nova reunião técnica no IPHAN complementando encaminhamentos anteriores do que ficou acertado que o referido órgão encampará a licitação para a elaboração do projeto de reforma do IHGRN para inclusão no plano nacional de recuperação do patrimônio histórico; 8) O mesmo Secretário-Geral apresentou minuta de Ofício Circular sobre a cobrança da anuidade 2014 e recuperação das dívidas dos anos anteriores para ser apreciada pela Diretoria; 9) A prestação de contas do IHGRN, exercício 2013 está concluída e será encaminhada ao Conselho Fiscal para breve apreciação da Entidade; 10) Pediu a atenção de todos para a necessidade de reativação do Convênio com a PMN já estando sendo feito o atendimento das diligências da prestação de Contas do quanto já recebido; 11) Esteve com a Reitora tratando dos Convênios com a UFRN, o que deverá ser devidamente deliberado na presente reunião; 12) Por derradeiro, deu conta de problema enfrentado para a localização de um manuscrito de Stela Wanderley que se encontrava na estante desta sala e foi levada pelo sócio Anderson Tavares para guardar em local mais seguro e não foi localizado; 13) A Secretária Betânia Ramalho nos procurou para reativar as idéias de convênios e agendará audiência. O Presidente complementou: 1) dando mais esclarecimentos sobre o assunto do IPHAN; 2) informou que temos recursos já alocados para o orçamento de 2014 e depositado recursos do ano passado e está sendo levantado esse total de recursos e quem foi responsável por cada emenda; 3) Comunicou uma audiência acertada com o Banco do Nordeste para terça-feira próxima às 10,30 horas, junto ao Superintendente Francisco Carlos Cavalcanti. Com a palavra o confrade Tomislav informou que esteve na Federação da Indústria e ventilou a possibilidade de nova ajuda financeira, parte em dinheiro e parte em financiamento de livro de sua autoria com renda para o Instituto – para isso vai98 procurar Fernando para acertar um encontro. Com a palavra Edgar Dantas esclareceu que iria procurar a UFRN para ultimar a celebração do Convênio para o levantamento do acervo do IHGRN; disse do nosso interesse em acompanhar a restauração do Forte dos Reis Magos, oportunidade em que o confrade Odúlio Botelho esclareceu que o assunto foi ventilado na reunião do IPHAN e que nós seríamos convidados. Com a palavra George Veras disse da necessidade de pagamento urgente de contas em atraso. Falou, ainda sobre a necessidade de acompanhar a questão da preservação das pedras históricas da rua Pax na cidade alta. Por último, com a palavra o confrade Eduardo Gosson, deu conta da localização de um documento histórico da posse de todos os Governadores do Estado localizado no Memorial Vicente Lemos e a doação do processo referente à passagem da Coluna Prestes por São Miguel. Informou que a UBE vai lançar e o livro de Diolinda Garcia de poesia e prosa no dia 12 de março, 19 horas, Buffet Renata Motta – e no dia 10 de março a comemoração do centenário do Dr. Moacir Lucena na ANRL.. 

06/02/2014


(foto publicada na internet pelo blog VENTO NORDESTE)

Atheneu: 180 Anos !
Juarez Chagas/Professor do Centro de Biociências da UFRN (Juarez@cb.ufrn.br)

          Foi em Natal neste 03 de Fevereiro de 2014, numa Segunda-Feira ensolarada que, no atual prédio, em forma arquitetônica de X, sua 3ª sede (e esperamos que seja a última e definitiva), na Av. Campos Sales, 393 que o Atheneu Norteriograndense, o Colégio Público mais antigo do Brasil, completou 180 anos de existência (1834-2014).
          O início das festividades, segundo constou do convite público, estava marcado para as 8hs da manhã, entretanto desde mais cedo a movimentação interna do Colégio era intensa para que tudo corresse bem, mesmo de forma simples, porém, no sentido de seu valor histórico e tradicional, pomposa ao mesmo tempo.
          Além da festa organizada pela direção do Colégio, através da professora Sissi Targino e da Secretaria de Educação do Estado, envolveram-se na mesma, o Grêmio Estudantil Celestino Pimentel e a Associação dos Ex-Alunos do Atheneu Norteriograndense, cujas participações abrilhantaram este momento único, onde a vinte anos de completar dois séculos, o Atheneu, apesar de ter perdido sua esmerada qualidade de ensino, ainda mantém sua tradição e exemplo como o marco indestrutível na educação do Rio Grande do Norte.
          O presente artigo (o primeiro após voltar de férias) faz parte das homenagens a este grandioso templo do saber, como era outrora denominado por uma casta de educadores e educados que por ele passaram, tanto como alunos, como renomado mestres, pois não podíamos deixar de prestar sentimentos de gratidão por tudo que foi e é o ATHENEU.
          Depois de chamados a compor seus assentos, no piso de cima do Colégio e seguir os primeiros momentos da programação da solenidade é que ficou amplamente visível seu diversificado e atento público. Foi notório a presença saudosa, simpática e curiosa dos antigos alunos e professores, notadamente satisfeitos com o momento e cientes de que foram participantes ativos da história do velho e glorioso Atheneu. Dentre eles podemos destacar Diógenes da Cunha Lima, Dalton Melo, Jardelino Lucena, Túlio Fernandes, Felipe da Trindade e muitas outras pessoas de igual importância pelo que foram e representaram para o Colégio e seu tempo, tais quais profa. Marta Araújo (UFRN), Jurandyr Navarro (IHGRN), Antônio Arruda (meu irmão),Vera Arruda, Marcius Frederico Cortez (sobrinho neto de Mons. Alfredo Pegado, Ticiano Duarte, Fernado Leitão ( de costas, primo de Fred), profa. Marta Araújo (UFRN), Dr. Marco Aurélio Cavalcanti prof. do Atheneu, Floriano Cavalcanti), Ana Maria Cascudo (única filha de Câmara Cascudo), Carlos Veras ( IHGRN), Marta Araújo, Maria Lúcia de Amorim Garcia (sobrinha neta de Odilon Garcia, primeiro prof. de Inglês do Atheneu), Ricardo Pinheiro (filho do ex-prof. Rivaldo Pinheiro),  Luiz Cortez (historiador), Maria do Carmo Dantas Dias (ex-aluna e mãe da ex jogadora de vôlei, Virna),  Itamar de Souza (Historiador), Paulo de Tarso Correia de Melo (poeta, escritor, do coselho de cultura),  Domingos Guará (Filho do professor José Guará), para citar apenas estes.
          Quanto aos mais recentes (comparados às velhas gerações atheneuenses) também estavam presentes, Célia Padilha, Arilza Pereira, Jaito Fabricio Alves, Fernando de Goes Filho, Albimar Furtado, Públio José, os membros da diretoria da Associação dos Ex-alunos do Atheneu (Naldemir Saraiva, Jacqueline Salviano, Vera Mariano, Esdras Nobre, Marta Forte, Arilza Pereira, Juarez Chagas).
          Na ocasião foi lançado o livro intitulado “Construtores da Ágora Soberana Potiguar-Múltiplas Memórias”, sobre os professores do Atheneu Norteriograndense, entre os anos 1920 e 1960, organizado pelo escritor e poeta Diógenes da Cunha Lima e professora Eva Cristina Arruda Câmara Barros. Evidentemente, mais um importante documento prestigiando antigos mestres do Glorioso Templo do Saber, o Atheneu.
         Muitos discursos foram proferidos e aplaudidos, cada um diferente do outro, porém todos enaltecendo o Atheneu e sua importância história e tradicional para o ensino do Estado. A governadora Rosalba Ciarlini não se fez presente. Foi representada pela secretária de Educação, Dra. Bethânia Ramalho, em cujo discurso enfatizou a promessa do governo de reformar o Colégio, que se encontrava há anos em estado físico deplorável, mas agora cumprida. Entretanto, por outro lado, a fala da vereadora Eleika Bezerra Guerreiro, em sentido contrário, cobrou mais empenho e atenção, não somente para o Atheneu, mas também para a educação do Estado como um todo. Na verdade, o que muitos gostariam de ter dito e não falaram.
          O discurso do Dr. Diógenes da Cunha Lima, dinâmico e elegante como sempre versou sobre seu tempo de aluno do Atheneu, onde também foi representante estudantil e, posteriormente, depois de concluir o curso, também professor. Falou dos eminentes professores de sua época, como Câmara Cascudo, Celestino Pimentel, Monsenhor Mata e outros que, igualmente abrilhantaram este secular educandário. Via-se orgulho e emoção nos rostos que usaram da palavra para homenagear o aniversariante. Uma bela festa plena de riqueza emocional, tradição e história!
          Com exceção da professora Eleika e a presença do vereador Hugo Manso, foi notório a ausência de outros políticos que, ao contrário do momento da mobilização feita o ano passado, denominada “Abraço do Atheneu”, organizada pela Associação dos Ex-Alunos do Atheneu, para cobrar do Governo ações e reformas e salvar o Colégio, onde vários políticos e outros segmentos da sociedade se fizeram presentes, já nesta solenidade de comemoração dos 180 anos do Atheneu, estes não se fizeram presentes, assim como a imprensa também não prestigiou o evento.
          Aproveito a oportunidade, para informar que a Associação dos Ex-Alunos do Atheneu Norteriograndense agora é uma realidade e mais um segmento oficial renovado para defender e ajudar o Colégio no que for ético, possível e pertinente, segundo seus estatutos e boa vontade dos ex-alunos deste douto Colégio. Aqueles que se associaram até a data da comemoração deste aniversário, serão considerados fundadores da Associação, em sua nova fase. E aqueles que quiserem se associar para tornar o Atheneu mais forte e no lugar que sempre mereceu estar, devem procurar a Associação para, juntos tornarmos esta organização forte em prol Colégio mais importante do Rio Grande do Norte, em todos os tempos!



05/02/2014

Comentários sobre “Velhas Heranças”

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)

Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG


O livro de Hélio Galvão, “Velhas Heranças”, foi fac-similado pelo Sebo Vermelho em 2012. É a partir dele que construo este artigo, fazendo alguns comentários e acrescentando outras informações do meu conhecimento. 

Meu último artigo, neste jornal, foi sobre Valentim Tavares de Mello, filho de Manoel Gonçalves Branco e Catharina de Oliveira e Melo. Pois bem, um dos inventários, do livro de Hélio Galvão, é o de Damiana de Oliveira e Mello, que faleceu em 9 de dezembro de 1748, solteira, não deixando testamento. Foi seu inventariante, o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Melo, e habilitaram-se, para receber a herança, os irmãos: ele próprio, Gregório, solteiro, mas que teve uma filha com Suzana Brito Palhano; Maria da Conceição, que era casado com o tenente-coronel, José Pinheiro Teixeira, natural de Arrifana de Sousa; Francisco de Oliveira Ramos, viúvo; Eugenia de Oliveira e Mello, que era casada com o sargento-mor Dionísio da Costa Soares; capitão Miguel de Oliveira e Mello, que foi casado com Ângela Correa da Costa, filha de Fradique Correa da Costa; Cosma de Oliveira dos Santos, solteira; sargento-mor Valentim Tavares de Mello, casado em segundas núpcias com Luzia de Albuquerque Mello, falecido, e, por isso, representado pela filha do casal, Maria Manoela, nessa data com três anos, mas que posteriormente casou com o viúvo Estevão da Cunha de Mendonça.

Em artigo que fiz sobre Manoel Gonçalves Branco, Damiana não apareceu como filha. Pode ter nascido em data posterior ao ano de 1711. Talvez Cosma seja sua irmã gêmea; Francisco de Oliveira Ramos, que aparece acima, deve ser o tenente Francisco de Oliveira Banhos, mesmo nome do avô, que morava em Recife; da mesma forma Cosma de Oliveira dos Santos, deve ser Cosma de Oliveira Banhos.

Outro documento, constante do livro de Hélio, era o testamento (29 de março de 1718) de Joanna de Barros Coutinho, que teve como inventariante, seu marido Manoel Rodrigues Taborda. Nesse testamento ela se diz natural de Olinda, freguesia de São Pedro Martyr, filha legítima do sargento-mor Manoel da Silva Vieira (Hélio só conseguiu ler Manoel) e dona Graçia do Rego, não tendo filhos, nomeou, como herdeira, sua mãe.
 
Manoel Rodrigues Taborda era português da Villa de Buarcos, e casou com Dona Joanna de Barros Coutinho, em 8 de setembro de 1697.

Dona Gracia, mãe de Joanna, faleceu antes dela, e, por isso, foi representada por filhos e netos: Tereza da Silva, viúva, filha; Luzia Romana da Silva, filha; Joanna de Barros, casada com Cosme de Freitas, neta, filha de Maria de Barros (falecida) e do tenente-coronel Gonçalo Ferreira da Ponte (casamento em 20 de abril de 1697); Francisco (25 anos), neto, irmão de Joanna de Barros; Atanásio, 20 anos, outro irmão de Joanna; Luis (14 anos), neto, filho de Anna do Rego, que foi casada com o primo legítimo, Lázaro de Barros (casamento em 28 de maio de 1703); Manoel e Miguel irmãos de Luis; Josefa, também irmã, com 7 anos.
 
Outro inventário é o de Cipriano Lopes Pimentel, que era filho do sargento-mor Francisco Lopes e de Joanna Dorneles, esta filha do escabino  Manoel Rodrigues Pimentel e neta de João Lostau de Navarro. Cipriano era casado com Tereza da Silva, filha do alferes Felipe da Silva e de Joana Salema. Nos registros mais antigos, encontro referências, tão somente, sobre escravos de Felipe, de José Gomes Salema e de Domingos Gomes Salema.
 
Mais outro inventário é do capitão Domingos da Costa (Rocha em alguns registros) Araújo, que foi casado com Brásia Bezerra de Vasconcelos, inventariante. Uma das herdeiras habilitadas é Monica da Rocha, casada com o capitão Julião Borges, ascendentes de Nísia Floresta. Nos registros antigos, encontro batismos de três filhos de Domingos e Brásial: Tereza, batizada em 30 de agosto de 1688; Hieronima, batizada em 8 de outubro de 1690; e João batizado em 19 de setembro de 1694. Todos eles habilitados, além de Álvaro da Rocha; Brásia, Maria Madalena e Bonifácia, órfãos. Segundo Hélio, a sentença final desse inventário data de 20 de janeiro de 1818.

É nesse inventário do capitão Domingos que encontro uma informação que confirma uma questão levantada em um artigo anterior sobre a família Casa Grande do Assú. No livro que foi escrito, constava a seguinte informação de Antonio Soares de Macedo: D. Joanna Martins, filha mais velha do coronel Manoel Lopes de Macedo, minha 3ª avó, casou com o capitão-mor José Ribeiro de Faria, meu 3º avô, o qual era natural do Rio São Francisco e morador na Capitania desta Província, hoje Estado. No artigo que escrevi, eu coloquei dúvidas sobre tal informação, pois supunha  que Joanna era filha do capitão João Martins de Sá e Clara Macedo.
 
No inventário do capitão Domingos, consta dívidas passivas, ao tenente-coronel Manoel Martins de Sá e a seus cunhados capitão João Marinho de Carvalho e capitão José Ribeiro de Faria, herdeiros do defunto capitão José Martins de Sá, 106$400.  Na transcrição do inventário, mais um equivoco, pois os três eram herdeiros do capitão João Martins de Sá. Assim, se confirma que D. Joana Martins de Sá era filha do capitão João Martins de Sá e não do coronel Manoel Lopes de Macedo. 


Casamento de Manoel Rodrigues Taborda e Joana de Barros Coutinho

03/02/2014


O excêntrico “socialismo científico”

Tomislav R. Femenick – Mestre em economia e contador

 

            Contrariando a expectativa marxista de que a revolução socialista se daria em regimes capitalistas adiantados (isso em função das contradições internas do sistema), os comunistas somente assumiram o poder em países atrasados, onde o modo de produção capitalista ainda não tinha se desenvolvido plenamente. Rússia, China, Coréia do Norte, Cuba, Vietnã, Camboja, Angola, Moçambique, por exemplo, eram países de economia agrícola, onde a indústria era incipiente e não o polo determinante. Na Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Polônia, Hungria, Romênia, Albânia e outras nações do leste europeu a ascensão deu-se por pressão do exercito vermelho, presente em seus territórios logo após a Segunda Grande Guerra. 

            O caso da Rússia, onde em 1917 foi instalado o primeiro governo comunista, é um episódio a parte. Em 1922 existiam cerca de 20 milhões de pequenas propriedades agrícolas e aproximadamente quatro mil empresas privadas, enquanto que o Estado já tinha assumido o controle de mais de 4.500 grandes indústrias. Em 1925, os sovietes já tinham transformado “a terra, as fábricas, as empresas industriais, os bancos e as vias de comunicações em propriedades” estatais, como início da “obra de edificação da Economia socialista” (Pankrátova, 1947). No outono de 1928 começou a implantação do Primeiro Plano Quinquenal e no início dos anos 1930 aconteceu a total estatização da agricultura. Essas medidas resultaram em altas taxas de crescimento, principalmente na produção de commodities agrícolas e produtos industriais, tais como aço, carvão, energia elétrica e petróleo, porém com um alto custo social. O censo de 1937 revelou que a população havia caído em oito milhões de pessoas.

            O segundo período de crescimento da URSS foi o do pós-guerra, quando houve maciços investimentos na indústria pesada, visando recuperar as perdas causadas pelo conflito. Em alguns setores os soviéticos superaram os Estados Unidos, como na produção de armamentos e na corrida espacial. Porém o modelo socialista emperrava o crescimento econômico como um todo; sobravam tanques de guerra e faltava manteiga.

Nos anos 1970/1980 já se previa o descalabro. Havia estagnação na produção agrícola, na siderurgia e de petróleo e o fornecimento de energia elétrica (com unidades geradoras e de transmissão defasadas) não atendia as necessidades das empresas e da população. Some-se a isso um quadro de ineficiência da infraestrutura e atraso tecnológico, inclusive no campo na informática. Essa situação levou a um crescimento econômico per capita igual a zero; negativo, em alguns anos. O resultado foi que o povo passou a enfrentar dificuldades para adquirir produtos básicos como alimentos, roupas e produtos de higiene.

            O colapso econômico da União Soviética foi efeito direto da maximização do Estado nas relações econômicas. O centralismo e a alta burocracia tinham um custo exorbitante. Nas fábricas centenas de milhares de pessoas não agregavam valor aos produtos, pois simplesmente exerciam tarefas de seguir o andamento da produção, e a alocação dos fatores de produção atendia apenas aos desejos da nomenclatura partidária e não às necessidades reais da economia e da população. Tal procedimento exigia vultosa soma de subsídios governamentais para manter empresas ineficientes.

            Essa verdadeira máquina de moer recursos terminou por evidenciar o erro de se atribuir ao Estado todos os direitos de prioridades e de estabelecer caminhos e modos de se planejar, produzir e distribuir as riquezas do país.

E o “socialismo científico” morreu.

Tribuna do Norte. Natal, 02 fev 2014.

O Mossoroense. Mossoró, 01 fev 2014.

01/02/2014

RESOLVI PUBLICAR, NESTE 01-02-2014, UM ANO DO ENCANTAMENTO DE PEDRO SIMÕES NETO, UMA APRECIAÇÃO QUE FIZ SOBRE O SEU : "FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO RIO DOS HOMENS" .
LÚCIA HELENA(*)









Embriagado de tanto azul azul e inebriado de iluminado verde, a se envolver no calor da poesia de Carlos Pena Filho, o viandante faz a sua peregrinação pelo vale verde, por suas querências, tantas que até já perdeu a conta. Não sei bem desde que horas ele saiu de casa em busca desse mundo "encantado" , desse porvir de estranha felicidade, quando, não mais menino, sai em busca se um mundo que ele teima em aclamar e enaltecer, redescobrindo os próprios passos e banhando-se nas águas enfeitiçadas dos olheiros encantados. Seria talvez a "Manhã da Criação" (de Nilo Pereira), em que se viu acordado e despertando todo o vale, para ouvir o silêncio da hora  e o despertar dos ruídos do cotidiano.
 E ele faz essa viagem de regresso, tomando em suas mãos as aquarelas de Dorian Gray, para rever o tempo que passou como se fosse uma tela mágica, a mover-se e dilatar- se da alma e dos olhos, sobre aquele cenário iluminado do seu olhar de infância. Talvez Van Gogh tenha embebido os olhos naquele paraíso distante e sua íris de artista tenha se infiltrado nos lumes das águas do olheiros românticos a dizerem de esperanças, a conhecerem aquele claustro - a Matriz do vale verde. E lá estava ela, imponente e gorda, soberana e esguia, a bendizer seus filhos! Lá estava a Senhora da Conceição do Rio dos Homens Lembrou-se de muitas coisas, de muita gente, de música e alegrias. Lembrou-se de um vale brejeiro e dos cantadores que executavam seus "hinos" e juntavam gente para ouvir a lira romântica de cada hora, quando o dobre dos sinos anunciava o anoitecer e o vale ganhava sombras dos banquetes e mordomias dos céus, carregados de luz e negror! No dia seguinte as nuvens dançavam de azul e branco, como o manto da Virgem Santa. Durante a sua peregrinação mágica o homem reviu a cidadezinha lobatiana, andou até onde o cansaço não lhe exigiu repouso. Andou por aquela estrada com todo o seu fascínio. Observou os que passavam diante dos seus olhos, revendo a história de cada um, história que ele decantava com rara honra, sem esquecer, absolutamente, de nada e de ninguém. Nomes incansáveis brotavam do seu recordar íntimo, como se diante dele houvessem imensos cartazes com a história de cada um. Mero engano, todo o elenco e enredo dessa incrível memória estavam no script de sua alma, subindo e descendo ladeiras e de onde viam, como alegorias desbotadas, objetos, guloseimas e outras coisas de outrora, incluindo os saborosos confeitos cuquitas, de forma arredondada, que se comprava a tostão e eram a sensação. O menino não esquecia nada, nenhum detalhe, e como bandeiras hasteadas, nomes apareciam na moldura de luz do seu olhar: a figura de Zé Gago com o saxofone, que se não fazia chorar, enriquecia os momentos! Nomes e nomes como: Ilha Bela, Diamante, Capela, Santa Águeda, Oiteiro, Guaporé, nascença! Figuras marcantes como Manoel Pereira, Herbert Dantas, "Major" Onofre Soares, Abel Antunes Pereira, Ruy Antunes Pereira, Jorge Câmara, Lourdinha de Darrow, Cleto Brandão e seu famoso "Café", e outros, muitos outros. Lembrava a feira de cada sábado, na rua principal do vale, variedade de legumes, hortaliças e frutas sem agrotóxicos, além de objetos os mais diversos, e de onde se via algum cortejo fúnebre e, sempre, por alguma razão, a banda-de-música e os folguedos. E se era época de política e por uma coincidência, a boa presença de Frei Damião, ai se garantia distribuição de santinhos e as bençãos do querido beato - um acontecimento abençoado. Recorda, o nosso viandante, sobre as folias momescas de cada ano, quando o vale se enchia de festa e o cordão na frevança, fazia a alegria e na quarta-feira de cinzas, o bom banho de mar, para curar a ressaca! Pedro Simões Neto, de memória infalível, traz esse desfile diante dos nossos olhos, traz o povo cearamirinense ou os que lá viveram, e, diga-se, sem esquecer ninguém! Nesse particular, um capítulo muito enobrece minhas lembranças, quando ele descreve a sua participação na primeira festa de São João, na casa dos meus pais e o revela com um carinho singular, ele, menino, impactado com o encanto daqueles momentos, até então, desconhecidos. Sobre as páginas escritas por meu amigo Pedro Simões, diria, como Antoine de Saint- Exupéry: "...Mais coisas sobre nós nos ensina a Terra, que todos os livros, porque oferece resistência". E o nosso amigo tem sido mestre na arte de lembrar, para tal reúne os cabedais da inteligência e da fidelidade do coração. Depois de vovó Madalena, tia Etelvina, tio Juvenal, Nilo Pereira, Edgar Barbosa, papai e os tios: Vicente e Ruy, o primo Roberto Varela, o amigo Franklin Jorge e o fotógrafo e poeta Gibson Machado, julguei que ninguém, jamais, em Ceará-Mirim, saberia decantar o vale, com os lumes de suas paisagens, sua gente, sua história e o seu encanto. Estava enganada, o vale verde tem o grande memorialista Pedro Simões Neto, com essencial talento, com exuberante sensibilidade e a rica mensagem de amor à memória ancestral do vale. FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO RIO DOS HOMENS, escrito por Pedro Simões, é uma oração, um momento de fé, a homenagem de quem sabe o quanto merece a arte de bem lembrar! Ei-lo de volta, como menino, cheio de saudade, nesse vôo pela alma dos tempos, na peregrinação mágica, de regresso, guiando-nos pelos caminhos da dor e da saudade. 

O (*) Menina de Ceará- Mirim