07/06/2018
O JUSTO E O INJUSTO
Valério Mesquita*
Ultimamente, jovens estudantes de nível superior em Natal têm visitado o
Tribunal de Contas para conhecer as suas atividades e funcionamento. Desejam se
informar da função constitucional, dos tipos de controle orçamentário e da
prestação de contas dos seus jurisdicionados. Como órgão auxiliar do Poder
Legislativo, o TCE é o seu instrumento valoroso e técnico. Possui, no entanto,
significativa identidade horizontal, em nível de equivalência com os poderes
constituídos, sobre cujas unidades administrativas, ele opera e fiscaliza. O
grande Rui Barbosa, partícipe direto da criação do TCU, reconhece: “a criação de um Tribunal de Contas com corpo
de magistratura intermediário à administração e à legislatura, coloca-o em
posição autônoma, com atribuições de revisão e julgamento, cercado de
garantias, pode exercer as suas funções vitais no organismo constitucional, sem
risco de converter-se em instituição de ornato aparatoso e inútil”.
Essa corporação distinta julga as contas dos responsáveis por dinheiros e
outros bens públicos. Esse julgamento é, por sua natureza, administrativo e tem
o valor de apreciação contábil. Quanto aos agentes públicos responsabilizados,
eles ficam sujeitos à jurisdição criminal. “Suas
decisões, transitadas em julgado, podem ser revistas pelo Poder Judiciário, que
as acatará não como se emanassem dos próprios juizes deste, mas enquanto forem
conforme a lei”, no ensinamento do mestre do Direito, o professor Alfredo
Buzaid.
Mas o entendimento em voga, ao qual me anteponho, e espero que um dia
seja corrigido pelo STF, é justamente aquele que classifica conclusivamente a
decisão política dos legislativos sobre o julgamento técnico dos tribunais. Sem
retornar mais às ponderações externadas em textos anteriores, indago como pode
o tribunal que julga as contas da execução orçamentária do poder político ver a
sua decisão oficial e técnica ser fulminada por manipulações de entes partidários?
Segundo o professor de Ciências das Finanças e ministro Aliomar Baleeiro “o papel do Tribunal de Contas é de órgão
integrante do sistema político-jurídico de freios e contrapesos da constituição”.
Significa dizer que somente o Poder Judiciário tem a legitimidade, em grau de
recurso, de dirimir as dúvidas sobre a coisa julgada.
Essa competência abstrata dos poderes legislativos de imporem decisões finalisticas
aos julgados dos TCEs, coloca em suas mãos mais poderes do que deveres. Deveres
fundados em pressupostos fáticos, jurídicos, técnicos e formais. Exemplo
gritante de julgamento faccioso vem de uma câmara municipal que aprovou recentemente
as contas de um prefeito que teve, antes, as suas contas anuais rejeitadas pelo
TCE, com ressarcimentos altíssimos ao erário lá no extremo norte do estado,
onde, inclusive, o mesmo agente elegeu-se vice-prefeito do filho. Vê-se que a
atividade humana, exercida na lide política é totalmente desprovida de
controle. A conduta ultrapassa os limites da razoabilidade e da racionalidade,
em detrimento da norma jurídica. Hoje o texto constitucional diminuiu a
competência dos Tribunais de Contas, ao ponto de reduzir-lhe a possibilidade de
deter a ação injurídica dos administradores. Os TCEs só poderão exercer
plenamente as suas funções e cumpri-las na integridade quando puder conter a
conduta ilegítima para que seja restaurada a moralidade na correta aplicação do
dinheiro e do patrimônio públicos. Outro exemplo deprimente foi o do Poder
Legislativo do Rio Grande do Norte, recentemente, por injunções políticas, ter
derrubado a decisão unanime do TCE/RN das contas do Executivo relativas ao
exercício anterior, sem conhecimento técnico e contábil do assunto.
(*) Escritor.
05/06/2018
NOVO SÓCIO MANTENEDOR
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte recebeu nesta segunda-feira, as visitas ilustres de DIDI AVELINO (Edilson Avelino), potiguar radicado no Rio de
Janeiro, considerado a voz de veludo do Grupo Retrô de músicas de raiz, acompanhado do seu sobrinho
Newton AVELINO, artista plástico, que foram recepcionados pelo Presidente Ormuz e Carlos Gomes. DIDI assinou sua inscrição como novo sócio mantenedor.
31/05/2018
CORPUS CHRISTI
Celebrar “Corpus Christi” é “cristificar” nossos corpos.
É esse o sentido que a festa de “Corpus Christi” nos revela, festa do Corpo histórico e humano de Jesus, amado, rejeitado, crucificado, morto e ressuscitado.
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O corpo de Cristo
Há algo a ser dito por consistência, mas também há algo a ser dito por variedade. Insistir exclusivamente em qualquer delas, em nosso estudo bíblico, levará a resultados desastrosos. Precisamos julgar pelo contexto, se o autor pretendia usar sua linguagem consistentemente ou criativamente.
Assim é com a figura do "corpo", que o Novo Testamento emprega como uma descrição da igreja. Enquanto muitos têm aceito que a figura sempre significa a mesma coisa, sejamos cuidadosos para observar as diferenças em seu uso e aplicação.
Uma relação entre cristãos
Por um lado, parece haver de fato uma consistência em como a imagem da igreja como "corpo" é usada para ilustrar e ressaltar certas características da relação que existe entre o povo de Deus:
Unidade. A figura do corpo é muito útil para descrever a "unidade na diversidade" que existe entre cristãos (Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 10:17; 12:12-31; Efésios 2:16; 4:4; Colossenses 3:15). Assim como o corpo tem diferentes partes, assim também o grupo que pertence a Deus é composto de muitos tipos diferentes de pessoas: diferentes personalidades, capacidades, níveis de maturidade espiritual, formações. Entretanto, estas diferenças são insignificantes à luz da fé comum que partilhamos em Cristo. Nossa diversidade não força esta unidade espiritual nem um pouco, mas é realmente uma bênção, no que os cristãos são capazes de ajudar um ao outro de um modo complementar, em vez de todos serem exatamente idênticos.
Interdependência. A diversidade entre o povo de Deus ajuda a fortalecer o corpo através de seu trabalho complementar, porque todos do povo de Deus estão ligados um ao outro e são dependentes uns dos outros (Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 12:12-31; Efésios 4:11-16; Colossenses 2:19). Como membros de um corpo estão entrelaçados entre si, entretecidos, e juntos em um todo unificado, assim também o povo de Deus é interligado. O funcionamento adequado, saudável, de cada parte é essencial à saúde geral do corpo. Nenhuma parte é insignificante, irrelevante ou dispensável. Os cristãos devem possuir uma consciência de tal dependência e necessidade uns dos outros. Na verdade, devemos ser tão interligados que os cuidados com outras pessoas são os nossos mesmos; choramos com os que choram e nos regozijamos com os que se regozijam.
Crescimento. Toda a unidade e interdependência do povo de Deus é destinada a levar a uma única meta: o crescimento espiritual (Efésios 2:21; 4:11-16; Colossenses 2:19). A figura de um corpo é perfeitamente adequada para salientar que o povo de Deus é um organismo que cresce, e não um objeto sem vida, estático, adormecido. O corpo é para sobreviver e ser saudável pelo labor adequado de cada parte individual, como cada parte faz a sua tarefa. Sendo equipados através do ensino, os santos têm que servir, e assim fazendo o corpo de Cristo é edificado.
Uma relação com Cristo
Por outro lado, há uma variedade na qual a figura do "corpo" é usada para descrever a relação que existe entre o povo de Deus e Cristo:
Cabeça. Há, naturalmente, as passagens familiares nas quais Cristo é chamado a cabeça do corpo, a igreja (Efésios 1:23; 4:16; 5:23; Colossenses 1:18; 2:19). Aqui, o corpo é claramente a parte inferior do todo, composto de tronco e membros, enquanto Cristo é a cabeça. Obviamente, isto significa o papel de Cristo como de autoridade. Ele é aquele que toma as decisões, cuja vontade tem que ser seguida. Mas observe como a imagem do corpo sugere que esta não deve ser uma atividade antagônica. Além do mais, nossos corpos físicos não lutam com a cabeça, não se opõem a sua vontade, nem contradizem suas ordens. As partes do corpo naturalmente agem de acordo com as determinações da cabeça para o bem estar do corpo inteiro. A cabeça é também o que confere uma certa unidade de propósito e direção, de modo que as partes estejam trabalhando em direção à mesma meta, em vez de se esquartejando e indo em direções diferentes.
Espírito. Há passagens, contudo, que usam a figura do corpo, mas que não retratam Cristo como a cabeça do corpo. Observe, por exemplo, que em 1 Coríntios 12, a cabeça é claramente uma das partes do corpo que representa o cristão comum (12:21), como também o são várias partes especificadas da cabeça, tais como o olho e o ouvido (12:16-17). Neste caso, que relação Cristo tem com o corpo, se não é sua cabeça? Bem, assim como um corpo físico, se está vivo, tem um espírito que habita esse corpo, dando-lhe vida e personalidade, assim também Jesus é o Espírito vivo que mora dentro do corpo de seu povo. Este mesmo ponto está implícito em Efésios 2:21, onde as figuras de corpo e edificação estão misturadas, falando de um templo crescente no qual Deus mora. Do mesmo modo, Efésios 4:4 emparelha um corpo e um Espírito, como se indicasse uma ligação particular. Finalmente, a afirmação de Paulo de que somos "um corpo em Cristo" (Romanos 12:5) pode se apoiar sobre esta mesma figura. Como tal, a figura do corpo indica ainda mais intimamente o grau em que devemos ser possuídos por Deus, participantes de sua divina natureza, quando ele mora e vive dentro de nós.
Que coisa maravilhosa é, na verdade, fazer parte do corpo de Cristo!
por Tom Hamilton
30/05/2018
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