20/01/2017
19/01/2017
CONTRADIÇÕES ATUAIS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)
Atualmente parece haver uma
inversão de valores e da ética. Analistas comentam que é grande nossa
insanidade. Elegemos – e consequentemente adquire foro privilegiado – quem nos furta
e abusa do poder. Cultuamos muitos que nos desprezam e zombam de nossa boa fé.
Desvalorizamos e marginalizamos quem nos ensina. Não damos a devida importância
àqueles que nos protegem e por nós se sacrificam. No início do ano, a sociedade
ouviu perplexa a declaração de Sidnei Ramis de Araújo (assassino da ex-mulher, do
filho e mais dez pessoas, durante o réveillon, em Campinas/SP): "Não temo morrer ou ficar preso. Como prisioneiro
terei três refeições completas, banho de sol, salário, não precisarei acordar
cedo para ir trabalhar, terei os representantes dos direitos humanos me
defendendo, também não perderei dois ou três meses do meu salário com impostos".
Está em evidência a discussão
sobre o sistema prisional brasileiro. Segundo estimativas, o país abriga hoje mais
de seiscentos mil presos. Combatem-se os efeitos da criminalidade, sem atingir as
causas, dentre elas, desigualdade social, falta de emprego, baixa escolaridade.
A solução será polvilhar nosso território de presídios? Há quem proponha privatizar
nossas penitenciárias. Mas, alguns apontam um perigo: as empresas
administradoras dos cárceres receberão do Estado pagamento “per capita”. Assim, quanto mais cheia a
prisão, melhor. E a reeducação? Especialistas afirmam que é preciso tirar os
detentos da ociosidade e tornar as cadeias oficinas produtivas. Sugerem cursos
profissionalizantes, assistência social e de saúde, ações educativas para mudar
a mentalidade dos encarcerados, habilitando-os ao convívio social. E, uma vez
comprovado o processo de ressocialização, proporcionar, de acordo com a lei, regressão
da pena a cada etapa vencida. Eis a fala de alguns estudiosos, para os quais o
problema é multidisciplinar: socioeconômico, psicológico, jurídico, religioso etc.,
alertando que não se pode permanecer na retórica inócua.
A Igreja ensina que, apesar dos
crimes cometidos, a graça divina pode recuperar a dignidade humana. Lembra o
ensinamento do Evangelho: “resgatar os cativos”
(cfr. Lc 4, 18), não apenas da cadeia material, mas também da prisão interior,
que os liga aos desvios sociais. De acordo com psicanalistas e sociólogos,
dentre eles, o padre Bruno Trombetta (ex-coordenador da pastoral carcerária do
Rio de Janeiro) “os mais extremados com o
problema podem carregar em sua consciência a culpa ou o remorso de não ter sabido
educar as pessoas, representadas nos apenados. Partem para um veemente libelo,
que se torna muito mais a própria defesa, do que a dos presos”.
Todos são filhos de Deus. Há
aqueles que questionam com sinceridade e retidão: a vida de milhões de
desempregados, doentes, idosos, desassistidos... (que contribuíram ou ainda
contribuem para o Estado) não deveria ter prioridade no debate nacional? Outros
se interrogam: se o Estado não funciona para os cidadãos que trabalham, como há
de ser para os presos? Por outro lado, existe uma pergunta que não se cala: que
tratamento é dado às famílias dos que sofreram assaltos, torturas, estupros ou homicídios?
O cardeal Evaristo Arns, na homilia da missa celebrada pelos mortos no motim de
um presídio paulista, lembrou: “Choramos hoje nossos irmãos
massacrados. Mas, não podemos ignorar as lágrimas de tantos órfãos e viúvas, suas
vítimas”! O sociólogo François Houtart, em conferência na PUC/SP, exclamou:
“Somos tentados às vezes a nos comover facilmente
diante de algumas minorias. Isto é necessário. Mas, não podemos deixar sem
resposta uma multidão que nos cobra direitos, sim direitos humanos”!
Quem luta por justiça, igualdade
e melhores condições de vida, está ficando cético e cansado de batalhar em vão,
enquanto os vilões continuam impunes. Parece que assistimos o enterro do
aforisma: “O crime não compensa”. Oportunas
e atuais as palavras de Ruy Barbosa: “De
tanto ver... prosperar a desonra... crescer a injustiça... agigantarem-se os
poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da
honra, a ter vergonha de ser honesto”.
18/01/2017
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16/01/2017
CUNHA
LIMA, GILBERTO FREIRE E O PEREGRINO
Valério Mesquita*
01) Diógenes da
Cunha Lima, advogado e poeta, iria tomar posse na presidência da Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras. Para a sua surpresa e orgulho para qualquer
intelectual da província, foi homenageado com a presença do sociólogo Gilberto
Freire. Ano seguinte, o gênio de Apipucos aniversariava e Diógenes julgou-se no
dever de restituir a delicadeza de sua visita. A essa altura, o poeta
novacruzense e condestável do Curimataú, já envergava a pose de reitor da UFRN
e as hosanas da presidência do Conselho Federal de Reitores das Universidades
Brasileiras. Gilberto Freire, amado e idolatrado no Recife, recebia em sua casa
uma homenagem supimpa, com toda pompa e circunstância. A dita imprensa falada,
escrita e televisiva estava em profusão e documentava tudo em seus mínimos
detalhes. Até o então Ministro da Educação e Cultura Eduardo Portela estava lá.
Nisso, entra triunfal em cena o nosso impávido Diógenes, sentindo-se o primeiro
dos homens. Após alguns passos no grande e decorado jardim, acompanhado e
encandeado pelos difusos refletores, não percebeu que, a sua frente, a piscina
havia sido coberta por uma lona de cor do assoalho, o que impedia o nosso
Diógenes (que não conduzia a famosa lâmpada) distinguir com nitidez o chão, e,
ao mesmo tempo, cumprimentar os convivas. De repente, explodiu lamurioso e
sonoro aquele óóóóóóó.... De terno e gravata, Cunha Lima caiu na piscina de
forma monumental e olímpica, como diria qualquer Galvão Bueno. Nadando
cachorrinho para chegar a margem, o reitor era a própria imagem do desespero e
o último dos homens. Encharcado tal e qual um sabiá molhado, ainda ouviu da
esposa do anfitrião uma piadinha que parecia um “tiro de misericórdia”: “Diógenes, quando quiser tomar banho na nossa
piscina, traga o calção...”. Içado a presença das autoridades, viu,
contudo, o mestre Gilberto Freire, num fidalgo gesto, reunir ao seu redor os
jornalistas para dizer em tom grave mas paternal: “Diógenes é meu amigo. É o reitor da UFRN e do Conselho Federal dos
Reitores deste país. Não quero de vocês nenhuma linha sobre o assunto”.
Gilberto Freire foi prontamente atendido pela imprensa pernambucana. E com a
autorização de Diógenes, tanto tempo depois, o fato saiu do anonimato.
02) Lembrei-me
de outra história do barbeiro do antigo Natal Clube, narrada por Diógenes da
Cunha Lima. O deputado Djalma Marinho estava de malas prontas para viajar ao
Vaticano. Fazia o cabelo no Natal Clube quando o barbeiro, muito católico, lhe
pediu para que trouxesse do papa uma bênção especial. Promessa feita, viaja
Djalma. No regresso, o crédulo barbeiro pergunta pela bênção papal. Desligado e
imaginoso, como sempre, o nosso Djalma saiu-se com uma desculpa que pode servir
de exemplo aos atuais peregrinos. “Não
trouxe a mensagem do Papa”, disse o deputado, “Porque no momento que o cumprimentei ele surpreso, indagou: “Peregrino, peregrino quem foi o infeliz que
estragou o seu cabelo””.
(*) Escritor
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15/01/2017
A sociedade potiguar recebeu, com natural júbilo, a nomeação do consagrado advogado Armando Roberto Holanda Leite como o novo superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no RN (Iphan-RN), publicada no Diário Oficial da União do dia 5 de janeiro.
Deixa o cargo a arquiteta e urbanista Andréa Virgínia Freire Costa, que estava à frente da autarquia desde 2015. A posse do advogado está marcada para o dia 23 de janeiro.
O fato nos é auspicioso, em particular, posto que o nomeado é nosso associado e já deu sobejas demonstrações de capacidade e eficiência nas suas atuações em favor da cultura.
Desejamos ao Doutor Armando integral sucesso em sua gestão ao mesmo tempo em que colocamos a nossa Entidade à disposição para o quanto necessário, haja vista sermos detentores do maior acervo sobre a história do Rio Grande do Norte.
12/01/2017
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