11/11/2014



MIGUELINHO – (1)


Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura

O patrimônio histórico-cultural do Rio Grande do Norte é possuidor de perfis hu­manos os mais ilustres e ilustrados: o Padre Miguelinho é um deles. Santificou-se como Mártir da Pátria. Santo e herói. Herói pela coragem e santo pela dignidade. Ninguém mais digno na sua atitude de idealista. No martírio ninguém mais corajoso.
Este, o valor da sua alma e a força do seu coração. Contudo, sobressai-lhe outros méritos incontestáveis. Um deles gerou frutos da sua inteligência: o de Orador.
No seu tempo, o discurso era, regra geral, gongórico, adornado de enfeites retóricos, períodos intercalados de transparências exclamativas, com suas expressões sentimen­tais; acentuações do que se diz, na interjeição; as apóstrofes; a exageração das propor­ções naturais, na hipérbole, etc. A tudo isto acrescentava-se o exórdio e a peroração. Hoje, tornar-se-ía cansativo e enfadonho. O nosso século é o século da velocidade, do pragmático, do objetivo. Porém, para a época era um primor literário, o gênero da orató­ria rebuscada.
O tempo atual mudou o seu aparato bombástico. O discurso dos dias presentes é mais enxuto, substantivado, objetivo. Tem visos de alocução. Mais direto, sem insinua­ções, nem arrodeios. Não se parece mais com a conferência, que precisa conferir... e sim com a palestra, simples e breve.
Diversa a época de 1817 quando a tribuna se ataviava de encantos literários. O valor conotativo da oratória era mais rico.
E o padre Miguelinho foi um grande orador, via por onde desaguava a vasta erudi­ção de suas letras clássicas. A sua Orasam Acadêmica foi um dos marcos iniciais da Universidade Brasileira, uma verdadeira Aula Magna de cultura humanista.
Diz Daniel-Rops, da Academia Francesa, que o púlpito foi implantado nas Igrejas pelos Dominicanos, em Toulouse, quando se iniciou a Pregação. São Bernardo, o mon­ge branco; Francisco de Assis; são Domingos, atraem multidões. O mais famoso des­ses pregadores - Santo Antônio de Pádua. Seguem-se são Boaventura, Thomaz de Aquino, Pedro, o Eremita... Gilbert de Nogent, Urbano II e Inocêncio III.

"Os dois Testamentos são os peitos. Pregadores, bebei!" exclamava Hildeberto... “Todos os Sermões medievais transbor­dam de vida, de matiz, e terminam com uma mensagem edificante, facilmente compreensível".

Tal a fonte que iria beber Miguelinho para tornar-se Pregador, que o foi culminando com a láurea de respeitado docente de Retórica, no Seminário de Olinda.
Como político, nas reuniões secretas que tomou parte, o verbo de Miguelinho deve ter sido inflamável como inflamável era o seu nacionalismo, o seu patriotismo, o seu idealismo. A oratória vibrante devia possuir a flama ardente de um Raul Ardent, sacer­dote, cuja "palavra era um gládio".
Além de grande tribuno foi também professor de Teologia. Foi ele um dos primei­ros a levantar a chama ardente da inteligência pátria nos currículos universitários. A História registra o seu nome glorioso de intelectual e orador com o mesmo carinho e veneração que o faz em relação ao seu martírio heróico.

A sua coragem diante dos juizes do seu julgamento traçou-lhe o tristonho fadário, mas transformado em glória. Idealismo glorioso o dos mártires heróicos!
Dando continuidade ao artigo anterio, recordando o vulto memorável do Padre Miguelinho, na passagem de mais um ano do seu martírio, pela causa da independêcia pátria, apresentamos mais alguns tópicos da sua biografia.
Miguel Joaquim de Almeida era natalense, nascido no bairro da Ribeira a 17 de novembro de 1768.
Filho legítimo de Manoel Pinto de Castro, de origem portuguesa e de d. Francisca Antônia Teixeira, natural de Natal. Seus irmãos Inácio e Manoel, sacerdotes e José Joaquim, paroquiano, e a irmã Clara. Batizado na Matriz da Apresentação, um mês depois de nascido.
Miguelinho, em plena adolescência viajou para a Capital pernambucana. Pertenceu  à Ordem Carmelita. Depois empreendeu viagem a Portugal para prosseguir nos estudos religiosos e literários, lidando com inúmeros intelectuais lusitanos e brasilieiros, dentre sacerdotes eleigos.
Em 1800, aos trinta e dois anos, requereu a chamada secularização, deixando de ser frade para torna-se padre, condição que permaneceu pelo resto da vida.
Como foi dito no artigo anterior, tornou-se aplaudido orador sacro, lecionando Retórica no Seminário de Olinda, quando do seu retorno ao Brasil.
Patriota convicto, assumiu destacada posição no grupo político conspiratório imbuído de idéias libertárias, fazendo parte de reuniões em Recife e Olinda.
Tomou parte do então governo Provisório, por ter sido um dos líderes da Revolução de 1817.
Após, como a História registra, o movimento foi contido pela chamada contra-revolução, tendo sido preso e fuzilado no Campo da Pólvora, na Bahia.
Teve um martírio heróico, ao assumir a responsabilidade dos atos revolucionários, livrando, assim, muitos outros adeptos do movimento político abortado.
Entretanto, esse movimento conspiratório serviu de semente que germinaria cinco anos depois, em 1822, quando brotou do solo, ainda ensanguentado, a árvore da liberdade.
A sua Estola é uma das relíquias raras guardada no nosso Instituto Histórico e Geográfico e o seu retrato, em pintura, de fina arte, do pintor Parreiras, segundo o pesquisador Cláudio Galvão, cuja criaçao deu-se na atmosfera de Paris de 1916,e que adorna uma das paredes da Presidência da nossa Casa da Memória.
Opadre Miguelinho tinha inclinaçao pelas alturas. Perseguiu sempre as realizações enobrecedoras do espírito humano, as grandes coisas, como se diz: a grandeza da Religião envolta no seu mistério imponderável, a sabedoria na arte retórica e o idealismo político, traduzido no sublime ideal pátrio. Preciosidades estas advindas da instrução intelectual sob a proteção dos valores da ética e da moral.
A sua formação educacional foi perfeita e plena, pois partiu da sua primeira idade, a primavera da vida, o que é importante, no pensar de ilustrados educadores, já que a planta tudo produz através da sua raíz.
Em respaldo a essa argumentação aduz Sêneca ser ridícula um velho estudando na escola primária. E conclui: “ao jovem compete preparar-se e ao velho realizar-se”.
Elogiável a vida de Miguelinho por ter sido plena por atividades corajosas, de disciplina espiritual e de grandeza de carater.
Em carta ao amigo Lucílio, diz o autor de “Aprendendo a Viver”, acima citado: “a vida deve ser medida pelas ações e não pelo tempo”.
Dessa passagem histórica, quase dois seculos decorridos, o Brasil se encontra com sua independência consolidada e seu potencial energético e econômico causam inveja a muitos paises civilizados, graças a têmpera de pessoas como padre Miguelinho, cuja decisão partriótica iluminou o caminho.


MIGUELINHO  -  (2)


Dando continuidade ao artigo anterio, recordando o vulto memorável do Padre Miguelinho, na passagem de mais um ano do seu martírio, pela causa da independêcia pátria, apresentamos mais alguns tópicos da sua biografia.
Miguel Joaquim de Almeida era natalense, nascido no bairro da Ribeira a 17 de novembro de 1768.
Filho legítimo de Manoel Pinto de Castro, de origem portuguesa e de d. Francisca Antônia Teixeira, natural de Natal. Seus irmãos Inácio e Manoel, sacerdotes e José Joaquim, paroquiano, e a irmã Clara. Batizado na Matriz da Apresentação, um mês depois de nascido.
Miguelinho, em plena adolescência viajou para a Capital pernambucana. Pertenceu  à Ordem Carmelita. Depois empreendeu viagem a Portugal para prosseguir nos estudos religiosos e literários, lidando com inúmeros intelectuais lusitanos e brasilieiros, dentre sacerdotes eleigos.
Em 1800, aos trinta e dois anos, requereu a chamada secularização, deixando de ser frade para torna-se padre, condição que permaneceu pelo resto da vida.
Como foi dito no artigo anterior, tornou-se aplaudido orador sacro, lecionando Retórica no Seminário de Olinda, quando do seu retorno ao Brasil.
Patriota convicto, assumiu destacada posição no grupo político conspiratório imbuído de idéias libertárias, fazendo parte de reuniões em Recife e Olinda.
Tomou parte do então governo Provisório, por ter sido um dos líderes da Revolução de 1817.
Após, como a História registra, o movimento foi contido pela chamada contra-revolução, tendo sido preso e fuzilado no Campo da Pólvora, na Bahia.
Teve um martírio heróico, ao assumir a responsabilidade dos atos revolucionários, livrando, assim, muitos outros adeptos do movimento político abortado.
Entretanto, esse movimento conspiratório serviu de semente que germinaria cinco anos depois, em 1822, quando brotou do solo, ainda ensanguentado, a árvore da liberdade.
A sua Estola é uma das relíquias raras guardada no nosso Instituto Histórico e Geográfico e o seu retrato, em pintura, de fina arte, do pintor Parreiras, segundo o pesquisador Cláudio Galvão, cuja criaçao deu-se na atmosfera de Paris de 1916,e que adorna uma das paredes da Presidência da nossa Casa da Memória.
Opadre Miguelinho tinha inclinaçao pelas alturas. Perseguiu sempre as realizações enobrecedoras do espírito humano, as grandes coisas, como se diz: a grandeza da Religião envolta no seu mistério imponderável, a sabedoria na arte retórica e o idealismo político, traduzido no sublime ideal pátrio. Preciosidades estas advindas da instrução intelectual sob a proteção dos valores da ética e da moral.
A sua formação educacional foi perfeita e plena, pois partiu da sua primeira idade, a primavera da vida, o que é importante, no pensar de ilustrados educadores, já que a planta tudo produz através da sua raíz.
Em respaldo a essa argumentação aduz Sêneca ser ridícula um velho estudando na escola primária. E conclui: “ao jovem compete preparar-se e ao velho realizar-se”.
Elogiável a vida de Miguelinho por ter sido plena por atividades corajosas, de disciplina espiritual e de grandeza de carater.
Em carta ao amigo Lucílio, diz o autor de “Aprendendo a Viver”, acima citado: “a vida deve ser medida pelas ações e não pelo tempo”.
Dessa passagem histórica, quase dois seculos decorridos, o Brasil se encontra com sua independência consolidada e seu potencial energético e econômico causam inveja a muitos paises civilizados, graças a têmpera de pessoas como padre Miguelinho, cuja decisão partriótica iluminou o caminho.




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