Tradicionalmente,
os LEIROS constituem uma família de classe média e é originária da Península
Ibérica.
Na
verdade, não se sabe ao certo sobre o surgimento dessa família, pois que as
primeiras pessoas portando o sobrenome LEIROS foram encontradas na província de
LEIRIA – nordeste de PORTUGAL e que carregavam com carinhosa cautela, uma
antiga lenda, uma lembrança ancestral de que seriam descendentes de antigos
Judeus.
Seguindo-se
esse roteiro, tendo como berço a Península Ibérica, embasamos nossas suposições
na possibilidade de que essa família tenha surgido em razão das perseguições da
Igreja Católica ao povo hebraico que se espalhara pelo continente europeu para
fugir das fogueiras e das forcas instrumentalizadas pelo cardeal TORQUEMADA, comandante em chefe daquela perseguição religiosa, a
qual enegrecera a história da Igreja naquele continente.
Diz-nos
a tradição oral, que, ao longo da idade média, a Saxônia teria recebido um
respeitável contingente de Judeus os quais teriam adotado ou aceito as
doutrinas de Lutero e Calvino, aumentando as preocupações de Roma, quanto ao
desenvolvimento da Reforma que se
constituía um perigo. Uma temeridade que deveria ser contida
”a unhas e dentes”.!
Diante
dessa circunstância, a perseguição da Igreja foi aumentando e em consequência,
os protestantes que habitavam a Europa Central, temerosos, começaram a fugir,
também, e optaram por descer os Pirineus em busca dos campos portugueses ou
mesmo da possibilidade de alcançarem o Oceano Atlântico que não possuía, ainda, muitos atrativos para os perseguidores, na
direção do Além Mar.
De
fato, a fuga dos evangélicos estava sendo realizada a pé, pelas montanhas, o
que era por demais penosa, cansativa e levava consigo o desejo das
desistências, convidando-os a adentrarem-se pelas fronteiras luso-espanholas,
aonde poderiam abrigar-se com maior
segurança. Essa fuga, além de
penosa, era por demais perigosa.
Foi
ai que os evangélicos foram se instalando, cansados das caminhadas quase
intermináveis, em ambientes insólitos e
irregulares do território português.
Certa
vez, visitando a Torre do Tombo, em Belém, conversei com um senhorzinho,
(suponho octogenário) ao qual questionei sobre a origem dos LEIROS. Aquele
senhor me respondeu que, segundo a tradição oral, famílias judias, descidas dos
territórios alemão e francês se fixaram na LEIRIA e, gradativamente foram se
espalhando pelo território português, à
Espanha..
Que
os patrícios daquela região, sociáveis que eram, orientaram os estrangeiros
para adotarem novos nomes e sugeriram o da província, sugerindo, também, para o
aprendizado
da língua da Península. Assim, os hotentotes foram se espalhando, e logo, logo atravessaram o Atlântico,
começando a adentrarem-se em território brasileiro, aonde hoje residem mais de
trezentos cidadãos com esse nome de família.
O PRIMEIRO “LEIROS” EM TERRITÓRIO BRASILEIRO
Deve-se a Wellington de Campos Leiros o
haver direcionado suas atenções, no campo da pesquisa, à existência de nossa
própria família, os “LEIROS”.
O patriarca da linhagem da qual
descendemos, foi nosso avô, JOÃO VITERBINO DE LEIROS, cujos dados genealógicos
vão anotados a seguir, graças ao denodo desse primo, arrojado e decidido.
Wellington nos outorgou os manuscritos
de suas pesquisas sobre os “LEIROS”, até haver chegado às suas mãos as notas do
Monsenhor Severino Bezerra, inseridas no livro “LEVITAS DO SENHOR” sobre o
assassinato do Pe. Antônio Gomes de Leiros, primeiro padre nomeado para a
paróquia de Nísia Floresta, deste Estado, perpetrado pelo fazendeiro, TOMAZ
MARINHO.
“JOÃO VITEREBINO DE LEIROS, natural do Rio
Grande do Norte, nasceu em 27 de maio de 1882, na cidade de Natal, onde veio a
falecer aos 15 de abril de 1958.
No Brasil, ao que se sabe, seus antepassados
originaram-se, pelo lado paterno, de Felipe Gomes de Leiros, oriundo de Elvas,
no Alentejo e pelo lado materno, de Gil Fernandes Fagundes, todos emigrantes
portugueses, chegados no Estado da Paraíba.
Os Fagundes eram originários de Merufe, na região
do Minho, descendentes dos conquistadores da Vila de Chaves, em Trás os Montes.
A tradição oral diz que Felipe participara da
“Batalha de Almanza”, na Guerra de Sucessão
Espanhola; que se ferira em combate e, em razão
desse fato, dera baixa e viera para o Brasil a procura de fortuna.
Na Paraíba, requerera e fora agraciado, juntamente
com Antônio Ribeiro de Oliveira com uma data de sesmaria, título nº 635, de 8
de maio de 1767, no Governo de Jerônymo José de Melo Castro, com a concessão de
terras, no sertão de Piancó, conforme faz o que ali se transcreve: “Synopsis
das Sesmarias da Capitania da Parahyba – Tomo I 1793 – às fls 181 a 182 – 1793.
Nº 316 – Sertão do Piancó-Governo de Jerônimo José de Mello Castro, Documento
datado de 08 de maio de 1767.”
Wellington nos relata, ainda, que Felipe Gomes de
Leiros, ali , no sertão do Piancó, fundara a fazenda que denominara de
“Nova-Elvas”, em homenagem à sua terra natal, no Alentejo.
Com a morte de Felipe, todos os seus bens foram
deixados para seu filho, André Gomes de Leiros.
O historiador Irineu Jofilly fez anotar em seu
livro as seguintes datas referentes à família de André Gomes de Leiros: que
casara com Brites de Oliveira, da família Oliveira Ledo, tendo com ela os
seguintes filhos: Martim Gomes de Leiros, que à época da chacina tinha 22 anos;
Justo Gomes de Leiros, com 17; Mathilde Gomes de Leiros, com 15 anos e Maria
Gomes de Leiros, com 13 anos. (Todas essas idades estão compatíveis como ano de
1793).
Tudo acontecera em janeiro de
1793. A chacina dos Leiros! Escapou dela, Martim Gomes de Leiros, pois que teria
ido à Vila de Pombal, tratar da mudança e instalação da família, quando
sobreveio o ataque dos negros chefiados por “Crauna”, neto do Zumbi dos
Palmares.
Os
anos se passaram!
Não
se tinham mais notícias dos Leiros de Piancó.
Ali
estava aparentemente encerrado o capitulo sobre a presença dos Leiros, em
território brasileiro.
Mesmo assim, as esperanças de
Wellington não haviam sido sepultadas inteiramente e ele passou a catalogar, um
a um, nossos parentes e, como num “livro de tombo”,
seguiu as anotações a partir de seus respectivos nascimentos, como um pai,
vigilante e atento.
É
bom que se registre que a ele, somente a ele, cabe o mérito de todo esse
trabalho: minucioso, cauteloso, cuidadoso e, acima de tudo autêntico, no que
diz respeito aos critérios seguidos e copiados dos que nos antecederam em
outros procedimentos do gênero.
Acrescente-se
que se deve ao primo Wellington a autorização para que pudéssemos adotar os
dados de sua pesquisa e, com eles, (aqueles dados) pudéssemos prosseguir na
tarefa anteriormente traçada.
Aqui,
nossa gratidão e nossa solidariedade!
Corria
o ano de 1833 (40 anos depois daquele fato tão triste - o massacre da família
Leiros, nos sertões do Piancó) Na paróquia de Nísia Floresta, havia sido
nomeado, para a Paróquia de Nísia Floresta, o Pe. Antônio Gomes de Leiros,
conforme registrou o Monsenhor Severino Bezerra em seu livro Levitas do Senhor.
Algo
nos despertou a curiosidade!
O
primeiro Leiros chegado ao Brasil, sendo agraciado com a “data de “sesmaria”,
de nº 635, registrada em 08 de maio de 1767,
viera de Elvas, no Alentejo, razão pela qual batizou-a com o nome de “Nova-Elvas”, sua terra natal.
Coincidência
ou não, Felipe Gomes de Leiros tinha sobrenome e nome de família idênticos ao
Pe. Antônio Gomes de Leiros.
Parece-nos que não há dúvidas quanto à
presença do primeiro cidadão “Leiros” em território brasileiro, ocorrido no
Estado da Parahyba, nos idos do séc. XVIII.
A denominação ou o título de
propriedade, “data de sesmarias”, conferido pelo reino de Portugal,
aos compatriotas que requeressem essa titularidade, permite-nos ratificar a
existência de seus titulares.
FELIPE GOMES DE LEIROS, de fato e de
direito, fora agraciado com um titulo
desses para criação de gado e plantação de subsistência.
Havendo o beneficiário denominado
aquela sesmaria como “Nova-Elvas, sua
terra natal, tal atitude vem ratificar sua procedência, tornando-se
inconfundível! Inquestionável!
Tal
designação se vê no corpo do documento referido. A sesmaria aludida está
noticiada por dois ilustres cidadãos (historiadores) Irineu Joffily e Lyra
Tavares, anotada na pág 517, no livro próprio. (Livro das sesmarias).
Não
havendo quaisquer outras notícias que mencione o nome de FELIPE GOMES DE
LEIROS, não há como contestar (por exclusão) a veracidade de sua presença como
o primeiro “LEIROS” radicado em terras do Brasil.
Narrando um “Episódio da Seca de 1.793”, um historiador da
Parayba, conta como foi invadida a Sesmaria denominada “Nova-Elvas”, pelos
quilombolas chefiados por um neto do Zumbi, da qual era titular o Sr. FELIPE
GOMES DE LEIROS.(desculpem-nos as repetições)
O
historiador narra, também, como foram mortos os familiares do proprietário, de
cujo massacre somente escapou o filho, MARTIM GOMES DE LEIROS.
Eis
as evidências! Eis as coincidências!
Resta-nos encontrar e demonstrar a existência dos liames que ligam:
FELIPE GOMES DE LEIROS (1) nascido em Portugal e falecido no no Brasil, no século
18º (no massacre já aludido) e o Padre ANTÔNIO
GOMES DE LEIROS, do qual não se dispõe da certidão de nascimento,
portanto eis as razões de desconhecer-se
sua paterenidade.
Diz
a tradição oral que a Diocese pôs obstáculos ao fornecimento das informações.
É
o que se sabe da história dessa família radicada no Brasil e que, ainda hoje, cultiva o BRASÃO DA FAMÍLIA LEIROS PORTUGUESA.
Que
esta ESTÓRIA possa transformar-se em HISTÓRIA, face às evidências.
Jansen Leiros*
Da Academia Macaibense de Letras
Da Academia Norte-rio-grandense de Trovas
Da União Brasileira de Escritores
Do Instituto Histórico e Geográfico do RN