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31/08/2015

LUTA PELA DESOBSTRUÇÃO
DO CANAL DO CURURU


Claudionor Barroso Barbalho
Sócio Efetivo

Há muito a população dos municípios de Arez e Papary reclamam pela abertura do canal do Cururu ou Camurupim, esgoto das águas das lagoas de Papary e Papeba.
Com a intenção de observar e verificar a utilidade e exeqüibilidade da obra reclamada, sua Excelência o Governador Dr. Pedro Velho visitou no  sábado 13 de novembro de 1893,  a vila de Papary  acompanhado do Desembargador Ferreira de Melo, do Engenheiro Junqueira Aires, do Tenente Cícero Monteiro, Theodózio Paiva e do ajudante de ordens Joaquim Lustosa.
Na Estação  o Dr. Pedro Velho foi recebido por um numeroso grupo de distintos cidadãos que o acompanharam até a residência do Chefe Republicano José Araújo, onde ficou hospedado juntamente com sua comitiva.  Tratados com a mais cavalheirosa gentileza, os visitantes foram constantemente cercados pelo povo e por pessoas vindas dos municípios vizinhos.
No dia seguinte a comitiva governamental deslocou-se até a Barra.  Eram cerca de 40 cavaleiros:  José de Araújo e José de Góis, do município de Papary, Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão, Joaquim de Oliveira, João Joaquim de Sales, Pedro Marques de Meneses e João Pegado Cortez, todos estes de Arez, além de muitos outros.
O percurso foi feito rapidamente até a povoação de Campo de Santana, onde a comitiva se demorou por alguns minutos, antes de prosseguir a viagem até o mar, que distava cerca de quatro quilômetros.  Esse último trecho da viagem, foram feitos, uns de canoa e outros a cavalo, chegando por volta de 11 horas da manhã ao Camurupim.
Verificou-se in loco, que a barra estava quase obstruída, e o canal, que há poucos anos era largo e profundo, achava-se agora reduzido a um pequeno fio d’água.
Segundo o Dr. Junqueira Aires se, o serviço projetado for concluído, certamente irá corrigir ou atenuar a situação de perigo em que vive o município de Papary, caso contrário se a obstrução da atual barra persistir e as dunas continuarem a avançar impedindo o escoamento das águas para o mar, não tardará que todo o município de Papary seja invadido pelo crescimento do volume d’água da lagoa, que não encontrando esgoto, avançará em direção da Vila.
Da Barra do Camurupim voltaram os visitantes á Campo de Santana, onde foram cavalheirosamente hospedados pelo cidadão Acioli, abastado proprietário do lugar, e que não poupou esforços para obsequiar o ilustre governador e sua caravana.  Pelas quatro horas da tarde regressaram todos a Papary, para a residência do senhor José Araújo.
Durante o jantar, uma excelente orquestra composta de exímios e conhecidos instrumentalistas de Papary e Arez, foram cumprimentar o Exmo. Governador, fazendo-se ouvir um belo repertório magistralmente executado.  Os músicos de Arez foram levados por João Pegado Cortez, que era o chefe político de maior expressão na região naqueles tempos.
Na manhã seguinte regressaram os viajantes para a Estação de São José de Mipibu, onde tomaram o trem de volta para a capital.





29/08/2015

A CASA DA CULTURA NAIR MESQUITA

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

Permitam que o testemunho evocativo presida as minhas palavras.
 A casa da rua Dr. Francisco da Cruz tem a força do resgate das estações. Quantos fatos idos e vividos, quantos passos e olhares perdidos no tempo posso recolher, nos compartimentos, no jardim impregnados nas folhas, nas rosas, nas pétalas dos “dedais de ouro” ou no jasmineiro debruçado há mais de sessenta anos sobre o muro da calçada e cansado de dar boa noite? A estátua da deusa Minerva, de louça portuguesa, chantada no centro do jardim, guarda sobranceira a beleza e o perfume das rosas. Mas a maior e mais antiga delas encantou-se. Deixando-a de cultivá-las associou-se, agregou-se a elas através do doce mistério contemplativo das manhãs, das repetidas manhãs de ressurreição, de que nos falou o escritor Nilo Pereira.
Câmara Cascudo, disse, certa vez, imerso nas brumas dos oitenta anos, que “era uma saudade em vida agarrada ao sonho de continuar a viver”. Não há força mais dramática na passagem do ser humano pela vida do que a do senso trágico da sua própria brevidade.
A residência em foco remonta ao final do século dezenove para o início do século vinte, quando foi adquirida pelo comerciante Alfredo Adolfo de Mesquita, filho de Manoel Carneiro de Mesquita, oriundo do estado da Paraíba. Alfredo Adolfo de Mesquita, meu avô, além de agro-pecuarista, proprietário das fazendas Arvoredo, Telha e Lamarão, exerceu atividade comercial em Macaíba no ramo de lojas de roupas, calçados e bijuterias, bem assim em Natal à rua Dr. Barata (Natal Modelo e Casas Rubi) na avenida Rio Branco.
Do seu casamento com Ana Olindina de Mesquita, da família Baltazar Marinho, nasceram José, Alfredo, Amélia, Vicente, Paulo e Nininha. Em 1929, Alfredo Adolfo de Mesquita faleceu, sendo sucedido nas atividades pelos filhos, como também na política.
Neste casarão residência, no dia 30 de maio de 2001, celebrou-se o centenário de nascimento de Nair de Andrade Mesquita, pois a história dele é a história da família durante todo o século vinte. Ela foi a heroína política anônima, ainda crédula na grandeza do último milagre do velho PSD dos anos cinquenta, revivendo e reinventando as recordações limpas e as ilusões legítimas que um dia viajaram com ela.
Por último, cabe assinalar que esta construção, passarela permanente de notáveis e de humildes, sempre esteve aberta para receber o povo, ao longo de todo esse tempo. Ela se tornou uma referência, uma tradição dentro da história política, social e cultural de Macaíba. A partir de agora, como sede da Casa da Cultura preserva a memória e abriga as manifestações culturais do povo, dos estudantes e dos artistas da terra de Auta de Souza. Foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte, por decisão do Conselho Estadual de Cultura e do governo do estado, em 16 de setembro de 2005 (decreto nº 18.515).


(*) Escritor.

28/08/2015


AMIGO EXISTE, SIM SENHOR!

* Adalberto Targino

 

A solidão tem sido a fera voraz a espreitar o homem contemporâneo, que, mesmo cercado de uma multidão, se sente cada vez mais sozinho e isolado...

O egoísmo, o narcisismo, a inveja, o individualismo e a egolatria fazem de certos indivíduos espantalhos humanos, os quais, mesmo frequentando clubes, templos e partidos políticos, continuam prisioneiros de si mesmos, pelo simples fato de buscarem receber sempre e nada retribuírem.

Alguns, lamentam: “não existe amigo”. Porque, no seu egocentrismo, esquecem que o único método de ter um amigo leal é ser um. Como São Francisco de Assis, é dando que se recebe. Doando-se com humildade e simplicidade, sem esperar nada, é que se recebe a dádiva do sentimento do querer bem sincero e até incondicional.

A Bíblia preconiza “ter um amigo é possuir um tesouro” e o dito popular ensina: “mais vale amigo na praça que dinheiro no caixa...”.

Ainda, o populacho assevera: “quem planta colhe”, significando que o solidário colhe solidariedade, especialmente quando faz sem esperar retribuição.

Jesus, o salvador-filósofo-avatar-guru-iniciado-mestre-Deus/Homem, recomendava que não haveria salvação, santidade ou nirvana sem amarmos os seres humanos como a nós mesmos. Aliás, somos partículas que se completam quando integradas a outras partículas semelhantes e ao Todo, Cosmo, Inteligência Suprema, Grande Arquiteto ou Deus.

            Entendo, inclusive com apoio científico e metafísico, que o egoísta, invejoso e odiento é autofágico, sofre mais com a felicidade alheia que com a sua própria dor, fogo que se autoconsome, vítima do efeito bumerangue, da lei do retorno e subproduto ou cinza de sua própria fogueira.

Por tudo isso, concluo que a amizade é a mão estendida sem perguntas; é crença e confiança na palavra e nos atos do outro, sem julgamentos precipitados e injustos.

            Nas agruras do universo, os viajores errantes tornam menos penosa a caminhada quando encontram almas irmãs, assim como “aves da mesma espécie que sempre voam juntas...”, independentemente de sexo, raça, idade ou condição social ou intelectual.

            O bom caráter censura o amigo reservadamente, enquanto, em público, rasga elogios às suas qualidades... Nesse sentido, São Tomás de Aquino prelecionava: “o bom amigo os meus defeitos aponta para que eu os corrija; o falso amigo exalta-me indevidamente para que persista no erro e caia no lodaçal da vaidade.”

            Ser bom amigo não precisa dar a vida pelo outro, mas basta estender a mão ao companheiro que resvala no abismo ou simplesmente com ele compartilha, sem competir, com desinteresse e alegria de suas vitórias e ascensões.

            O lamentável é que muitos preferem a destruição pelo elogio fácil do que receberem críticas salvadoras e construtivas.

            Miguel de Cervantes afirmava que “é melhor perder todos os bens materiais que um amigo”. Tudo, contudo, depende do dom sagrado do perdão e da tolerância com as diferenças...

            Ademais, se a gratidão é a memória do coração, ao ingrato compete sepultá-la, já que para este tipo tudo é descartável e transitório, inclusive a amizade.

            Afinal, amigo é uma escolha personalíssima, meditada, inteligente, enquanto a família é uma imposição do destino, da sorte, de forças alheias à nossa vontade.

            Pessoa grata e sensível, gosta pela simples razão de aglutinar, de servir, de somar e convergir, mesmo sem necessidade de ninguém para o seus fins pessoais. Nesse diapasão, entendo como Confúcio que “a melhor maneira de ser feliz é contribuir com a felicidade dos outros”.

           Ainda, faço minhas as palavras do inexcedível Ministro e Escritor José Américo de Almeida, que prelecionava: “com glórias, riquezas e sucessos todos se manifestam como amigos porque, ocultando a mesquinharia da inveja, prostram-se ao poder. No entanto, o amigo verdadeiro se revela na tristeza, desacertos e pobreza”.

            Este é o caminho indeclinável da amizade pura e sincera, cuja conquista jamais pertencerá aos ressentidos, magoados e egocêntricos, que jamais “amarão o próximo como a si mesmo”.

            Nesse ritmo, é que perguntaram certa vez a Epitácio Pessoa, único brasileiro que presidiu os três poderes da Nação (Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional e Presidente do Supremo Tribunal Federal), qual o segredo do seu imenso sucesso, e ele respondeu que “tudo se devia a 50% de incansáveis dias e noites de estudo e trabalho e 50% a generosidade de amigos verdadeiros”.

            Em síntese, faço minhas as palavras do inefável Benjamim Franklin: “um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão”.

            Amigo, porquanto, para quem primeiro sabe sê-lo, existe, sim senhor.

 

* O autor é Procurador do Estado

 

27/08/2015

Família Matranhão. alguns apontamentos

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.


Este ano de 2015 é o centenário do nascimento de Djalma Maranhão. Há certo tempo, tenho recebido muitas indagações sobre a ascendência dele. Infelizmente, não tenho encontrado documentos que possam comprovar os elos entre ele e a família Albuquerque Maranhão. Há indícios dessa ligação mas não tive acesso aos registros que indiquem quem é o pai de Luiz Ignácio Maranhão, avô de Djalma e de Luiz Ignácio Maranhão Filho. Nada encontrei sobre isso nos trabalhos do incansável Câmara Cascudo. Enquanto isso, continuo pesquisando. Agora, trago alguns registros encontrados sobre alguns membros da família Albuquerque Maranhão e da família de Djalma.
De início, lembramos de dois filhos famosos de Jerônimo de Albuquerque Maranhão: Antonio de Albuquerque Maranhão e Mathias de Albuquerque Maranhão, ambos contemplados, duas vezes, com sesmarias aqui no Rio Grande do Norte, pelo pai, uma nas Salinas do Norte, 40 léguas de Natal, e a outra na Várzea de Cunhaú. Nessa família, ao longo dos tempos, muitos nomes se repetiram, gerando algumas confusões. Nas genealogias já escritas temos que Mathias gerou Affonso e Affonso gerou Gaspar.
Dos registros mais antigos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, encontramos as informações que se seguem.
Aos três de outubro de 1693, em a Capela de Nossa Senhora da Purificação, batizou o Padre Jerônimo de Albuquerque, da Companhia de Jesus, a Mathias (mesmo nome do avô) filho do capitão Affonso de Albuquerque Maranhão, e de sua mulher D. Izabel Pacheca. Foram padrinhos Pedro de Albuquerque e D. Apolônia. Do que fiz este assento, em que me assino. Basílio de Abreu e Andrade.
O capitão Affonso de Albuquerque Maranhão aparece como padrinho, aos 10 de junho de 1688, na Capela de Santo Antonio, de Bonifácio da Rocha Vieira, filho do capitão Theodósio da Rocha e de sua mulher D. Antonia; Em 3 de dezembro de 1690, na Capela de Cunhaú, o Mestre de Campo, Antonio de Albuquerque da Câmara e D. Apolônia, foram padrinhos de um filho de Lúcia de Barros; e a 30 de setembro de 1694, na Capela de Cunhaú, João de Albuquerque Maranhão foi padrinho de Domingos, filho de André Soares e de sua mulher Helena Lima.
Já no século XVIII, encontramos que: Luiza, filha legítima de Mathias de Albuquerque Maranhão, natural da Freguesia de Goianinha e de Antonia Lopes Ribeiro, natural da cidade da Paraíba, neta pela parte paterna de Feliciano de Albuquerque Maranhão, natural da Paraíba, e de Francisca Mendes da Sylva, natural da Freguesia Nossa Senhora dos Prazeres de Goianinha e pela materna de Francisco Moreira da Sylva e de Maria Páscoa de Souza, naturais da cidade da Paraíba, nasceu aos treze de março do ano de 1770, e foi batizada com os Santos Óleos, de licença minha, nesta Matriz, pelo Padre Coadjutor Bonifácio da Rocha Vieira, aos cinco de maio do dito ano; foram padrinhos o Sacristão Francisco Álvares de Mello, solteiro, e Thereza Antonia de Aguiar, filha de Cosma Damiana.  Do que mandei fazer este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande.
Na parte das patentes vamos encontrar outras informações que confirmam elos entre membros da família Maranhão.
Aos 23 de outubro de 1750, foi passada pelo capitão-mor Francisco Xavier de Miranda Henriques a Gaspar de Albuquerque Maranhão, fidalgo de Sua Majestade, neto do grande Mathias de Albuquerque Maranhão, como consta da carta, a patente de capitão-mor das Ribeiras de Cunhaú e Goianinha.
Em 20 de maio de 1785, foi passada, em Lisboa, foro de Fidalgo Escudeiro para André de Albuquerque, da capitania da Paraíba do Recife de Pernambuco, filho de Gaspar de Albuquerque Maranhão e neto de Affonso de Albuquerque Maranhão. Este André de Albuquerque Maranhão gerou um filho de mesmo nome, que participou da Revolução de 1817, tendo sido assassinado nesse mesmo ano quando estava à frente do governo do Rio Grande do Norte.
Em 1785, encontramos André de Albuquerque Maranhão como administrador dos títulos de cobrança das miunças da Ribeira de Apodi.
Em 22 de abril de 1859, nascia Firmina, filha do Doutor Antonio Felippe de Albuquerque Maranhão e Firmina Leopoldina de Albuquerque Maranhão, moradores em Belém, tendo sido batizada aos 9 de abril de 1860 em Papari, tendo como padrinhos o Comendador André de Albuquerque Maranhão e Dona Felippa de Albuquerque Maranhão Junior.
Em 27 de abril de 1860, em Papari, encontramos como padrinhos Ignácio de Albuquerque Maranhão Junior, juntamente com Dona Firmina Leopoldina de Albuquerque Maranhão.
Da família de Djalma, já encontramos os registros que se seguem.
Aos dezesseis de maio de mil novecentos e dezoito, na Sé, de minha licença, o Padre Antonio Ramalho batizou, solenemente, Cloves (Clóvis), nascido a 21 de dezembro de 1917, filho de Luiz Ignácio Maranhão e Maria Salomé Maranhão. Foram padrinhos Antonio Moreira Silva e Adélia Augusta Moreira Silva. Do que mandei fazer este termo que assino. Mons. Alfredo Pegado, encomendado da Freguesia.
Aos 12 de agosto de 1923, nascia em Ceará-mirim, Cândida de Carvalho Maranhão, filha de Luiz Ignácio Maranhão e Maria Salomé de Carvalho, tendo sido batizada  aos 25 de março de 1924, na Catedral, sendo padrinhos João Severiano da Câmara e Maria Gomes da Câmara, por seus procuradores Josué Felismino de Albuquerque Maranhão e esposa. Sobre esse Josué não encontrei maiores informações.
Aos 25 de janeiro de 1921, nascia em Natal, Luis Ignácio Maranhão, filho de Luis Ignácio Maranhão e Maria Salomé Maranhão, tendo sido batizado na Catedral aos dois de janeiro de 1922, tendo com padrinhos Dr. Alfredo Lyra e Nethercia Maranhão. Segundo esse registro, ele casou em 1956, na Igreja Santa Terezinha, com Odette Rosalli de Amorim Garcia.
Não encontrei o batismo de Djalma, nem o de Netércia. Até agora só encontrei um registro de filho de Djalma Maranhão: A dezoito de novembro de mil novecentos e quarenta e cinco, nesta matriz de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, o Reverendo Coadjutor Padre Benedito Basílio Alves batizou solenemente Lamarck, nascido a oito de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco, à rua Jundiaí, 690, residência dos pais, filho legítimo de Djalma Maranhão e de sua esposa Dária Cavalcanti Maranhão, ele funcionário público, ela doméstica; avós paternos Luz Ignácio Maranhão e Maria Salomé de Carvalho Magalhães; e materno de Augusto de Souza e Leopoldina Galvão de Souza, padrinhos Rui Moreira Paiva, comerciante, e esposa D. Maria do Carmo Almeida Paiva, Av. Rodrigues Alves, 410, e para constar mandei lançar este termo que assino. Monsenhor José Landim.
Na publicação “Personalidades da História do RN”, aparece, como um avô de Djalma, um importante senhor de engenho  de São José, Joaquim Felismino de Albuquerque Maranhão, mas nada encontrei até agora sobre esse senhor.
Este artigo será atualizado sempre que encontramos mais informações sobre os familiares de Djalma Maranhão.

AMANHÃ, DIA 28, TEM ELEIÇÃO NA ALEJURN



EDITAL DE CONVOCAÇÃO

O PRESIDENTE DA ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, para os fins de que trata o art. 21, inciso II do seu Regimento Interno, CONVOCA OS ACADÊMICOS da referida entidade para Assembléia Geral Ordinária aprazada para o dia 28 de agosto próximo vindouro, no período das 09h ás 16h, em sua sede provisória (Procuradoria Geral do Estado, sito à Avenida Afonso Pena, 1155, Tirol, nesta Capital), onde ocorrerá a eleição para as vagas das cadeiras nºs  24 e 29, cujo Patrono são os jurista LUIS DA CÂMARA CASCUDO E JOSÉ AUGUSTO B. DE MEDEIROS, e últimos ocupantes os Acadêmicos ANNA MARIA CASCUDO BARRETO E JOAQUIM SILVIO CALDAS , tendo sido deferidas as inscrições dos candidatos inscritos: Walter Nunes da Silva Júnior e Francisco de Barros Dias.
A eleição ocorrerá através do voto presencial ou por correspondência, na conformidade do regramento de que cuida a Resolução nº 02/13, de 03 de julho de 2013 e publicada no DOE nº 12.987, de 09 de julho de 2013, fls.. 26.

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José Adalberto Targino Araújo
Presidente

26/08/2015

CRÔNICAS quase AGUDAS


25/08/2015


CALVÁRIO DAS LETRAS

Valério Mesquita*

Help! De tanto esperar já nem sei mais pedir socorro em português”. Assim falou conhecido intelectual da paróquia que habitamos. Viu ao derredor tudo abandonado, sucateado. Um amigo pedira um catálogo do patrimônio cultural da cidade para um grupo catarinense que visitava Natal. Em João Pessoa, Recife e Fortaleza a agenda dos turistas fora inteiramente cumprida. A expectativa era de que na cidade dos Reis Magos não seria diferente. Alguém do Rio Grande do Norte, numa das capitais antes visitadas, fornecera algumas informações sobre os pontos culturais a serem visitados. Deve ter sido um guia turístico desinformado da realidade em que se encontram os bens culturais móveis e imóveis do Estado.
Apesar dos esforços dos órgãos de promoção cultural no enfrentamento dos problemas, não existem: dinheiro nem vontade política superior. Como explicar a sociedade e aos turistas por que o teatro Alberto Maranhão está interditado? O museu Café Filho saqueado e fechado! A biblioteca Câmara Cascudo bloqueada, palco de tantas exposições de artistas locais, além do rico acervo de coleções de obras de autores nacionais e estaduais completamente entregues às baratas? O Palácio Potengi, sede da pinacoteca precisa de uma urgente restauração, pois é cartão de visita dos que chegam à cidade! O prédio centenário  do antigo Q.G. da praça André de Albuquerque é outro que carece de cuidados e de uma conservação, tombado também pelo Patrimônio Histórico (Museu Câmara Cascudo). O Instituto Histórico e Geográfico – IHGRN, fundado em 1902, guardião de todos os documentos do Rio Grande do Norte colonial, imperial e republicano empenhou ano passado uma dotação de duzentos mil reais, obtida de emendas parlamentares da Assembleia Legislativa desde o ano passado, mas, em 2015, teve o documento legal cancelado, o que prejudicou seriamente a digitalização do imenso acervo, após a conclusão da restauração do prédio de 1906 com recursos advindos da mesma fonte. Inimaginável, tal coisa!
Para sentar com as autoridades e discutir o assunto, há quatro meses, a diretoria do IHGRN pediu uma audiência através do gabinete civil. O fato é que, até o presente dia não se recebeu nenhuma resposta, o que não condiz com o espírito e as propostas do governante, que tanta sensibilidade revelou quando implantou no Poder Legislativo o  Programa “Assembleia Cultural”, despertando na sociedade a admiração, pois estimulou a música, o folclore, a arte, a pintura e as nossas tradições culturais.
A cultura potiguar está a merecer o surgimento de vozes que despertem e unifiquem o pensamento e a ação da classe, além das entidades públicas e privadas, em defesa do patrimônio histórico, artístico, bibliográfico. Aliás, tudo isso pertence com mais legitimidade ao povo do que as instituições. Aguarda-se, igualmente, que os senhores parlamentares tomem consciência e utilizem as suas prerrogativas de representatividade porque a cultura de um povo é o que fica, quando tudo o mais passar. É do conhecimento de todos a crise econômica e financeira que se abateu também no nosso Estado. Mas, as autoridades administrativas que acolhem todos os seguimentos da sociedade, por que não consideram também dignos do diálogo, os responsáveis pelo contexto cultural? Seria a ação dos órgãos culturais uma atividade inútil e marginal? A cultura é uma atividade para sempre mendicante?

(*) Escritor

SAUDAÇÕES AOS SOLDADOS BRASILEIROS

25 de Agosto – Dia do Soldado

A data é consagrada como Dia do Soldado, exatamente o dia em que em 1803 nasceu de LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA, o "Duque de Caxias", patrono do Exército Brasileiro.

Foi um militar com uma carreira exemplar, natural da então Capitania do Rio de Janeiro, herdeiro de uma família da aristocracia militar portuguesa. 
O seu genitor também foi militar, servindo ao exército português no Brasil, que, à época do nascimento do futuro duque, em 1803, estava na iminência de entrar em estado de guerra contra as forças napoleônicas na Europa, situação que motivou na mudança da família real portuguesa para o Brasil, com a elevação do país à categoria de Reino Unido e a futura independência, em 1822, com a participação de Luís Alves.
No Brasil Imperial, sob a liderança de D. Pedro I, as forças militares também começaram a passar por uma transformação e associaram-se à figura do imperador brasileiro e às novas instituições criadas sob a égide da Constituição Imperial de 1824
No Período Regencial, quando, a partir do ano de 1838, começaram a estourar várias revoltas de teor separatista no Brasil, o Duque de Caxias já era um oficial respeitado e conseguiu uma enorme projeção por comandar exitosamente a dissipação de várias dessas revoltas.
Nesse período, especificamente no ano de 1841, Caxias recebeu seu primeiro título nobiliárquico, o de Barão de Caxias, que faz referência à cidade maranhense de Caxias, onde o exército imperial conseguiu uma de suas mais célebres vitórias. Ao longo do Segundo Reinado, Caxias teve a sua posição de nobre elevada para conde, marquês e, por fim, duque.
Além disso, Caxias foi senador do Império pelo Rio Grande do Sul, província para a qual também foi nomeado por Dom Pedro II comandante-em-chefe do Exército em operações. Nas fronteiras do Sul do país, a partir de 1852, Caxias esteve à frente das represálias contra as investidas de Argentina e Uruguai ao Brasil. 
Ao lado de outros comandantes célebres, como o general Osório, o Duque conseguiu grandes vitórias sobre as tropas do ditador paraguaio Solano Lopez entre os anos de 1866 e 1868, naquela que foi a maior guerra já vista na América do Sul, a Guerra do Paraguai.
Caxias faleceu em 1878 e até hoje sua memória é lembrada não apenas no Dia do Soldado, mas também em vários rituais e cerimônias do Exército Brasileiro, com o uso de uma réplica do seu espadim pelos oficiais formados na Academia Militar das Agulhas Negras.
*Créditos da imagem: Shutterstock e Georgios Kollidas e dados colhidos no site Brasil Escola.



DHNET, COMITÊ ESTADUAL DA VERDADE-RN E A COMISSÃO DO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE DJALMA MARANHÃO LANÇARAM DVD MULTIMÍDIA ENFOCANDO O UNIVERSO MUSICAL E ARTÍSTICO DA GESTÃO DO EX-PREFEITO DE NATAL.

Ocorreu no dia 22 de Agosto, o lançamento do DVD Multimídia DJALMA MARANHÃO – HINOS E CANÇÕES que registra o universo musical e artístico do contexto cultural da gestão do ex-Prefeito Djalma Maranhão.

O evento segue a continuidade da Coleção Memória das Lutas Populares no RN, sendo o título número 14 de uma série de publicações produzidas pela DHnet-Rede Direitos Humanos e Cultura em parceria com o Comitê Estadual da Memória, Verdade e Justiça do RN e pela Comissão do Centenário de Nascimento de Djalma Maranhão, instituída pela Fundação José Augusto.

O DVD “Djalma Maranhão – Hinos e Canções”, segundo o músico, poeta e compositor Prof. Roberto Lima, um dos participantes do disco, ...contempla o registro de diversas composições musicais surgidas na esteira da legenda “Djalma Maranhão”. São marchas, baiões, sambas, emboladas, frevos-canção, algumas paródias de autores anônimos, outras de compositores que se engajaram na trajetória política do Prefeito Maranhão.  Dosinho, Oscar Siqueira  e Jacira Costa, entre outros, são exemplo dos que participaram bem dessa fase. Dessa fileira, fizeram ainda parte vários cantores, cujas vozes ainda reverberam na memória dos que viveram aqueles anos de liberdade política e efervescência popular pré-64.  Destacaram-se, entre outros, Luíza de Paula, Clóvis Alves e, posteriormente, Fernando Towar que se iniciava com a sua voz fenômeno.
O trajeto histórico de Djalma Maranhão, no entanto, constituiu-se, a posteriori, em  fonte de inspiração para a criação e recriação da nossa arte, fazendo florescer pinturas como as de Dorian Gray, canções e poesias como, por exemplo, Chico Santeiro, poema de Deífilo Gurgel, musicado por Roberto Lima e a Ode ao Prefeito Djalma Maranhão igualmente de autoria deste último.  Vê-se o legado do “prefeito do povo” na evocação dos autos folclóricos da chamada época de Djalma Maranhão, todos resgatados nas diversas manifestações artísticas de gerações de autores.
Deste DVD, participam Fernando Towar, Clóvis Alves e Oscar Siqueira Filho, que canta, além de outras, uma composição do pai;  Ivo Shin com a sua flauta mágica, CATS na percussão e eu com as composições já citadas, voz e violão. Temos todos o mérito não de uma apresentação irretocável, mas o de registrar, com os poucos ensaios que coordenamos, as “Marchas e Canções” de eras memoráveis que povoavam lembranças privilegiadas,  mas que podem agora ser revisitadas e compartilhadas com as nossas novas gerações...”
Esse Lançamento faz parte de uma extensa programação em Homenagem ao Centenário de Nascimento desse importante militante político que terá Memorial Online; Exposição de Fotografias e Banners, presencial e virtual; Rodas de Conversa; Seminários; Sessão Solene; Cortejo Cultural; Show Musical e encerrando com a Entrega do XXI Prêmio Estadual de Direitos Humanos Emmanuel Bezerra onde serão homenageados Professores e Alunos da época da gestão do ex-Prefeito.

Maiores informações:
Contatar Roberto Monte – Tel. 3201-4359 / 3211-5428 / 99977-8702
Aluízio Matias – 98721-7705 / 99890-3861 (Também WathsApp)


23/08/2015

IHGRN

UM LIVRO PUXOU A MANGA DA MINHA CAMISA

Entre Valério Mesquita, à minha direita, e Eider Furtado

Honório de Medeiros

Em algum lugar defendi a hipótese seguinte: os livros nos procuram; engana-se quem supõe que nós os escolhemos.

Assim foi na noite em que o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, o IHGRN promoveu sua Terceira Noite do Livro, sob a liderança do seu Presidente Valério Mesquita, contando com o apoio de nomes consagrados das letras potiguares, tais como o Professor e ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Rio Grande do Norte Carlos de Miranda Gomes, o memorialista e escritor Ormuz Barbalho Simonetti, o ex-Presidente da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte Odúlio Botelho, a Presidente da Academia Cearamirinense de Letras Joventina Simões, dentre outros.

Nas mãos eu conduzia o "História e Acervo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte", obra especial de Maria Arisnete Câmara de Morais e Caio Flávio Fernandes de Oliveira, e "Audiência de um Tempo Vivido", o primeiro volume das memórias do meu querido Professor Eider Furtado, leitura que recomendo a todos, em direção ao caixa, quando fui puxado pela manga da camisa. A responsável pela organização do evento me perguntou: "conhece este?"

Era o "Patriarcas e Carreiros", de Manoel Rodrigues de Melo. Eu o conhecia, mas não tinha lido, nem o possuía. Resolvi levá-lo, em respeito à hipótese exposta acima. Afinal ele, o livro, me procurara.

Faço, aqui, um interlúdio, para registrar minha alegria em reencontrar o Professor Eider Furtado na sua habitual elegância, acuidade mental e auto-ironia sutil, marca característica sua, carregando como poucos a experiência dos seus noventa e poucos anos. Quando fiz o gesto de lhe entregar seu livro para obter o autógrafo ele me olhou e disse "veio devolver?" Ri e comentei o quanto suas aulas, na minha época de aluno, eram esperadas pela qualidade do conteúdo e de sua verve. 

Pois bem, não resisti e folheei "Patriarcas e Carreiros" tão logo cheguei em casa, altas horas. Que "patriarcas" seriam esses, dos quais se ocupou Manoel Rodrigues de Melo? Ele mesmo o diz, incidentalmente, no início da obra: o "(...) patriarca sertanejo (...) varador de sertões, fundador de currais onde mais tarde se levantariam quase todas as cidades nordestinas".

Aí está. Ele, Manoel Rodrigues de Melo, pelo que eu pude perceber ao folhear seu livro, traça perfis, levanta histórias, apresenta fatos, descreve hábitos e costumes do século XVIII e XIX e começo do século XX. E, em o fazendo, coloca à disposição dos estudiosos uma fonte de primeira grandeza para o estudo desse personagem fundamental no entendimento do nosso processo civilizatório nordestino.

A segunda parte do "Patriarca e Carreiros" é dedicada ao estudo do carro-de-boi. Pelo que eu pude entender, escrita em anos anteriores à metade do século XX, o texto é aberto da seguinte forma, dando ideia imediata da importância do estudo do seu objeto: "Nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, margem ou leito de rio, litoral ou sertão, tabuleiro, caatinga, arisco, subida, descida ou chão-de-serra, várzea ou vale, canavial ou simples roçado de algodão, baixa de arroz, de capim ou de melão, vazante, cercado, qualquer que seja o seu nome, poderá dizer que ignora a existência do carro de boi."

Um clássico, sem dúvida, que me puno por não ter lido antes, mas ao qual sou grato por ter me puxado pela manga da camisa a tempo de corrigir essa desdita. 

Assim, aos poucos, o Instituto volta a cumprir seu mister após anos de obscuridade, seja enquanto fruto da obstinação dos seus dirigentes, seja pela imanência que seu passado evoca quando se põe enquanto permanente intermediária entre livros e leitores, idéias e estudiosos, história e pesquisadores. Longa vida ao IHGRN!

Destino que se revela, também, no gesto da sua funcionária ao me alertar, no momento em que me despedia desapercebido, da Terceira Noite do Livro, para o chamado mudo que me fazia "Patriarcas e Carreiros".