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31/05/2015


   
Acla Pedro Simões Neto

 
“Sofrimento não é indiferença de Deus. Esta vida é apenas uma preparação para a outra; esta, sim, é importante. Daí, precisamos sofrer nessa existência para termos merecimento na outra.” –
Frei Damião de Bozzano - ✩ 05/11/1898 – ✞ 31/05/1997.


FREI DAMIÃO – “O ANDARILHO DE DEUS”.

Pio Giannotti nasceu na cidade de Bozzano, na Itália. Ingressou em 17/03/1911 no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Em 1918, com 17 anos, recebeu os primeiros votos, adotando o nome de Frei Damião de Bozzano. Iniciou o estudo de Filosofia, logo suspenso, em razão de convocação para o serviço militar na Primeira Guerra Mundial. Com o fim da guerra, recebeu Profissão Perpétua, jurando viver em castidade, em obediência e sem bens materiais, cumprindo as normas de São Francisco de Assis. Em 1920, depois de estudar Teologia, foi para a Universidade Gregoriana de Roma, onde concluiu os estudos em Direito Canônico e Teologia Dogmática. Em 05/08/1923, ele foi ordenado sacerdote na igreja do antigo Colégio São Lourenço de Bríndisi, em Roma.
Em 28/05/1931, partiu da Itália em direção ao Brasil, vindo como missionário para se fixar Nordeste, tendo chegado em Recife-PE, em 17/06/1931.
Sua primeira residência no Brasil, foi o Convento de Nossa Senhora da Penha, de onde seguiu para pregar as “Santas Missões”, começando no município de Gravatá-PE e, a partir dai, percorreu todo o nordeste, pregando, confessando e celebrando a Eucaristia. Convidava todos à conversão e à mudança de vida. Escreveu o livro “Em Defesa da Fé”, difundindo a mensagem que anunciava
Estabeleceu residência entre as cidades de Recife-PE, Maceió-AL e Natal-RN. No Rio Grande do Norte fez parte do primeiro grupo de frades que residiram na capital potiguar. Apesar de tudo, a maior parte do seu tempo ele passava em andanças pelas cidades nordestinas.
O povo nordestino tinha no padre Cícero um messias, creditando e afirmando a existência de milagres seus para os sertanejos. Quando o “Padim Ciço Romão” morreu (3 anos após a chegada do Frei Damião ao Brasil), essa devoção foi transferida para o frei Damião, que foi considerado o sucessor do Padre Cícero. E assim, onde ele estivesse, havia clima de festa e muita fé. O fanatismo religioso era tanto que, por muitas vezes, era comum se ouvir falar que o Padre Cícero estava vivo através do Frei Damião.
Sob esse clima, o Frei Damião, desenvolveu um estilo próprio de evangelização, com as chamadas “Santas Missões”. Eram um tempo de graça e conversão! A cidade parava para ouvir e celebrar a Palavra de Deus, proclamada pelo frade.
A Missão geralmente começava na segunda-feira, no final da tarde, quando o missionário era recebido na entrada da cidade e conduzido até a igreja matriz, onde proferia suas palavras à multidão que o esperava. À noite, rezava o terço com o povo e fazia o grande sermão, seguido da bênção do Santíssimo Sacramento. Depois, a confissão para os homens até meia-noite. Nas primeiras horas do amanhecer, por volta das 4:30 hs., com a campainha na mão, acordava os cristãos, com os brados de: “Vinde pais e vinde mães…”, chamando as pessoas para a caminhada de penitência, que antecedia o canto do Ofício de Nossa Senhora ou das benditas Almas do Purgatório. Depois havia a celebração da missa e as confissões. Frei Damião confessava mais de 12 horas por dia e celebrava com o povo o Sacramento do Perdão de Deus. 
Durante a semana da Missão, havia encontros específicos com as mulheres, com os homens, com os jovens, catecismo para as crianças, visitas aos doentes e aos encarcerados. O encerramento dava-se no domingo com a procissão dos motoristas e bênção dos automóveis pela manhã. À noite era o grande sermão com os últimos conselhos do missionário. 
Frei Damião tinha muita resistência. Até 1990, pregou nas suas “Missões” com a mesma intensidade, de segunda a domingo, de 10 de janeiro a 31 de dezembro. Arrastava multidões. Todos queriam ouvir sua voz e tocá-lo. Era querido pelo povo como um pai, um padrinho, alguém da família...
Diminuiu o ritmo quando sofreu uma embolia pulmonar. As “Santas Missões” passaram a ser apenas nos finais de semana, até o ano de 1996, quando se agravou o seu estado de saúde. A última Missão foi na cidade de Capoeiras-Pe, em fevereiro de 1997. No dia 31 de maio daquele ano faleceu, aos 98 anos de idade. O seu corpo foi enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, no Convento São Félix, no bairro do Pina, em Recife. E é lá que está o “Memorial de Frei Damião de Bozzano”, onde podem ser encontrados objetos que referem a vida do frade e onde há também o salão de apoio aos romeiros, local que, hoje em dia, é alvo de romarias todos os anos, principalmente no final dos meses de maio, período que mais acentua a lembrança do religioso. 
Em 31/01/2003 foi aberto o processo de canonização de frei Damião, cinco anos após sua morte, como determina o direito canônico. Após a licença da Igreja para iniciar os estudos, começou a fase diocesana do processo, com recolhimento de depoimentos de testemunhas que relataram milagres graças à interseção do frade. Essa fase é a mais importante do processo. Ela inclui pesquisa completa sobre vida e obras do candidato a santo.
A Igreja Católica vai investigar a veracidade dos milagres atribuídos a frei Damião para declarar o religioso como santo oficialmente. Apresentaram dezenas de testemunhos de supostos milagres, que foram ouvidos e analisados por uma comissão. Destes, 5 foram escolhidos como principais, considerados como mais significativos ao Vaticano, como prova da santidade do frei. Os relatos são mantidos em sigilo.

FREI DAMIÃO EM CEARÁ-MIRIM

Frei Damião chega pela primeira vez em CM, na década de 30, a partir dai, lidera as grandes “Missões” pelo vale, arrastando multidões. 
Guilherme Luiz Barbosa de Queiroz, no livro HISTÓRIA DA FREGUESIA DE CEARÁ-MIRIM (2007), nos relata, às páginas 49/50:
“Frei Damião de Bozano, visitava sempre o Ceará-Mirim, eram as chamadas “Missões de Frei Damião” corria gente de toda a parte; as estradas do vale criavam uma nova feição; pessoas transitando a pé o dia inteiro, conduzindo um farnel, um litro d’água e o calçado pendurado no dedo indicador. A casa do menino estava cheia, eram os compadres, as comadres e afilhados vindos para as “Missões de Frei Damião”. O menino assistia a tudo, a matriz era aberta todo o dia até altas horas da noite. Na madrugada o padre saia da igreja quase que correndo e os fiéis atrás, na mesma velocidade de passos. Durante o dia confissão auricular, as filas nos confessionários eram imensas, o frade dormia o dia inteiro, o menino não entendia como aquelas pessoas de tanta fé sabiam o momento de se ajoelhar no confessionário e o momento para sair, alguns da fila chegavam a bater nas costas, como sinal de que a demora já era grande. O menino indaga a si mesmo a respeito de penitência aplicada e do perdão, principal objetivo da confissão.
Em outros momentos quando das raras vezes que não dormia a confissão era em voz alta motivado, pela surdez do frade demonstrada pelos grosseiros conselhos e o “retire-se” em voz alta.”

NOTA: O “menino”, referido pelo escritor Guilherme Luiz, no texto, supõe se tratar dele mesmo.

Foto disponibilizada no BLOG DO WILLIAMS, referindo-se a uma visita do Frei Damião à Ceará-Mirim na década de 1930. Encontrada no do sítio:
http://williamsgomes.zip.net/arch2009-03-01_2009-03-31.html

 

30/05/2015

DOCUMENTOS ARQUIVADOS - UFRN (COMISSÃO DA VERDADE)



 


 



(ESTANTE 51)

COMISSÃO DA VERDADE DA UFRN FAZ ENTREGA PARCIAL DE ACERVO DOCUMENTAL
Por Juan de Assis Almeida, em 27 de maio de 2015.
A Comissão da Verdade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte fez, no dia 25 de maio deste ano, a entrega de parte do seu acervo documental ao Arquivo Geral da UFRN, localizado próximo ao prédio da Editora Universitária.

A transferência dos documentos do prédio da Reitoria da UFRN ao Arquivo se deu por iniciativa do presidente da Comissão, o Prof. Carlos Roberto de Miranda Gomes, em razão do processo de finalização da Comissão da Verdade, que desde dezembro de 2014, encerrou suas atividades de pesquisa, com a elaboração do seu relatório final, que está previsto para lançamento ainda esse ano.

A documentação transmitida não diz respeito a produção em si da Comissão da Verdade, mas traduz o produto das diligências em busca de subsídios e documentos que retratassem o clima de perseguição política refletida nas antigas unidades universitárias.

Grande parte do acervo constitui-se de duas unidades então mantidas pela Fundação José Augusto: a Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza (Doação realizada por meio do Ofício nº. 053/10-DG, de 25 de fevereiro de 2010, do diretor da FJA Joaquim Crispiniano Neto) e da Faculdade de Sociologia e Política (Doação realizada pelo Ofício nº. 147/2013-GE/SECULT/FJA, de 04 de março de 2013, da diretora da FJA Ivanira Machado). O acervo do jornalismo estava sob guarda do Departamento de Administração e Controle Acadêmico (DACA) da PROGRAD e o de Sociologia e Política com a Comissão da Verdade da UFRN, este último, recebido em transação comandada pelo membro Juan de Assis Almeida.
FACULDADES
A Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza foi criada pela Lei Estadual nº. 2.783, de 10 de maio de 1962 pelo então governador do Estado do RN Aluízio Alves. Pela Resolução nº. 18/1973 do Conselho Universitário passou a condição de unidade agregada à UFRN. Já a Faculdade de Sociologia e Política foi criada pelo Decreto Estadual nº. 3.871, de 15 de dezembro de 1961. As referidas unidades foram, finalmente, incorporadas pela UFRN, juntamente com a absorção do seu corpo discente e docente pelas Resoluções nº. 72/1975, 15/1976; 01/1977 e 142/1978, todas emanadas do Conselho Universitário da UFRN.