24/08/2014

HISTÓRIA. BRASIL


60 ANOS DO SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGAS
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, sócio efetivo do IHGRN 


A Constituição de 1946 nos traz a certeza de que toda a ditadura, por mais longa e sombria, está determinada a ter um fim. E, no caso da ditadura de Vargas, pode-se dizer que a luz que se seguem às trevas foi de especial intensidade: o liberalismo do texto de 46 deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros. 
Paulo Bonavides-Paes de Andrade. História Constitucional do Brasil, 3d. Paz e Terra (Política). R.J. 1991
  Finda a ditadura getulista em 1945, em nome da democracia e ainda por força dos militares, inaugurou-se uma época de restauração da liberdade, porém ainda sob o comando de um militar – o Marechal Eurico Gaspar Dutra, “Presidente do Livrinho”, vencedor do pleito pela legenda do PSD com maioria absoluta sobre o candidato Brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN; Yeddo Fiuza do PCB e Mário Rolim Teles, do Partido Agrário Nacional. O eleito, que fora Ministro da Guerra do governo decaído e avesso ao Estado Liberal, no entanto dotou o País de uma nova Constituição, promulgada no dia 19 de setembro de 1946, restaurando os direitos civis e políticos, embora haja praticado atos típicos de um governo autoritário, pondo na ilegalidade os partidos de esquerda e perseguindo suas lideranças.
  O velho caudilho gaúcho, contudo, foi eleito para o Senado da República e trabalhou para retornar ao poder com discurso populista, logrando êxito pelo voto popular em 1951, através da legenda do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, apesar do inconformismo dos militares, suplantando os seus adversários brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), mais uma vez e Christiano Machado (PSD). Mas o seu governo não conseguiu evitar a crescente onda de denúncias, corrupção e violência e de uma oposição ferrenha do jornalista Carlos Lacerda, que terminou sendo ferido em um atentado em 5 de agosto de 1954 na Rua Toneleros, em que foi trucidado o major Rubens Tolentino Vaz, situação que se tornou insustentável e provocou o suicídio do Presidente Getúlio Vargas em 24 de agosto de 1954, gerando uma comoção geral no País, sobretudo pela divulgação de uma “Carta Testamento” de incomensurável valor para a nossa História, tendo assumido o Vice-Presidente João Café Filho, entre um interminável movimento de rebeldia política e conspiração da qual também participou, que não permitiu terminar o governo em 31 de janeiro de 1955.[1]
       A morte, contudo, não pôs fim à Era de Vagas, porquanto o seu nome, como um fantasma, continuou ressoando na política do Brasil.
 
O Brasil sem Vargas era uma incógnita eleitoral nas semanas que se seguiram ao suicídio. Alguns pensavam que Getúlio continuaria a eleger ‘post-mortem´’. O udenismo tinha esperanças de que o poder bem manipulado poderia alterar o rumo dos acontecimentos, extirpando as raízes do PTB órfão e retirando a motivação do PSD, que não se privaria das condições de se beneficiar do poder.
Claudio Bojunga. JK o artista do impossível. RJ: Objetiva, 2001

23/08/2014

O PRÉDIO DO IHGRN COMEÇA A TOMAR NOVO VISUAL
1. Climatização;
2. Pintura;
3. Colocação de letreiros em todas as fachadas;
4. Revisão elétrica;
5.  Recuperação de móveis;
6. Novo piso no salão nobre;
7. Preparação de sala para a catalogação do acervo
e recuperação de documentos.


O SALÃO NOBRE - lustres e aparelho de climatização

O SALÃO NOBRE - piso NOVO

FACHADA PELO LARGO VICENTE LEMOS, 
COM DESTAQUE PARA O BRASÃO DO IHGRN

FACHADA PELA RUA DA CONCEIÇÃO

COLOCAÇÃO DE PAINEL COM AMOSTRA DO MOSAICO
RETIRADO DO SALÃO NOBRE

CADEIRA (DANIFICADA)

CADEIRA (RESTAURADA)



JF

Notícias de Juvêncio Tassino

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

O Caixeiro era um dos nossos jornais antigos. Tinha como redator o jornalista Pedro Avelino, pai do senador Georgino Avelino. Vez por outra passo a vista nesse antigo jornal.
Foi de lá que tirei essa notícia sobre o professor Juvêncio Tassino Xavier de Menezes, natural de Imperatriz (hoje Martins). Ele foi casado com uma tia-bisavó, a viúva Thereza Maria de Jesus, irmã de minha bisavó, Francisca Ritta Xavier da Costa, que era casada com o tenente João Felippe da Trindade, meu bisavô. Esse Tassino é ascendentes dos Tassinos aqui de Natal. Segue a imagem.

domingo, 17 de agosto de 2014

Cariris ou Cararis = Um assento de praça

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Há muito que escrever sobre a História do Rio Grande do Norte, embora muitos documentos já desapareceram e outros continuam enfurnados em ambientes de pouco acesso por parte das pessoas. Quem cuida de levar mais conhecimentos para as pessoas? De quem é a obrigação? Por que todos os órgãos que detém informações da História do Rio Grande do Norte não facilitam o acesso e a divulgação desses documentos?
Encontramos muitos assentamentos de praça no IHGRN, que já deveriam ter sido  digitalizados. Nossos índios e negros, também, fizeram parte da nossa força de defesa.
Segue um assento de praça de um índio em 1699.
No documento acima está escrito, que : Manuel, tapuio forro da nação Cararis tem sua Aldeia na jurisdição da capitania da Paraíba, senta praça de soldado nesta companhia desde 22 de outubro de 1699 anos. E vence  mil oitocentos e sessenta e seis de soldo por mês, na forma do assento do Conselho da Fazenda. Lançado no livro 2º a folha 79 verso, e não vencerá mais coisa alguma. Manuel Gonçalves Branco.

Na parte superior consta que houve baixa, por ter falecido em 4 de agosto de 1706. Queiroz

sábado, 16 de agosto de 2014

Notícias do meu bisavô, cirurgião Francisco Martins Ferreira, 1872

Por João Felipe da Trindade
jfhipotenusa@gmail.com

Sempre foi do meu interesse saber o que faziam meus ascendentes. Vasculho, continuamente,  jornais antigos em busca dessas informações. Quando meu bisavô paterno Francisco Martins Ferreira faleceu, em 1877, tinha o título de tenente cirurgião. Isso me deixou inculcado. Onde ele tinha adquirido essa condição de cirurgião? Até hoje não descobri.
Recentemente, encontrei no jornal "O Assuense" notícias sobre um surto de varíola na região de Angicos, no ano de 1872.  Por essa informação fica comprovada o exercício de cirurgião, por parte do meu bisavô.

Dois indivíduos chegaram da Vila de Santa Águeda, afetados com a varíola. De imediato, com providências da policia e dos Esculápios, estabeleceu-se uma casa para servir de Lazareto.  Esses dois que chegaram em 29 de dezembro, no dia 12 do mês seguinte, já saíram curados. 
O numero de acometidos da varíola foi de sete indivíduos, três foram tratados pelo homeopata Francisco Germano da Costa Ferreira e quatro pelo cirurgião Martins Ferreira (meu bisavô Francisco Martins Ferreira). Segundo a notícia, dois desses foi tratado por estipêndio, dos quais um faleceu. Dos três de Francisco Germano, dois foram tratados por recompensa pecuniária.
A varíola desenvolveu-se,  também, na casa de João Teixeira dos Santos, atacando toda a família, em número de sete pessoas, sendo tratado pelo homeopata Francisco Germano da Costa Ferreira, gratuitamente.
No Arraial de  Gaspar Lopes, onze foram acometidos, sendo tratados pelo homeopata Domingos Antônio de Araújo, residente em Macau, mediante uma módica paga, como cita o jornal.
Em toda a região o numero de acometidos chegou a vinte e cinco.

Esse homeopata Francisco Germano da Costa Ferreira era filho de Florêncio Octaviano da Costa Ferreira e Ignez Lucania da Costa Ferreira. Casou a primeira vez com Emília Victoriana Xavier de Menezes, que faleceu de parto, com 40 anos, em 1887. Casou depois com Valeriana Maria, filha do tenente coronel João Luiz Teixeira Rola. Este último casal gerou em 1902, Wanderlinden Germano da Costa Ferreira. Francisco Germano ocupou, por concurso, o cargo de Escrivão de Órfão, Cível, Judicial e Notas, que era exercido anteriormente por seu sogro Francisco Xavier de Menezes. Wanderlinden sucedeu o pai no Cartório de Angicos.

22/08/2014

DIA DO FOLCLORE





Santiago discípulo de Jesus
José Eduardo Vilar Cunha
Jornalista e escritor
Em Santiago de Compostela tive a oportunidade de observar nos peregrinos, após longas e exaustivas caminhadas, a emoção que eles demonstravam, ao avistar na entrada da “Plaza do Obradoiro” a gloriosa catedral de Santiago. A nitidez resplandecente em suas faces sinalizava um sentimento de fé, de esperança, que fluía de uma maneira sublime, irradiando luz e iluminando todos nós, cristãos.

A história nos reporta que Santiago Maior, um dos doze discípulos de Jesus, após a sua crucificação, viajou para a região da Galícia, península Ibérica, cujo intuito era divulgar as mensagens do Mestre. Passaram-se anos e ao retornar a Palestina, o apóstolo foi decapitado, por ordem do rei Herodes Agripa e, em seguida, o seu corpo foi lançado às feras, dilacerado foi piedosamente recolhido pelos discípulos Teodoro e Atanásio.

Conta à lenda que Santiago foi colocado em um ataúde de pedra e transportado em um navio de volta às terras ibéricas sendo sepultado na cidade de Iria Flavia.

Um monge denominado Pelayo, por volta do ano 813, isolou-se em um bosque para viver como eremita. Certo dia, ele vislumbrou uma chuva de estrelas cadentes e seguindo aquele fenômeno, deparou-se com um antigo cemitério. Para aquele fenômeno denominou de "campo de estrelas", que em latim chama-se campus stellae, daí a origem da palavra Compostela, todavia, existem muitas outras versões para o nome Compostela.

  O bispo galego Teodomiro informado do ocorrido, dirigiu-se ao local e verificou que havia um sepulcro de pedra com inscrições e as identificou como sendo de Santiago Maior e dos discípulos, Teodoro e Atanásio.

O rei de Astúrias, Alfonso II, o Casto, ao tomar conhecimento da descoberta, ordenou a construção de uma capela de pedra sobre o sepulcro, no ano 829. A notícia da descoberta do túmulo espalhou-se rapidamente por toda parte, fazendo com que Compostela se tornasse um novo lugar de peregrinação da cristandade.

A invasão islâmica da península Ibérica iniciou a partir de 711 e nos séculos seguintes, os muçulmanos foram aumentando as suas conquistas na península, chegando a Santiago no ano 997. No combate contra os galegos o antigo templo sobre o túmulo de Santiago foi destruído e incendiado pelos mouros sob o comando de Abu Amir al-Mansur, conhecido como Almanzor.
  Muitos acontecimentos ocorreram naquela época, e, somente, entre os anos de 1075 a 1128 é que uma nova catedral de Compostela foi construída, justamente durante a reconquista cristã e é a que perdura até dias de hoje.

Em Compostela, participei da missa do peregrino que, normalmente é realizada ao meio dia. A catedral estava repleta de peregrinos em busca de uma benção, de uma proteção divina. Durante a celebração, realiza-se o ritual do “Botafumeiro” que é um turíbulo com muita fumaça e incenso que balança como pêndulo purificando o ambiente.
A gastronomia em Santiago é variada, apetitosa e interessante. O prato mais tradicional é o Pulpo a la Gallega, ou polvo a galega. Trata-se de um prato de polvo temperado com azeite, sal e pimenta. Os frutos do mar como mexilhões, ostras, caranguejos, camarões e lagostas, além do peixe que é de ótima qualidade, fazem parte desta culinária. Agora, para acompanhar todas essas iguarias é necessário um bom vinho galego e, não podia deixar de ser, o vinho Alvarinho branco.

21/08/2014


O GRITO DO IPIRANGA E O BRASIL POLÍTICO
Por: GILENO GUANABARA, sócio efetivo do IHGRN

            Pelos idos de 1826, foi divulgada e posta à venda nas lojas do Rio de Janeiro, sem autoria anotada, a obra cujo título era O grito do Ipiranga e o Brasil Político. Foi escrito em partes, as quais relatavam os momentos e atos que precederam a proclamação da independência; a constituinte de 1823; a influência de Domitila de Castro, amante do imperador Pedro I; a figura e os negócios escusos atribuídos a Francisco Gomes da Silva, O Chalaça; e a fartura da distribuição de títulos de nobreza a gente inculta e amoral nos negócios.

Dada a força dos relatos que continha, por ordem do imperador, a edição foi apreendida e proibida a sua leitura, sob pena de prisão. Poucos volumes salvaram-se do index e tornou-se uma das obras mais rara entre os bibliógrafos nacionais e estrangeiros. O periódico carioca A malagueta (1827) atribuía sua autoria aos três irmãos Andradas (Bonifácio, Martim e Antônio Carlos), na época em que estiveram exilados na Europa.

            Anos depois, o padre Belchior Pinheiro de Oliveira assumiu a autoria do livro, na parte relativa aos fatos da proclamação da independência. Houve também a confirmação de José Joaquim da Rocha, para quem o livro fora impresso em Paris e tivera a participação dos exilados de 1823, dentre eles os irmãos Andradas.

            Preciosa testemunha ocular dos fatos que presenciou quando da declaração da independência, o padre Belchior fez constar que, na época, era confessor e confidente de D. Pedro I, exatamente quando do percurso de volta de Santos. Encontrava-se ao seu lado, na hora em que lhe foram entregues diversas cartas: uma, das Cortes Portuguesas, que exigiam a volta imediata do soberano e a prisão de José Bonifácio; outra, do seu pai, D. João, que aconselhava obediência às leis portuguesas; outra, da Princesa que aconselhava cautela e recomendava a oitiva do seu Ministro; outra, de José Bonifácio que orientava o príncipe dos caminhos a seguir (ou a prisão ou a proclamação da independência); e uma de Chamberlain, informante do príncipe, que lhe prevenia da vitória do partido de D. Miguel em Portugal, cujos interesses eram contrários a D. Pedro I.

            Relata o padre Belchior que o Príncipe, após ler as missivas, foi tomado de súbita contrariedade, arrebatando-lhe as cartas, amarrotando-as e lançando-as ao chão. Dirigiu-se ao mato próximo, a fim de quebrar o corpo à margem do riacho Ipiranga, por força da disenteria cujas dores o agonizava desde Santos. Ao retornar do mato, compondo a fardeta, dirigiu-se ao padre relator: E agora, padre ?  A resposta imediata que ouviu: Se V. Alteza não se faz Rei do Brasil será prisioneiro e talvez seja deserdado pelas Côrtes.

            Taciturno, o futuro imperador do Brasil caminhou em direção aos cavalos, acompanhado do séquito de que compunha o Padre Belchior e outros, quando fez a revelação: Padre Belchior, eles o querem, terão a sua conta. As Cortes nos perseguem, chamam-me, com desprezo, de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações, nada quero mais do Govêrno Português. Está feita a liberdade do Brasil. Todos os presentes gritaram imediatamente Viva a liberdade do Brasil ! Viva D. Pedro.

            O recém proclamado Imperador dirigiu-se a sua ordenança e ordenou que a guarda fosse informada que acabara de proclamar a independência e a separação do Brasil de Portugal. Cumprindo a ordem, vieram os dragões em direção ao Príncipe, dando vivas ao Brasil independente, a D. Pedro e à Religião. Reunidos e do monarca ouviram o juramento: De hoje em diante nossas relações estão quebradas. Nenhum laço nos une mais !  O Príncipe arrancou do chapéu o distintivo com as cores de Portugal. Desembainhou a espada, gesto que foi acompanhado pelos demais e proclamou: - Pelo meu sangue, pela minha honra, por Deus, juro defender a liberdade do Brasil. E prosseguiu: - Brasileiros: a nossa divisa de hoje em diante será o dístico Independência ou Morte, e as nossas cores serão verde e amarelo, em substituição às das Côrtes.

            O Príncipe e a comitiva dirigiram-se para a cidade de São Paulo, onde hospedou-se na residência do capitão Antônio Silva Prado. Imediatamente, ao chegar, deu ordens a sua guarda, para ir ao ourives Lessa e confeccionar um distintivo em ouro, com as palavras Independência ou Morte. À noite, com o distintivo preso ao braço, compareceu à Casa da Ópera, vizinho ao largo do Palácio, a primeira casa de espetáculos de São Paulo. No camarote nº 11, que lhe foi reservado, o Príncipe ouviu do padre Ildefonso Xavier Ferreira a conclamação de D. Pedro ser O Rei do Brasil, com manifestação favorável do público presente.

Durante o percurso das ruas, na ida e na volta ao teatro, D. Pedro assistiu às congratulações da população que ostentava laços e fitas de cores verde e amarela, acenadas em sinal de aprovação ao Príncipe. No entanto, por medida de justificada temeridade, para com as filhas donzelas, nas ruas por onde caminhou o Príncipe, os pais de família recolhiam as moças aos seus aposentos, para que elas não ficassem à vista, tal a fama da impetuosa autoridade, em se tratando de meninas-moças.

            Dados os detalhes revelados dos momentos da Proclamação da Independência que testemunhou, esteve presente e a tudo viu, a revelação do padre Belchior, quanto a autoria de parte de O Grito do Ipiranga e o Brasis Político, afasta as dúvidas quanto a veracidade dos fatos e a verdadeira autoria de sua lavratura, na parte que lhe toca.

P E R D Ã O

H O J E